Na última edição do Paladar (quinta-feira, 02/01/19), a matéria de capa apresentou variações para a tradicional receita do gim tônica. Tem para todos os gostos, com Jerez (sensacional!), com rum e até com conhaque. Acontece que meus leitores me enviaram uma saraivada de mensagens perguntando por que não tinha uma versão com cachaça, se não ficava bom. Minha resposta é: Sim! Fica excelente! E as versões (fizemos mais que uma!) vocês podem ver mais adiante.
Como apreciador de bons coquetéis e incentivador do uso da cachaça fui conversar com quem entende dos dois assuntos. Em uma tarde de bom papo com o bartender Laércio Zulu - ou só Zulu, como ele gosta - dissecamos todas as possibilidades que a cachaça e as tônicas oferecem.
Começamos entendendo o que é um gim tônica e o porque de seu sucesso. Segundo Zulu, o G&T nada mais é do que um clássico highball, categoria de drinques elaborados com uma base alcoólica (gim, cachaça, vodca, rum, etc,), um acompanhamento não alcoólico (tônica, água com gás, sucos, refrigerantes, etc.), cítricos e muito gelo, de preferência em um copo alto (ou highball). Simples né?
E talvez seja essa simplicidade a fórmula do seu sucesso, pois não exige ingredientes complicados e nem equipamentos específicos - é muito fácil de fazer e de beber. Além de ser refrescante e matar a sede causada por alguns alimentos mais salgados - vai muito bem com pratos e aperitivos.
Só por curiosidade, a origem do gim tônica remete a meados de 1800 na Índia, quando oficiais britânicos acometidos pela malária começaram a usar o quinino (ou quina), base aromática das águas tônicas, para controlar os sintomas da doença. Como o seu sabor é muito amargo, passaram a misturar com água com gás, açúcar e gim. Pronto! Temos o gim tônica.
Para usar a cachaça, pensamos na grande variedade de aromas e sabores que o destilado nacional nos oferece, em função da própria cana de açúcar e das dezenas de madeiras que são utilizadas para seu armazenamento, cada uma com um cheiro e um gosto peculiar. Combinado a isso temos também uma boa variedade de águas tônicas disponíveis nos principais supermercados e/ou empórios de São Paulo e outras cidades do País, cada qual também com uma característica específica. E, por fim, temos a variedade de cítricos e algumas outras frutas - como bem citou o Alê D'Agostino - que podem entrar na brincadeira. O desafio de combinar tudo isso coube ao nosso amigo Zulu, e a mim, a árdua tarefa de provar tudo isso.
Ah! E novidade! Agora no início do ano (previsto para o final de janeiro), Zulu abre seu bar em São Paulo. Em parceria com o empresário Milton Freitas, do grupo Antonieta, nasce o Candeeiro. Desde já uma promessa de bons drinques e boa comida. Carregado da brasilidade que é marca registrada do bartender. Sucesso!
Saúde!
Receitas de cachaça com tônica
Para fazer as receitas, encha um copo grande com gelo, use 60 ml de cachaça, complete com água tônica e finalize com os cítricos.
Grapia e gengibre
? Cachaça armazenada em grápia ? Gengibre (1 fatia fina) ? Capim-limão ? Água tônica Perfumado, fresco e cítrico, com o leve sabor picante do gengibre.
Pau-brasil e grapefruit
? Cachaça armazenada em pau-brasil ? Grapefruit fresco em rodela ? Limão galego seco ? Água tônica de flor de sabugueiro Leve e refrescante, combina a fruta com o leve amargor do pau-brasil.
Amburana rosé e laranja
? Cachaça armazenada em amburana ? Twist de laranja ? Água tônica rosé Fresco, com aroma marcante de laranja e das especiarias adocicadas da amburana.
Jaqueira e limão
? Cachaça armazenada em jaqueira ? Limão taiti (rodelas e twist) ? Água tônica O clássico com todo o cítrico do limão combinado com o frutado marcante da jaqueira.
Zulu também já ensinou, no Paladar, a fazer um drinque com cachaça envelhecida em bálsamo (ele usou a Anísio Santiago), limão-siciliano e bitter. Ele batizou o coquetel de Tônico do Anísio.