O Vinho de Combate, o mais recente lançamento em bag-in-box, deve não apenas chamar a atenção para essa categoria, dos vinhos envazados em embalagens de três ou cinco litros, como ajudar a vencer o preconceito sobre eles. O novo projeto leva a assinatura da sommelière Gabriela Monteleone, que tem a coordenação dos vinhos do grupo D.O.M. (leia-se Alex Atala) como seu principal cartão de visitas, em parceria com o enólogo gaúcho Luís Henrique Zanini, da Era dos Ventos e da Vallontano, e com o importador Ariel Kogan.
“A proposta é um vinho descomplicado, focado na fruta, fácil de beber e feito com uvas de pequenos agricultores da Serra Gaúcha”, explica Gabriela. As variedades escolhidas, todas viníferas, são mantidas em segredo porque, como explica a sommelière, a proposta é absorver a produção dos pequenos produtores gaúchos e não gerar uma demanda por variedades específicas. É a preocupação com os produtores e com a sustentabilidade.
A opção pelo envase em bag-in-box é para incentivar o consumo dos vinhos do dia a dia. Os Vinhos de Combate vêm em embalagens de três litros, nas opções branco, rosé e tinto. Cada um custa R$ 240, e a bag tem design criado por Pedro Inoue, com desenhos de Bruno Abatti. Surgido na década de 1960, e aperfeiçoado ao longo das décadas, a bag-in-box é formada por uma caixa de papelão e, dentro, uma sacola plástica, que vai murchando com a saída do vinho, impedindo a entrada do oxigênio, que poderia oxidar a bebida. A Austrália é, provavelmente, o país que melhor aceitou o vinho em bag-in-box e ainda atualmente grande parte do consumo local da bebida vem desta embalagem. Uma das explicações está na qualidade do vinho envasado para os consumidores australianos, o que nem sempre acontece nas versões brasileiras. Este, alias, é um conceito que o projeto de Gabriela e equipe quer mudar.
No Brasil, há preconceito com a embalagem por mais que a sua venda tenha aumentado nestes tempos de quarentena – segundo a consultoria Ideal, o bag-in-box cresceu 10% no Brasil, chegando a 2,2 milhões de litros no ano passado. Desde total, os bag-in-box envasados com vinho fino brasileiro cresceram 30%, e os importados, 21%. Caiu o consumo apenas dos bag-in-box elaborados com vinho de mesa, aqueles feitos com uvas não viníferas. Mesmo assim, a porcentagem da embalagem no mercado brasileiro ainda é muito pequena: representa 0,7% do total dos importados; 2,4% dos vinhos finos brasileiros e 0,2% dos vinhos de mesa.
Um exemplo é a brasileira Fabenne, que cresceu 315% em vendas no ano passado. “Nossa aposta é no consumo do dia a dia, num preço compatível e que traga a população mais jovem ao vinho”, afirma Adriano Santucci, que junto com dois sócios lançou o projeto em 2017. São seis vinhos, todos em embalagens de 3 litros, e que custam R$ 99 e, no caso da seleção especial, R$ 129, para o consumidor.
Inspirado na expressão italiana do “mangia che te fa bene”, a Fabenne tem uma parceria com a Cooperativa São João, de pequenos produtores, em Farroupilha (RS). Os três sócios definem o vinho junto com os enólogos da cooperativa. A bebida é elaborada e envasada no Sul e vendida pelo site www.fabenne.com, com sede em São Paulo.
O bag-in-box, ainda, deve ganhar outro impulso com a chegada da tecnologia Lekubi ao Brasil. São embalagens mais estreitas e altas, com os mesmos 3 litros, mas com a possibilidade de encaixá-las na porta da geladeira. A tecnologia, ainda, faz com que o vinho dure dois meses depois de aberto – atualmente, o bag-in-box dura um mês.