Os destaques do Guia dos Vinhos 2024/2025

Os destaques do Guia dos Vinhos 2024/2025

Publicado por: Guia dos Vinhos Publicado: 25/10/2024 19:18 Visitas: 391 Comentários: 0

Menos polarização, mais realpolitik

Por Ricardo Cesar

Nem o vinho escapa a esses tempos de hiperpolarização. Temos o partido dos artesanais, dos naturebas, dos tradicionais, dos modernos e das grandes marcas globais, num amplo espectro ideológico.

Mas quem se entrincheira de um lado só pode estreitar sua visão e perder boas experiências. Degustações feitas às cegas, sem saber o que provávamos, seguindo critérios isonômicos, mostraram que há excelentes representantes em todas as correntes enológicas.

Na ala dos mega produtores, por exemplo, a gigante Freixenet, que fabrica milhões de garrafas por ano, levou 94 pontos com o Cuvée DS 2017. Na mão oposta, o brasileiro Pedrucci Brut Blanc de Blanc 2023 (92 pontos) ou o argentino Weinert Carrascal Tinto 2020 (93 pontos) evidenciam que pequenas produções também entregam o que prometem. 

Vai por mim: seja pragmático e experimente sem preconceitos. Na realpolitik do vinho, o “toma-lá-dá-cá” sempre ganha de lavada.

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Suzana Barelli, Ricardo Cesar, Beto Gerosa e Marcell Miwa no evento de lançamento do Guia 2024/205, no Novotel Morumbi

Preste atenção aos brancos

Por Suzana Barelli

Avaliamos 136 brancos neste Guia. Na faixa de até R$ 100, duas garrafas conquistaram 92 pontos; na edição anterior só um vinho teve a nota máxima de 91. De R$ 101 a R$ 200, um vinho obteve 93 pontos no ano passado, contra dois, com os mesmos 93, nesta edição. Na faixa até R$ 300, foi um branco com 95 e outro com 94, no primeiro guia, contra dois com 94 agora.

As pontuações mostram que em todas as faixas de preço é possível encontrar brancos de qualidade. Mostra também a descoberta (ou melhor, redescoberta) dos brancos pelos brasileiros. Dados da Organização Internacional da Uva e do Vinho (OIV) apontam para um maior plantio de variedades brancas. E os institutos de pesquisa destacam maior venda de brancos, principalmente a partir de preços mais altos.

Na prova, percebemos que o interesse pelos brancos é proporcional à qualidade (crescente) da bebida. E sabemos que são também vinhos mais leves (que é uma tendência) e, melhor, que combinam com a nossa gastronomia.

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A acidez vive o seu momento

Por Marcel Miwa

Dos 554 vinhos que degustamos, 181 têm como origem Chile e Argentina. No Brasil, pouco mais da metade de todos os vinhos importados pertence a estas duas origens (53% – dados MDIC), ressaltando o “peso” que os países sul-americanos possuem quando se fala do gosto do consumidor.

No caso acima as aspas são mais que justas pois se há uma direção que argentinos e chilenos estão caminhando é justamente na perda de peso. A adesão ao estilo de vinho fitness ficou nítido neste ano. Este frescor e leveza nos vinhos pode ser logrado pelo ponto de maturação das uvas, pela menor extração e/ou menor presença do carvalho.

Claro que como um início de movimento existem excessos e alguns vinhos se mostraram agressivos na acidez, aresta tão complicada quanto o excesso de madeira ou concentração.

Agora, é fato que em vinhos com maior fluidez e elegância (mas não diluídos), as nuances de lugar e de filosofia de produção se tornam mais evidentes. Tal qual no universo dos cafés especiais, as variedades, origens e processamento se evidenciam em um café coado, frente a um concentrado espresso. E ambos coexistem.

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Doces e fortificados: poucos e bons

Por Beto Gerosa

Uma nova categoria foi incluída no Guia dos Vinhos desta edição: a dos vinhos doces e fortificados. São vinhos de goles minimalistas, para ocasiões especiais. Podem finalizar uma refeição ou aquecer um momento.

Aqui a máxima de menos é mais revelou-se verdadeira. Na quantidade: apenas 12 amostras foram avaliadas. Na diversidade: cinco países estão representados: Portugal, Espanha, Argentina, Chile e França. Na variedade: uma múltipla palheta de estilos: Porto, nas categorias LBV, Tawny e Branco; Moscatel, Late Harvest e Jerez. Na qualidade: todos os vinhos receberam notas acima de 90 pontos.

O porto Ramos Pinto foi o mais bem avaliado, com a maior nota do Guia na categoria: 95 pontos.

De certa maneira, a inclusão dos fortificados e doces no Guia relembra a  importância do vinho do Porto no Brasil, um  estilo muito consumido no país no século passado e que volta a crescer, assim como a própria história do vinho.

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