Inhames tropicais podem durar meses antes que brotem e sejam replantados. Mais resistentes e rústicos no cultivo que as batatas, garantiram o sustento de muitas famílias imigrantes. Um amigo, filho de holandeses, diz que não gosta nem de olhar para o inhame, tem trauma. Conta que o pai tinha cinco filhos para alimentar e o cará encontrado aqui foi um ótimo cultivo nos tempos de dureza, pois era produtivo, substancioso e durava bastante. Era servido no almoço, apenas cozido com água e sal, e depois no jantar, já transformado. As fatias cozidas, que sobravam do almoço, grudavam umas às outras, formando um bloco na panela. No jantar, era só a mãe passar uma faca em volta, desenformar, cortar com arame para fazer fatias e tostar numa chapa de ágata com óleo, sobre o fogão a lenha. A fatia dourada tinha o tamanho de uma pizza média ou do fundo da panela, e era cortada em quatro partes. No começo, a iguaria era disputada a tapa, mas com o passar dos anos, comendo inhame de dia sim e o outro também, os irmãos foram ficando mais gentis e faziam de tudo para oferecer sua parte aos demais. A avaliar a saúde e o tamanho do amigo de quase dois metros, o inhame pode ter causado fastio em tempos difíceis, mas não deve ter lhe feito nada mal. Esta foi a inspiração para as fatias de purê douradas com manteiga de alecrim e pimenta.