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Le Vin Filosofia

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De onde vem o cabernet chileno?

É em Puente Alto que nascem três dos grandes tintos do país e que têm a cabernet sauvignon como uva principal: o Almaviva, o Viñedo Chadwick e o Don Melchor

O Alto Maipo, próximo à Cordilheira dos Andes, é o terroir ideal para a cabernet sauvignon no Chile. É em Puente Alto, um pequeno terroir nesta região, que nascem três dos grandes tintos do país e que têm a cabernet sauvignon como uva principal: o Almaviva, o Viñedo Chadwick e o Don Melchor. Estes três vinhos dão o norte à variedade no país andino e ajudam a explicar porque ela é a cepa mais plantada no país, responsável por 30% dos 130 mil hectares de vinhedos do país.

Porém, cada vez mais, o Alto Maipo vem dividindo espaço para outras regiões como referência de terroir para a cabernet sauvignon. Recentemente me surpreendi com a complexidade do Cuvée 2021, um cabernet sauvignon premium da De Martino, com vinhedos na Isla de Maipo, região que fica entre as cordilheiras da Costa e dos Andes.

O enólogo Eduardo Jordan, que elabora um cabernet sauvignon com vinhas centenárias, em Curico Foto: MAULEFILMS

Em um solo de areia e cascalho (a cabernet adora cascalho, o que explica o seu sucesso em Bordeaux), o Cuvée, posicionado como o vinho premium da vinícola, é vendido por R$ 1.399, pela Berkmann Brasil. O preço assusta, mas vale pensar que o aprendizado das vinícolas com os seus vinhos premiuns geralmente segue para as linhas mais simples, melhorando a qualidade geral da vinícola.

Nesta semana, o enólogo Eduardo Jordan, responsável pelos vinhos andinos da vinícola espanhola Miguel Torres, abriu no Brasil uma garrafa do Manso de Velasco 1995, elaborado com cabernet sauvignon de um vinhedo centenário em Curicó, no sul do país. Feito numa época em que o Chile ainda não tinha muito conhecimento de seus vinhedos –, o tinto apresentava todas as boas notas de evolução na garrafa, com muito frescor, mostrando que não é apenas no Alto Maipo que a variedade pode envelhecer bem. A safra atual, a de 2018, é vendida por R$ 599, na Qualimpor.

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Dois outros vinhos exemplificam esta proposta de encontrar outros terroirs para a cabernet sauvignon e, inclusive, outros estilos de vinho com a variedade. Um deles é Viñedo Los Compadres 2018 (R$ 318, na World Wine), com uvas em um solo granítico no Maule. É elaborado por Francisco Baettig, hoje com seu projeto próprio e consultor dos rótulos premiuns da Chadwick.

Outro cabernet que ficou na minha lembrança vem de uma vinha de 125 anos em Ranquil, em Itata. É um projeto da Morandé, que o enólogo Ricardo Baettig (irmão de Francisco) ainda reluta em lançar. Mas que me chamou atenção pela força das notas frutadas, em um estilo diferente dos cabernets que estamos acostumados. E estes são apenas alguns exemplos, que mostram que não deve ter um estilo de cabernet no Chile, mas muitos.

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