Vendido no ano passado para o grupo que comprou também o Starbucks, o Friday’s e o Subway, o Eataly caminha para ser cada vez menos um mercado de produtos italianos de alta qualidade e mais uma praça de alimentação – com boa comida, doces, excelentes pizzas e ampla oferta de vinhos. Essa é a aposta dos novos donos. Portanto, pode-se esperar mais inaugurações como a do Giro, que abriu oficialmente nesta segunda-feira. Primeiro restaurante de operação própria por ali, o Giro pertence ao restaurateur mineiro Felipe Santiago, dono também do Udon, Santafé e Pizzaria Olegário, em BH.
Com a consultoria do chef italiano Salvatore Loi (Modern Mamma Osteria e Ella Fitz) e Ramiro Bertassin à frente da cozinha, a nova casa é um ristobar, com pratos italianos fáceis. Tudo bem feito, bem apresentado.
Não dispense o couvert, que vem com uma deliciosa conserva de abobrinha (tão boa que pedi a receita para publicar no Prato do Dia). No almoço durante a semana, você pode escolher um prato e pelo mesmo preço ganha uma entrada e a sobremesa.
A seleção de antepastos inclui duas belas pedidas, o bocconcini de arroz – são bocadinhos de risoto com beterraba, servidos com fonduta de pecorino e pesto (R$ 48) e o tartare de filé-mignon, na verdade, mini sanduíches com crudo de filé, pistache e manteiga noisette, servido em brioche feito na casa (R$ 55). Porém a burrata de búfala (R$ 59) poderia ser repensada, apesar do charme do serviço: ela é cortada com tesoura à mesa e de dentro brotam mini mussarelas. Mas vem sobre um ninho de tagliolini frio, com um molho cremoso, salpicada com azeitonas pretas desidratadas, tomatinho confitado, pesto e raspas de chocolate branco…
Na ala das massas tradicionais, provei o tortello recheado com burrata, cogumelos shimeji e shiitake, servido com creme de batata (R$ 68) e o ótimo raviolone com ragu de vitelo. É feito com massa verde e massa branca, recheado com espinafre, queijo grana padano e gema crua, que escorre ao corte (R$ 69). Não provei, mas vi passar e deu água na boca o delicado nhoque de batata com molho de tomate, tomatinhos frescos e mini mussarelas de búfala. O melhor prato, porém, foi a “talhata” de angus. A carne em fatias grossas é assada à carvão, chega ao ponto, macia e super saborosa, acompanhada por nhoques fritos e gema mollet.
A grafia estropiada do cardápio, por sorte, não prejudica o sabor dos pratos. Mas merecia uma revisão, com opção por uma língua, seja ela italiano ou português. Talhata não existe em português (seria talhada) e nem em italiano, seria tagliata. E o que dizer da lasanhetta em vez de lasagnetta…
Serviço
Giro
Onde: Eataly - Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 1.489
Funcionamento: 12h/23h (dom. 12h/17h)