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Le Vin Filosofia

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Uma semana para entender jerez

Os apreciadores do vinho branco fortificado do sul da Espanha realizam o provavelmente mais democrático evento do mundo do vinho

Os apreciadores de Jerez, o vinho branco fortificado do sul da Espanha, realizam o provavelmente mais democrático evento do mundo do vinho. A Internacional Sherry Week, que chega a sua nona edição a partir da próxima segunda-feira, propõe que quem aprecie ou trabalhe com a bebida crie eventos para promover o jerez ao longo da semana e poste no site da associação (www.sherry.wine.com) o que está fazendo. On-line ou presencial, são degustações, aulas, encontros, formais ou descontraídos, promoções.

Um exemplo dos eventos é que o Tio Pepe, marca líder de Jerez, deve oferecer taças de cortesia em alguns restaurantes parceiros, durante a semana. A importadora World Wine, por sua vez, promove 20% de desconto nos jerezes que importa e a Belle Cave tem kits com material explicativo sobre a bebida em promoção.

Vinho branco Foto: Pixabay

O Jerez encanta os especialistas, mas nem sempre é bem compreendido pelos consumidores. Achar o Jerez difícil está muito relacionado às próprias características da bebida. Este vinho nasce de um solo único, chamado de albariza, de cor branca, tem um sistema próprio de amadurecimento, chamado de soleiras e criadeiras (como são chamadas as suas barricas, que ficam uma em cima da outra), e, entre as suas características, pode ter em estilo mais oxidativo (aquele que lembra frutas secas) ou não. A sommelière Gabriele Frizon, profissional apelidada de “a louca por Jerez” explica as bases da bebida.

O que é Jerez?

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Jerez, de forma mais romântica, é parte da história da humanidade. Pesquisadores descobriram resquícios da produção de vinho na região da Andaluzia que datam de 1.100 anos antes de Cristo. Na literatura, William Shakespeare foi um dos grandes apreciadores da bebida. Tecnicamente, é um vinho fortificado, que tem um teor alcoólico entre 15 e 20 graus, elaborado sempre a partir de uvas brancas, em uma região muito quente no sul da Espanha. Tem estilos secos e minerais, como o Fino e o Manzalina, até os muito doces, como o Pedro Ximénez. Há quem ache que Jerez é igual ao vinho do Porto, mas sua única semelhança é a fortificação (interromper a fermentação com a adição de álcool). O jerez é elaborado apenas com uvas brancas, com destaque para a palomino; pode ser muito seco e mineral, e não existe vinho do Porto com estas características. E sua doçura pode superar a do vinho português.

Quais são as uvas do jerez?

A principal é a palomino. Há a moscatel, mas cada vez se utiliza menos, e a Pedro Ximénez. Na última atualização da legislação, foram autorizadas oito novas variedades, como a mantúo castellano e a perrumo.

O que diferencia o jerez?

Depois da vinificação, o jerez é elaborado por um sistema de soleiras e criadeiras, que são barricas antigas (chamadas botas) de carvalho americano. É um sistema dinâmico de envelhecimento e isso é único. Ao longo do tempo, o vinho vai sendo misturado, passando de uma barrica para outra, ganhando sua complexidade e características únicas. O tempo mínimo deste processo é de dois anos, mas os melhores produtores nunca lançam um vinho com menos de quatro anos. E há aqueles que ficam décadas nas barricas. Os demais vinhos que passam por barricas de carvalho não têm este sistema de soleiras e criadeiras.

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O que define o estilo do Jerez?

O estilo depende do que acontece dentro da barrica. No Fino, o vinho foi protegido do oxigênio porque se formou uma camada interna na barrica, chamada de flor, e por isso ele tem estas notas de fermento, de panificação; no Oloroso, não há a proteção deste véu. No Pedro Ximénez, a uva é pacificada, fica uma semana ao sol, antes da vinificação e de ir para as soleiras.

Quais os estilos de jerez?

São vários. O Fino e o Manzanila são vinhos bastante secos e minerais. O Amontilhado é um fino que após pelo menos três anos vivendo sob a flor, perde o véu e começa a sofrer a influencia do oxigênio. O Oloroso envelhece sem a proteção do véu das leveduras e mantém esta “gordura” do álcool, é mais concentrado com o passar do tempo em barricas. O Palo Cortado é um ponto fora da curva. É um vinho que perde o seu véu ao longo do envelhecimento, recebe uma nova dose de álcool e continua a envelhecer, então com o contato com o oxigênio. Nos doces, o Cream é um pouco mais diluído do que o Pedro Ximénez, que é muito complexo em sabor, mas também muito doce.

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O que é a véu da flor?

É uma camada de leveduras que se forma naturalmente e que protege o vinho durante o seu amadurecimento. 

Por que cresce o uso de jerez na coquetelaria?

A coquetelaria é o principal mercado na atualidade para o jerez. Ao contrário dos destilados, usados nos drinques, o jerez traz suavidade e leveza para os coquetéis. Misturar apenas bebidas destiladas torna o drinque mais pesado e a coquetelaria vem caminhando para o lugar a mesa, em drinques para combinar com comida.

E os vinhos de Jerez, não fortificados? 

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Assim como toda bebida fortificada, o Jerez foi perdendo mercado. Deste de o ano passado, a legislação permite fazer um vinho tranquilo, que precisa ter pelo menos 15% de teor alcoólico natural e envelhecer por dois anos. 

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