Não há dúvidas de que o branco será o vinho do verão. Se não bastasse a previsão de dias cada vez mais quentes, há a tendência mundial do aumento do consumo de vinho branco. Este interesse reflete, primeiro, nas variedades brancas mais conhecidas pelos consumidores e, aqui, a chardonnay e a sauvignon blanc, as duas uvas de origem francesa, ganham destaque – um exemplo está na procura recorde pelos vinhos de Chablis, região ao norte da Borgonha, em que a chardonnay reina em vinhedos e faz sucesso com os consumidores principalmente nas faixas de preço mais altas.
Mas isso permite também explorar a enorme variedade de uvas brancas cultivadas nos vinhedos mundo afora, em seus vinhos de aromas e sabores únicos. Na falta de um dado oficial sobre a quantidade de uvas apropriadas para elaborar vinho no mundo (as chamadas vitis vinífera), pode-se estimar que metade são de brancas. Isso significaria ao redor de 5 mil variedades diferentes, aqui incluídos todos os seus sinônimos (e eles são muitos, pode acreditar).
BRANCAS AUTOCTONES
Para o número não assustar, vale saber que não chegam a 50 as variedades mais cultivadas, somando aqui as uvas originárias da Itália, Portugal e Grécia, países conhecidos pela sua diversidade de variedades autóctones. Pinot grigio, trebbiano e cataratto, na Itália; encruzado, bical e loureiro, em Portugal; ou assyrtiko e moschofilero, na Grécia, para ficar em poucos exemplos.
E isso é, também, um convite para sair da dupla chardonnay-sauvignon blanc. Em dezembro passado, por exemplo, o Paladar publicou uma degustação com 16 brancos elaborados com a viognier, variedade originária do Rhone, de perfil aromático e corpo untuoso. Entre os vinhos, o argentino Lagarde Seleccíon de Viñedos Familiares Viognier se mostrou bastante típico da variedade (R$ 176, na Ravin); o fresco Fishing Monkey Signature Viognier 2023, por R$ 145, na Winet Club; ou o complexo e clássico neo-zelandês, o Trinity Hill Viognier 2012, por R$ 396, na Premium.
ALBARIÑO OU ALVARINHO
Entre as uvas que vem se destacando, está a espanhola albariño, que é a mesma alvarinho de Portugal. Em solo brasileiro, a variedade dá origem a bons exemplos. Por ordem crescente de preço, há o Hermann Alvarinho Jovem 2024 (R$ 112,90, na Decanter.com.br), que se destaca pelas notas cítricas e pelo frescor, e, para quem procura maior complexidade, tem o Gran Cata Alvarinho 2022, elaborado pela Cata Terroirs com uvas cultivadas em Faria Lemos (RS). Fermentado em barricas de carvalho, onde fica por 12 meses, destaca-se pelas notas de frutas cítricas, pela untuosidade no paladar e pela persistência (R$ 310, na Cataterroirs.com.br).
A sémillon é outra variedade que vem chamando atenção dos produtores. A também brasileira Pizzato tem um branco muito interessante com a variedade, o Sémillon PP, com notas das chamadas frutas com caroço (pêssegos, damascos), vendido por R$ 178, na própria Pizzato. Outra opção, também na América do Sul, e o Mendel Sémillon, elaborado por Roberto de la Mota, enólogo referência no país. É comercializado por R$ 278, na Ravin.
São boas opções para quem quer explorar a diversidade das uvas brancas. E, prepare-se, a diversidade nos vinhos só tende a aumentar.