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Suzana Barelli

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Le Vin Filosofia

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Nos brancos, dê uma chance para a alvarinho

Estudo da OIV aponta para crescimento do consumo dos vinhos brancos e rosés, e a uva da Península Ibérica é uma boa opção

No final do ano passado, a poderosa OIV, a Organização Internacional da Uva e do Vinho, publicou estudo registrando a tendência de crescimento dos vinhos brancos e rosados, em oposição aos tintos, que estão em queda. Segundo a OIV, o aumento do interesse pelos brancos, principalmente, reflete uma mudança das preferências dos consumidores nas últimas décadas.

Os números revelam este aumento. A produção de vinhos brancos cresceu 13%, entre 2003 e 2021 no mundo. Itália, com o prosecco, EUA, África do Sul e Austrália são os países que impulsionam esta alta na elaboração dos brancos. Enquanto seu consumo cresce principalmente nos Estados Unidos, na Alemanha e no Reino Unido. Entre os produtores, o Chile é o país que mais aumentou, proporcionalmente, a elaboração de brancos, seguido pelos EUA e pela Itália.

ESPUMANTES E PROSECCOS

Esse estudo da OIV analisa a produção e o consumo por países (o Brasil não aparece aqui, infelizmente), mas não indica quais as variedades estão em alta. Dá a pista apenas que o aumento dos brancos é impulsionado pelo interesse crescente pelos espumantes, principalmente o prosecco.

Estudo dá dicas de que o aumento dos brancos é impulsionado pelo interesse crescente pelos espumantes Foto: Fernando Sciarra/Estadão

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Isso indica o maior cultivo da glera, como a variedade prosecco foi rebatizada na batalha dos italianos para ter um nome exclusivo para o seu espumante do Vêneto (até 2009, a variedade era chamada mundialmente de prosecco e os vinicultores de qualquer região podiam usar este nome nos seus espumantes). E também da chardonnay, uva de origem francesa quase onipresente na maioria dos espumantes brancos ao redor do mundo. Dos champanhes aos espumantes brasileiros.

APOSTA NA ALVARINHO

O estudo da OIV indica também o aumento do consumo dos chamados brancos tranquilos, que correspondem aos vinhos sem borbulhas. Há uma lista enorme de uvas brancas que vem gerando vinhos interessantes e surpreendentes na taça. Mas, aqui, gostaria de chamar atenção para a alvarinho. É uma uva originária na Península Ibérica, e chamada de albariño no lado espanhol da fronteira. Tem nas notas cítricas, no corpo mais presente e em uma acidez refrescante as suas principais características.

Nas décadas recentes, a variedade ganhou fama, começando com o trabalho pioneiro do produtor português Anselmo Mendes. Na região de Monção e Melgaço, no norte de Portugal, ele foi o primeiro a mostrar o seu potencial, seja em brancos mais simples, vinificados em tanques de inox, seja naqueles mais elaborados, fermentados junto com suas cascas ou com passagem em barricas de carvalho (seus vinhos são importados pela Decanter).

NOVOS TERROIRS

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A alvarinho brilha também em outros terroirs. Pode ser considerada a uva branca do Uruguai, fazendo par com a tinta tannat. Há diversos estilos no país, dos albariños (como a variedade é chamada por lá) da Bouza, vinícola pioneira em apostar na variedade em terras uruguaias (também importados pela Decanter); aos albariños focados no seu microterroir, como o single vineyard da Bodegas Garzón (trazidos pela World Wine). E os surpreendentes rótulos da Compañia Uruguaya de Vinos de Mar, projeto dos argentinos Michelini i Mufattoia em Maldonado (Vinoterra).

E até no Brasil a variedade vem despontando. Entre eles, tem o da Quinta da Neve, em Santa Catarina, e também os elaborados em terras gaúchas, como o Hermann e o da Miolo. Recentemente, a pequena Tenuta Foppa & Ambrosi lançou o Brazilian Collection Alvarinho (Vineria 9). Vale dar uma chance para a variedade.

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