Qual é a melhor empanada de São Paulo? Um júri montado pelo Paladar percorreu 50 quilômetros em dois dias, provou 51 empanadas de carne, em onze endereços da capital para descobrir.
E descobrimos: ela é dobrada a mão, com o repulgue (as dobras) perfeito e vai ao forno plena, sem qualquer artifício para deixá-la dourada. Sai branquinha, com apenas alguns pontos corados. À primeira mordida, revela a massa fina, bem assada, com a base crocante, e a proporção exata entre massa e recheio. Não chega a escorrer, mas é bem úmida - jugosa como dizem os argentinos.
O sabor? É exatamente o que se espera de uma boa empanada: a carne picada na ponta de faca é temperada com bastante cebola (3 quilos de cebola para cada quilo de maminha), azeitona, ovo cozido, cebolinha, uva-passa branca, um toque de pimenta e cominho equilibrado.
Pensando em todas essas características, fizemos o ranking das empanadas paulistas, que você confere a seguir. Ele é o resultado de uma prova de fôlego, uma verdadeira maratona, feita com cinco jurados (leia abaixo). Depois, deixe sua opinião: concorda com os resultados? Quais as suas empanadas preferidas?
Ranking das empanadas
1° Martín Fierro
A empanada do restaurante da argentina Ana Massochi é fechada à mão, com a superfície corada e a base crocante, é suculenta, recheada com carne picada na ponta da faca, temperada com pimenta, cominho, e muita cebola. Tudo em perfeito equilíbrio. Venceu por unanimidade.
Preço: R$ 8,50Onde. R. Aspicuelta, 683, Vila Madalena
2° Empanadas Bar
Atraente, fechada a mão, tem recheio nota 10: úmido, muito bem temperado, com carne moída, cebolinha, bastante cebola, ovo e cominho. Só faltou um pouquinho de crocância.
Preço: R$ 10,50Onde. R. Wisard, 489, Vila Madalena
3° La Guapa
Casa da chef Paola Carosella. Aqui, a empanada é feita com banha de porco e tem a aparência perfeita: tostadinha e pequena. A massa é o ponto alto, muito crocante e saborosa. O recheio de carne pesa no cominho.
Preço: R$ 7,50Onde. R. dos Pinheiros, 248, Pinheiros (outros 5 endereços)
4° Doña Luz
Massa fininha, dobrada à moda do Chile, como envelope, é a estrela do boteco da chilena Luz Cristi, no Ipiranga. O recheio suculento chamou a atenção, mas perdeu pontos por ser “cerimoniosa” nas especiarias.
Preço: R$ 11Onde. R. Costa Aguiar, 1425, Ipiranga
5° Corrientes 348
A versão da rede de restaurantes, douradinha e pequena, é a mais cara da rota. O tempero não tem tipicidade, está mais para recheio de pastel de carne.
Preço: R$ 12 Onde. R. Dr. Mario Ferraz, 32, Jardim Europa (outros 3 endereços)
6° Juanito's Empanadas Artesanales
Belo visual, com bom repulgue artesanal, a empanada da lanchonete especializada leva carne, cebola, azeitonas e ovo, mas o sabor é prejudicado pelo excesso de pimentão.
Preço: R$ 8,90Onde. Al. Lorena, 572, Jardim Paulista (outros três endereços)
7° Bar do Seu Zé
São mais de 20 opções de empanadas altas, gordinhas e douradas no bar, mas a de carne é massuda e sobra alho no recheio. Falta tipicidade.
Preço: R$ 9,50Onde. R. Fradique Coutinho, 875, Pinheiros
8° Che Bárbaro
A versão do restaurante argentino chega à mesa com a massa mal assada – algumas partes cruas, outras tostadas. Recheio seco com excesso de sabor de pimentão.
Preço: R$ 8,90Onde. R. Harmonia, 277, Vila Madalena e Bárbaro. R. Dr. Sodré, 241, Vila Olímpia
9° El Guatón
O endereço boêmio serve a empanada na versão do Chile, em envelope. A de pino, como é chamada a de carne temperada, é seca e com excesso de cominho.
Preço: R$ 9,50Onde. R. Artur de Azevedo, 906, Pinheiros
10° (empate) Caminito
As empanadas do que hoje é uma grande rede abastecem vários mercados e cafés, mas deixam a desejar com repulgue feito a máquina, massa esfarelenta, recheio seco e sem tipicidade.
Preço: R$ 7,80Onde. Al. dos Indígenas, 83, Planalto Paulista (outros 3 endereços)
10° (empate) Moocaires Resto Bar
As empanadas do reduto de argentinos na Mooca são quebradiças, secas e com recheio comedido em quantidade e tempero, Além disso, não parecia muito fresco. Preço: R$ 6,60 Onde. R. da Mooca, 3593, Mooca
Como foi a eleição
Entre as 13h de quinta-feira e as 18h de sexta-feira (29 e 30 de agosto) percorremos aproximadamente 50 quilômetros, visitamos onze endereços – de botecos pé sujo a restaurantes bacanas – e provamos 51 empanadas.
Com o time formado por dois argentinos de peso, o chef Luciano Nardelli, da Carlos Pizza, e Julian Rios, do La Barra, e o chef-consultor Carlos Siffert, além da editora do Paladar, Patrícia Ferraz, e da repórter Renata Mesquita, visitamos onze endereços paulistanos famosos pela empanada de carne.
Estabelecemos os quesitos e saímos para avaliar todas igualmente: aparência, massa, recheio, proporção entre massa e recheio, fechamento artesanal, feito à mão (ou industrial, feito à máquina) e, por último, custo benefício.
Começamos famintos, pedindo uma para cada jurado em cada lugar, mas em pouco tempo já estávamos dividindo: a conta era de três ou quatro para o grupo, conforme o tamanho da empanada em questão.
Entre as surpresas da maratona, constatamos que a cidade tem vários endereços de empanadas chilenas – elas são dobradas como envelope, e não com repulgue como as argentinas. Também aprendemos a identificar rapidamente as industrializadas, fechadas à máquina.
E, não vamos mentir para você: a diferença de qualidade entre as três primeiras colocadas e as demais é enorme. De maneira geral, infelizmente, as empanadas vendidas por aí não são boas.
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Agora, queremos saber a sua opinião! Vote na sua empanada preferida ou deixe o nome de outros restaurantes nos comentários.
Quer fazer em casa?
No premiado livro Sete Fogos (Vergara e Ribas Editora, 2009), o chef argentino Francis Malmann ensina a preparar a saltenha e a mendocina, suas empanadas preferidas. Para o Paladar, sua pupila, a chef Paola Carosella, detalha a seguir como garantir que a sua também fique perfeita. Confira a receita da empanada de carne.