Requeijão é coisa nossa e quase todo brasileiro gosta. A ideia do produto veio da necessidade de reaproveitar o excedente da produção do leite. A primeira versão de requeijão cremoso a ir para as prateleiras dos mercados é de 1911. Era um produto mais sólido, vendido em barras, como a manteiga. O requeijão no copo de vidro, versão que reconhecemos até hoje, foi lançado só em 1955. Desde então, esse derivado do leite, cremoso por natureza e que vai bem com praticamente tudo que há na geladeira, virou o queridinho de todas as horas por estas bandas do Equador. Requeijão com frutas em calda, no pãozinho francês, no lanche da escola, na receita de torta de liquidificador, na chapa da padaria... A qualidade do produto, no entanto, vem sendo questionada nos últimos anos. Por isso Paladar convidou um time de cinco especialistas para avaliar 12 das principais marcas vendidas no supermercado - todos na versão tradicional, feitos com leite de vaca.
Nossos convidados
No time de jurados, os queijistas Falco Bonfadin @galeriadoqueijo, Fernando Oliveira @aqueijaria, Mônica Resende @mestrequeijeiro; a food stilyst Tatiana Damberg @tatudamberg e o gerente gastronômico do grupo Bráz, Rodrigo Augusto. Eles se reuniram, a convite de Paladar, na simpática casinha da @cozinhadaqueijaria, na Vila Beatriz. Ali, entre uma colherada e outra de requeijão intercaladas com fatias de maçã para limpar o paladar entre uma prova e outra, eles avaliaram quesitos com aspecto visual, firmeza da massa, aroma e sabor.
O resultado foi surpreendente na avaliação dos jurados. Alguns produtos que aparentavam ser ótimos, tinham sabor suave em demasia ou pouco atrativo. Durante o teste, falou-se sobre sabores deliciosos e também sobre outros que lembravam a gordura vegetal presente na margarina ou um amargor inadequado para o produto. Falou-se também sobre algumas marcas que tinham textura similar à da maionese, muito longe da cremosidade esperada de um requeijão.
Expectativa e realidade
Durante o teste, os jurados davam notas de 1 a 10 para cada um dos quesitos avaliados. Teve requeijão que ganhou nota 9 e requeijão que ficou abaixo da média de 5 pontos. Alguns alcançaram notas altas pelo conjunto da obra, outros foram prejudicados por alguma característica específica: muito consiste ou líquido demais, para citar um exemplo. O critério de avaliação decisivo, no entanto, era o sabor. Ao final do teste, a missão era encontrar entre as 12 marcas avaliadas, as três que mais lembrassem as origens do requeijão no Brasil: um produto com sabor delicado, textura cremosa e apresentação de dar água na boca.
Os melhores requeijões do mercado
PRIMEIRO LUGAR – CRIOULO
SEGUNDO LUGAR – AVIAÇÃO
TERCEIRO LUGAR – POÇOS DE CALDAS
As 12 marcas na avaliação dos jurados
AVIAÇÃO (R$ 14,79, o pote de vidro com 250g) O segundo colocado no ranking do Paladar apresentou, na opinião dos jurados uma textura muito similar a do requeijão artesanal, sabor agradável, aroma defumado e bom equilíbrio de acidez e sal. Alguns dos jurados, porém, acharam o produto um pouco salgado em comparação aos demais.
CATUPIRY (R$ 8,93, o pote de plástico com 200g) No quesito aparência o produto foi bem na avaliação dos jurados. Alguns apontaram o sabor como leve demais e a textura um pouco mais líquida que o desejável.
CRIOULO (R$ 15,99, o pote de vidro com 220g) O campeão do nosso teste apresentou, na avaliação dos jurados, textura perfeita, sabor suave e agradável, cremosidade na medida, leve aroma de leite e bom equilíbrio no sal. Foi o único requeijão contemplado com notas 9 na escala de 0 a 10.
DANONE (R$ 8,04, o pote de plástico com 200g) Os jurados foram unânimes na definição de um produto muito líquido para os padrões esperados. Outros pontos levantados: a quase inexistência de aroma, um sabor suave demais, com retrogosto amidoso e um resquício arenoso na língua.
DANÚBIO (R$ 12,43 o pote de vidro com 220g) Os jurados classificaram a textura do produto como muito firme, levemente gelatinosa e próxima da maionese. Também foram identificados aroma agradável, parecido com o do leite em pó, um pouco adocicado e sabor final com resquícios de óleo vegetal.
ITAMBÉ (R$ 11,09, o pote de vidro com 200g) Um produto de sabor suave, textura boa para uns e um tanto densa demais para outros e ausência de aroma. Quase todos os jurados relataram um retrogosto incômodo no final, um pouco adstringente (sensação de secura na boca).
NESTLÉ (R$ 9,04, o pote de plástico com 200g) Os jurados avaliaram a textura como muito firme, parecida com maionese, longe da cremosidade esperada de um requeijão. O sabor foi avaliado como bom, apesar do retrogosto que lembra a gordura vegetal da margarina; aroma suave e levemente adocicado.
POÇOS DE CALDAS (R$ 9,14, o pote de plástico com 200g) O terceiro colocado no ranking do Paladar apresentou textura perfeita, coloração levemente amarelada (que remete à gordura do leite), sal no ponto, bom aspecto visual. Um requeijão muito saboroso e levemente amanteigado na avaliação dos jurados.
PRESIDENT (R$ 11,46, o pote de vidro com 200g) Quase todos os jurados identificaram uma textura mais granulosa no produto de sabor suave, entre o iogurte e o creme de leite fresco. Também foi apontada certa acidez e sal um pouco acima do ponto no requeijão.
QUALITÁ (R$ 6,99, o pote de plástico com 200g) Todos os jurados identificaram um certo amargor no produto de textura boa e bom aspecto visual.
TIROLEZ (R$ 8,81, o pote de plástico com 200g) Um produto de textura mais firme do que cremosa, similar a da maionese. Sabor suave, que poderia ter mais proximidade com o do creme de leite e um bom teor de sal.
VIGOR (R$ 8,73, o pote de plástico com 200g) Os jurados entenderam a textura do produto como similar à de uma maionese firme. Um requeijão de aspecto brilhante, sabor suave e próximo do creme de leite, sal na medida certa.