Na badalada premiação dos melhores restaurantes do mundo de 2022, que é o tema da semana no mundo gastronômico, uma categoria chamou atenção para quem acompanha o mercado do vinho. Pela primeira vez, o ranking 50 Best premiou um sommelier. O eleito foi o catalão Josep Roca, responsável pela carta de vinhos (e também de drinques) do El Celler de Can Roca.
O restaurante dos irmãos Roca, localizado em Girona, Espanha, não entra mais na premiação do 50 Best, por já ter conquistado o primeiro lugar em 2013 e 2015. Mas seus vinhos são um dos grandes destaques – seja na imensa carta, mas também no menu harmonizado.
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Estudioso do tema há mais de 40 anos, Josep, o segundo dos três irmãos Roca, faz um importante trabalho de traduzir as características de um vinho e sugerir as harmonizações gastronômicas. Uma visita à sua adega, que não raro ele convida os comensais, é daqueles programas imperdíveis. Além de garrafas – há rótulos ícones nas prateleiras –, Roca utiliza música e imagens para traduzir ao visitante as sensações que os vinhos podem causar. A premiação do Celler de Can Roca leva a pergunta de como são os vinhos no melhor restaurante brasileiro nesta premiação. Em 7º lugar na lista, o paulistano A Casa do Porco, de Janaína e Jefferson Rueda, começa a sua carta com os rótulos brasileiros, o que mostra uma filosofia de valorizar os produtores locais.
Vinícolas como a gaúcha Cave Geisse, que faz um espumante exclusivo para o restaurante, com a uva cabernet sauvignon, o pet-nat (espumante de uma única fermentação) da Vivente, os badalados rótulos da Era dos Ventos, o cabernet franc da Pardinho (o mesmo dos queijos) e o laranja da Quinta do Museu, elaborado com a aromática uva gewurztraminer, são alguns exemplos de rótulos em destaque na carta.
Mas não são apenas os vinhos que brilham nas sugestões de harmonização do restaurante que tem a sócia Janaína como uma profissional que passado no mundo dos brancos e tintos e que assina a seleção de rótulos do restaurante. A carta conta com sidra (o fermentado de maça), com hidromel, esse elaborado com abelhas jataí (sem ferrão) e infusões com ervas do sítio Rueda, por exemplo.
Mais que isso: os menus harmonizados exploram outras bebidas alcoólicas, como os licores, elaborados por Janaína também no sítio de propriedade da família. No Menu da Roça para o Centro, oferecido durante o inverno, por exemplo, os pares gastronômicos vem com drinques a base de vermute, gim ou uísque. Um exemplo são os embutidos curados e cozidos, com salaminho, mortadela Porco Real, guacialle e caldo de legumes tostados que combina com o vermute de jabuticaba feito pela chef Janaína.
Os vinhos importados entram na segunda metade da carta, que tem o total de 44 rótulos, além da seleção de sete jerezes em taça. E para quem valoriza esta área, a categoria de melhor sommelier também estará na premiação dos melhores restaurantes da América Latina.