A conexão de Victor Alves com o teatro faz a engrenagem do Bar do Lopes, situado no número 1293 da extensa avenida do Cursino, no jardim da saúde, girar com mais tranquilidade. Todos os dentes dela se encaixam perfeitamente como acontece em uma máquina à vapor. E isso só acontece “porque tem amor envolvido”, como ele mesmo explica à esta repórter que vos fala.
O Bar do Lopes tem muitos mais anos de vida do que um dos atuais sócios, que ostenta seus 28 anos de idade e olhos em tom castanho-médio. O estabelecimento opera na mesma esquina desde 1940, e quem prosseguiu com o legado do queridinho da região foi o avô do rapaz, Antônio Alves Sobrinho, hoje aos 78 anos.
“Naquela época a vida era muito difícil. Meu avô veio do nordeste para trabalhar aqui e só voltou para a cidade dele com a vida já feita”, explica.
Dentre uma aquisição e outra de um restaurante e outro, o Bar do Lopes colocou um ponto final à vida de empresário do senhor Antônio, mas inaugurou a de Victor
Apesar da distância dos palcos, ele faz seu próprio balé quando o assunto é o atendimento. Victor acredita que a desenvoltura adquirida nos anos de estudante de teatro ajudam no relacionamento com a clientela. E faz diferença, já que todos os assíduos fregueses ele conhece de nome.
“Sempre fui apaixonado pelo teatro, acredito que a conexão com a arte nos torna pessoas melhores. Eu tranquei o curso de cênicas da USP para trabalhar aqui. Todas as contas da família sempre foram pagas por esse lugar, mas faltava alguma coisa”, afirma.
Ele se refere à modernidade. Em todos os aspectos. Desde a cozinha até a implementação do sistema de delivery, que é a principal fonte de renda da casa hoje.
“Tentei abrir a mente do Alê para colocarmos algumas notas de rodapé nos cardápios e começarmos um sistema de entregas. As explicações no menu esclarecem dúvidas dos clientes, facilita a vida e faz com que eles se sintam acolhidos”, relembra. O “Alê” de quem ele fala é Alexandre Alves, de 41 anos, o outro sócio do Bar do Lopes, e seu tio.
Bar do Lopes: Cardápio
Estratégico, o homem grisalho e perfumado que se senta à minha frente é quem toma conta das burocracias do restaurante e pensa o cardápio da casa. As referências saem de bares espalhados pela cidade de São Paulo. As apostas costumam ser cantinas tipicamente paulistanas, que é o principal estilo de comida servido no Lopes, bem como porções generosas.
“Acho que o segredo de um bom cardápio, antes de tudo, é servir tudo o que está proposto. Aqui nunca vai faltar ingrediente para nenhum prato e isso é o principal. Eu posso não conseguir servir um extra, mas tudo o que minha carta apresenta nós contemplamos”, explica.
Por falar em cardápio, o do Bar do Lopes é extenso. Típico de cantina paulistana, de encher os olhos. Quem se depara com a quantidade de pratos num primeiro momento, se assusta. Mas lá nada é por acaso.
“Sim, é bastante comprido. Mas se você prestar bastante atenção, o que muda de um serviço para o outro são as guarnições. Um filé mignon à cubana leva batatas fritas e arroz branco, as mesmas da picanha à brasileira. Para trabalhar com este tamanho de cardápio nós elaboramos esta estratégia e aqui funcionou tanto para a cozinha quanto para os clientes”, explica o empresário ao cumprimentar uma roda de frequentadores.
Com insumos frescos que chegam ao estabelecimento duas vezes por semana, o menu traduz o público que frequenta o bar: eclético e plural.
“Com as referências gastronômicas que trago de visitas e estudos, continuo querendo que meus clientes venham para o Bar do Lopes para se sentir em uma extensão de casa, sem cerimônia. Aqui eles se sentem confortáveis”, pontua.
O que comer no Bar do Lopes
A gama de opções do cardápio do Bar do Lopes contempla desde quem precisa passar para almoçar rapidamente, até grandes grupos que aparecem sem perspectiva de irem embora tão cedo.
Aos que procuram por pratos, os destaques vão para o filé mignon à parmegiana acompanhado de arroz branco e fritas (R$ 90 pequeno; R$ 140 grande). Apesar dos valores altos, vale pontuar a generosidade dos tamanhos, que contemplam de duas a quatro pessoas - ou até mesmo cinco - com folga.
O sabor pungente do molho de tomate feito na casa se mistura à carne e contrasta com o arroz branco de sabor sutil, que chega quentinho à mesa. A crocância das fritas arremata a experiência.
Outra pedida que faz sucesso entre os clientes do restaurante é o filé à cubana (R$ 90 pequeno; R$ 140 grande). Bem temperada, a peça vem acompanhada de palmito empanado, arroz e fritas. Para amarrar a refeição, que por muitos é considerada pesada, vale pedir a salada completa (R$ 32 e R$ 45).
Dentre as porções disponíveis no menu, fazem sucesso o provolone empanado (R$ 40), frequentemente encontrado nas mesas repletas de pessoas, e o frango à passarinho (R$ 38), sequinho e crocante.
Serviço
Bar do Lopes
Av do Cursino, 1293, Jardim da Saúde. 5068-0767. 09h/23h.