A discussão do envelhecimento de vinhos é um caminho que, até o momento, tem poucas conclusões entre especialistas. É bem verdade que a maioria dos lançamentos atuais foram projetados para consumo no mesmo ano da safra, e isso acontece tanto pelos avanços que asseguram maior qualidade dos produtos quanto pela mudança do perfil de consumidores - traçado em um ritmo mais acelerado.
Há no meio enófilo o mito de que somente o tempo de evolução de um rótulo é capaz de revelar suas melhores características, mas a resposta para isso pode ser um pouco complicada. Por um lado, essa afirmação pode, sim, melhorar a experiência de um vinho, por outro, ainda existe o risco da bebida ficar senil, com sabor em declínio.
Como, então, descobrir um rótulo que valha a pena guardar e abrir só em um tempo futuro? O especialista Beto Gerosa, em matéria publicada no Guia dos Vinhos, explica que grande parte dos maiores vinhos já produzidos melhoraram com a guarda, adquirindo mais equilíbrio, maciez e harmonia, além de aromas que não eram presentes em seus anos iniciais, tornando o conjunto mais complexo.
Já em termos práticos, a conclusão mais assertiva é que, para saber se um vinho é melhor jovem ou guardado, tudo depende. Um vinho pode apresentar uma boa curva de evolução no período de 10 ou 20 anos, pelo que apontam enólogos e críticos, mas existem fatores que podem barrar esse desenvolvimento, como o risco da rolha se deteriorar e vinagrar o líquido, ou a garrafa sofrer algum dano.
Ainda, não se pode descartar a possibilidade de tudo ter cooperado para o bom envelhecimento do rótulo selecionado e, mesmo assim, o resultado não agradar o paladar de quem o consome. É uma questão de teste e experiência, que pode também surpreender positivamente.