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Suzana Barelli

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Le Vin Filosofia

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Quando o vinho se alia ao chá

A harmonização de brancos e tintos com chás e infusões enriquece os aromas e sabores

Há muitas semelhanças entre o vinho e o chá. Começa com o terroir, que precisa ser propício tanto para o desenvolvimento da camellia sinensis, como é chamada a planta que dá origem aos chás, como das vinhas.

A camellia é nativa da Ásia, onde nascem os seus melhores chás. Mas ela também é plantada em outros destinos – a Gorreana, na ilha de São Miguel, nos Açores, é um exemplo. Ainda em Portugal, há a Camelia, marca de chás do casal Dirk Niepoort (produtor de vinho, no Douro) e Nina Gruntkowski, na região do Dão. E não faltam exemplos de como o vinho depende do seu terroir, palavra francesa que agrupa o solo, o microlima e a variedade cultivada.

Taninos e polifenóis

Nas semelhanças, lembra Carla Saueressig, pioneira na cultura do chá no Brasil, os dois têm taninos e polifenóis. Mais: podem ganhar complexidade com os blends. Nos chás é com a mistura de flores, frutas e especiarias às folhas da camellia; nos vinhos, com a mescla de variedades, como um merlot adicionado a um cabernet sauvignon, que depois se unem com o tempo em barrica de carvalho, ou um branco elaborado com sémillon e sauvignon blanc, para citar dois dos blends mais conhecidos no mundo de Baco.

Mas talvez a melhor semelhança entre os dois sejam os seus aromas e sabores, o que abre uma oportunidade crescente de harmonizações. “O chá darjeeling combina muito bem com um riesling”, afirma Carla, que está sempre procurando casamentos perfeitos entre as duas bebidas – ela é até professora da Associação Brasileira de Sommeliers. E acrescenta: “vinhos brancos tendem a ficar melhor com chás brancos e verdes, que são mais suaves, ou com infusões de ervas. Nos tintos, são os chás pretos, que, assim como os vinhos, têm potências diversas”.

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Em busca do blend

Na tendência de harmonizações, a vinícola Guaspari, no lado paulista da Serra da Mantiqueira, está lançando uma interessante experiência de harmonizar vinhos com chás e queijos. A proposta, em parceria com a Infusiva, empresa especializa em blends de chá, foi criar blends que combinem com os vinhos da vinícola e também com queijos – aqui, a harmonização é realizada com os produtos da Pardinho. “Fizemos os mais diversos testes para encontrar o melhor blend do chá, com flores, frutas e até especiarias, para cada vinho”, conta a sócia Juliana Zannini.

E que depois, ainda, foram harmonizados com queijos de curas diferentes. Como nas regras de combinação com os demais ingredientes, queijos mais leves tendem a combinar melhor com os vinhos mais leves e os mais curados, com os tintos.

Aqui, uma informação importante: a temperatura deve ser semelhante, assim os chás foram preparados em água fria, o que significa pelo menos 12 horas de infusão. Nas taças, provados lado a lado, o encontro de aromas e sabores das duas bebidas surpreende.

Chá, vinho e queijo

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Para combinar com o branco Vista do Bosque, elaborado com a aromática uva viognier, o blend tinha chá verde, laranjas, damascos e até cupuaçu. No Vale da Pedra, com syrah de vinhas jovens, o chá tinha ameixas, casca de cacau e baunilha. Foi uma harmonização certeira, mas o mesmo chá, quando provado com o Vista do Chá, o rótulo premium da vinícola e também um 100% syrah, não tinha a mesma graça. O vinho, mais complexo, casou com um chá preto com ameixas, pimentas e especiarias.

Para quem quiser testar, esta harmonização será realizada na Guaspari, nos próximos dias 2 e 9 de novembro, e custa R$ 428. Informações: www.vinicolaguaspari.com.br . E a vinícola. Os chás foram criados especialmente para esta harmonização e ainda não são comercializados, com exceção do chá elaborado para combinar com o vinho Vista do Chá, vendido por R$ 44,90, a embalagem com 50 gramas.

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