De origem chilena, o carménère é uma variedade de vinho que surgiu ao final do século XIX e que tem algumas características semelhantes ao merlot, mas que leva um processo de maturação diferente.
Sua má fama está atrelada à alta concentração de pirazina, um composto cujo sabor remete ao pimentão, que esteve presente não apenas no carménère, mas na maioria dos rótulos de vinhos produzidos no Chile durante o final da década de 1990.
Com o passar do tempo, enólogos aprimoraram técnicas de cultivo no vinhedo, e uma delas foi reduzindo - mas não removendo totalmente - o caráter verde das uvas, resultando em melhorias significativas na bebida. É por esse motivo que o carménère chega em épocas mais recentes, como as safras de 2023, por exemplo, com aspectos mais agradáveis, como nível equilibrado de acidez, notas de frutas vermelhas e negras mescladas a especiarias no aroma e maciez no paladar, agradando muito quem o experimenta por agora, embora permaneça manchado para especialistas de longa carreira.
“Vinte anos atrás a chuva era mais intensa, o vinhedo mais jovem, a colheita era realizada em maio, usava-se muita madeira e as uvas ainda precisavam ficar expostas ao sol para mitigar a pirazina. Se não fosse feito isso, o vinho ficava intragável”, explica o enólogo Gonzalo Bertelsen em entrevista registrada na matéria do Guia dos Vinhos por Beto Gerosa ‘Carménère: o vinho que a crítica odeia e o consumidor ama’. Leia na íntegra aqui.