Riesling, entre o amor e o ódio dos consumidores

Riesling, entre o amor e o ódio dos consumidores

Publicado por: Marcel Miwa Publicado: 09/10/2023 10:33 Visitas: 384 Comentários: 0

A variedade alemã, comercialmente, nunca navegou em águas calmas. Entretanto os dois vinhos brancos com as melhores pontuações no Guia dos Vinhos são… rieslings!

A variedade branca mais representativa da Alemanha parece sofrer uma síndrome parecida com a da economia brasileira, por vezes decolando mas nunca se sustentando. A Master of Wine britânica e uma das vozes mais influentes no mundo do vinho, Jancis Robinson, escreveu em março deste ano que acredita que levará todo o seu discurso sobre os méritos da riesling para o túmulo.

“A riesling consegue transmitir o terroir de forma mais sensível que qualquer outra variedade branca… ela consegue entregar muito sabor, com pouco álcool e por isso funciona tão bem com comida… e seus vinhos podem evoluir tão longamente quanto um grande cabernet sauvignon” Ainda assim, a comunicadora revela a decepção por levantar a bola da casta por mais de 35 anos mas a tendência nunca vingou no cenário global.

O motivo apontado por Jancis é um tal de TDN (trimetil-dihidronaftaleno, mas usem a sigla com moderação, sob pena de serem inscritos no cadastro dos enochatos). Este composto é o responsável por alguns aromas que justamente fazem da riesling tão amada e odiada. Notas de querosene, combustível, fluído de isqueiro, os tais aromas petrolados são algumas das referências que podem surgir das taças de riesling*.

Convenhamos que à primeira vista (ou aspirada) não parecem aromas apetecíveis, mas quando em conjunto com os cítricos e florais formam um combo único em um vinho. E mesmo entre os entendidos o tema não é pacífico. Michel Chapoutier, renomado produtor do Rhône e que trabalha com a variedade alemã em seus projetos na Austrália, França (Alsácia) e Alemanha, bradou em 2011 que os aromas petrolados são defeitos do vinho, e não qualidade. Segundo o produtor isso se deve a uma prensagem desleixada da uva, que tem sua estrutura vascular rompida liberando os precursores desses aromas.

Outro especialista, o cientista Jamie Goode, buscou a explicação nos extremos climáticos, notando que o stress provocado pela falta de água e pelo excesso de sol incentiva o surgimento dos precursores aromáticos do TDN.

 

Seja mocinho ou vilão, um exemplar do Mosel e um da Alsácia foram muito bem classificados nesta edição do Guia dos Vinhos, confirmando que bons rieslings não se fazem apenas com notas minerais. 

*não confundir com a Riesling Itálico (ou welschriesling), popular no Brasil e bastante utilizada nos espumantes..

Tags: riesling, Mosel, Alsácia, Guia dos Vinhos, Marcel Miwa

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