Fiz feio no Curry’s, um restaurante de cozinha indiana pequenininho, muito simples e com ótimos preços, aberto há três meses, na Liberdade. Pedi um curry de camarão, mas a atrapalhação seria igual com qualquer outro pedido. Os pratos chegam à moda tradicional, o principal e os acompanhamentos são servidos em potinhos de inox, acomodados em uma bandeja redonda também de inox, com duas fatias de pão naan. Tudo bem arrumado, perfumado…
![](https://www.estadao.com.br/resizer/v2/4CE7MVQBG5MRVEWJL4XC4NXLZ4.jpg?quality=80&auth=3c66875a6cd2f05768322f4914d68ffa511cf6a70fd436272cc6198dd8385b03&width=380 768w, https://www.estadao.com.br/resizer/v2/4CE7MVQBG5MRVEWJL4XC4NXLZ4.jpg?quality=80&auth=3c66875a6cd2f05768322f4914d68ffa511cf6a70fd436272cc6198dd8385b03&width=768 1024w, https://www.estadao.com.br/resizer/v2/4CE7MVQBG5MRVEWJL4XC4NXLZ4.jpg?quality=80&auth=3c66875a6cd2f05768322f4914d68ffa511cf6a70fd436272cc6198dd8385b03&width=1200 1322w)
Havia talheres, mas me meti a fazer como os indianos, que envolvem a comida com o pão. Só que eu simplesmente não conseguia cortar o pão como se deve. Na Índia, a mão esquerda não pode tocar a comida e, mesmo sendo destra, não houve jeito de tirar um pedaço usando uma mão só. O naan acabara de sair do forno tandoor, quentinho e elástico na medida. Puxei, insisti, recebi instruções de segurar firme com o polegar e os três dedos do meio e nada. Quando me dei conta, minha mão esquerda já tinha agarrado o naan…Gafe total.
Daí em diante era só dobrá-lo levemente e mergulhar no pote em busca do camarão e do molho. Demorei um pouco para acertar tamanhos e proporções. Mas, mesmo com toda inabilidade e a sujeira nas mãos, não conseguia parar de comer. O curry estava denso, avermelhado, apenas levemente apimentado. Complexo e ao mesmo tempo delicado, umprimor. Os preços dos curries variam, o de camarão é R$47,90, o kofta, com bolinhos de legumes, custa R$39,90. Todos vêm com arroz, lentilha, salada, samosa e uma sobremesa.
Curries têm personalidade, cada um com sua mistura de especiarias e temperos sobre a qual os cozinheiros costumam dar apenas explicações vagas. No restaurante das indianas Kanchana e Abha não é diferente. “São seis ou oito temperos”.
![](https://www.estadao.com.br/resizer/v2/5WIML24LKNLYXAUM42OY2TTRAE.jpg?quality=80&auth=5c0ec3720ad86ac9c0ffec3bdee5a01f8d853f66668d1ada701dc203a9dcf163&width=380 768w, https://www.estadao.com.br/resizer/v2/5WIML24LKNLYXAUM42OY2TTRAE.jpg?quality=80&auth=5c0ec3720ad86ac9c0ffec3bdee5a01f8d853f66668d1ada701dc203a9dcf163&width=768 1024w, https://www.estadao.com.br/resizer/v2/5WIML24LKNLYXAUM42OY2TTRAE.jpg?quality=80&auth=5c0ec3720ad86ac9c0ffec3bdee5a01f8d853f66668d1ada701dc203a9dcf163&width=1200 1322w)
As amigas e sócias tiveram uma casa de comida caseira na Barra Funda, fechada na pandemia, e agora apostam na comida da terra natal. Nascidas em partes diferentes da Índia, elas chegaram aqui acompanhando os maridos. Kanchana comanda a cozinha, com a ajuda de dois cozinheiros indianos, e Abha cuida da administração.
A comida é boa, fresca, feita na hora, exceto os molhos. O pão vai para o tandoor assim que chega o pedido. As samosas (R$15,90), recheadas de batata e ervilha com especiarias, são enroladas e fritas todos os dias. O cardápio é enxuto, mas cheio de atrações.
Na entrada, peça a pakora (R$19,90), versão indiana para o tempura japonês, ali feita apenas com batata e cebola, envolvidas em uma massa levíssima que mistura farinha de grão de bico nacional e importada. Chega sequinha e crocante, escoltada por molho de tamarindo e molho de menta e coentro. Outra boa entrada é o chicken tikka (R$25,90), pedaços de frango com iogurte e temperos.
Já estou pensando em voltar para provar o curry de frango (R$42,90) e o de cordeiro (R$49,90). Até lá vou praticar o corte do pão...
Ah, se preferir ficar em casa por causa da pandemia, peça a comida por delivery pelo Ifood.
Serviço
Curry's R. Thomaz Gonzaga, 45C, Liberdade Funcionamento: 11h/21h (sex. e sáb. até às 22h; fecha 2ª).