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Restaurantes e Bares

Como um festival de gastronomia transformou o turismo de Tiradentes

Com seus pouco mais de 10 mil habitantes, cidade mineira se tornou um dos principais polos gastronômicos do Brasil

Festival de Tiradentes tem comidas típicas de Minas Gerais como um dos focos. Foto: Gustavo Andrade/DivulgaçãoFoto: Gustavo Andrade/Divulgação

A cidade histórica de Tiradentes, em Minas Gerais, já é um atrativo turístico por si só. São as ruas com pedras brutas, as casas antigas, as igrejas barrocas, o artesanato. Mas, nos últimos anos, a cidade, com seus pouco mais de 10 mil habitantes, foi além: se tornou um dos principais polos gastronômicos do Brasil, atraindo turistas e entusiastas da culinária de todas as partes do país e do mundo. É, assim, uma nova referência gastronômica do País.

Esse fenômeno de transformação econômica encontra suas raízes no Festival Cultura e Gastronomia de Tiradentes, que em 2024 alcançou a marca de 27 edições realizadas pelas ruas de Tiradentes, liderado pelo projeto Fartura, sob o comando de Rodrigo Ferraz. É mais um pilar em uma cidade que aposta em festivais e que conta com outros eventos, voltados também para o cinema e para o design. Mas o festival do Fartura achou essa vocação.

“A gastronomia vai muito além do prato. Ela é uma ferramenta poderosa de transformação econômica e social”, explica Ferraz, que enxerga no festival um motor de desenvolvimento para a cidade e a região. O impacto é muito perceptível: em 1999, quando o evento ainda dava seus primeiros passos, Tiradentes contava com apenas três restaurantes. Hoje, são dezenas de estabelecimentos que impulsionam a economia local, fazendo com que o setor de restaurantes, bares, pousadas e lojas represente metade do PIB do município.

Rodrigo Ferraz é a mente por trás da Fartura, plataforma gastronômica de festivais Foto: Thiago A. Morandi

Antes e depois do festival

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Durante os dez dias do festival, concentrando mais eventos nos finais de semana, a cidade recebe cerca de 70 mil visitantes. Muda a configuração do espaço: mais bucólica e tranquila, Tiradentes passa a ficar lotada, com gente andando no meio da rua e tomando a cidade para si. Isso é notado em mais números: a ocupação da rede hoteleira alcança impressionantes 95%, e o ticket médio por pessoa gira em torno de R$ 1 mil, gerando uma movimentação financeira de aproximadamente R$ 70 milhões na economia local.

Essa injeção de capital beneficia não só restaurantes, mas também pousadas, o comércio e até serviços como táxis e charretes. “Hoje, temos desemprego quase zero na cidade”, afirma Ferraz, ressaltando a importância do festival para a vida econômica de Tiradentes.

Em uma década, o setor de serviços de Tiradentes, que em 2005 representava cerca de R$ 26 milhões, saltou para mais de R$ 80 milhões em 2015, consolidando a gastronomia como um dos principais motores da economia local. “O festival ajudou a cidade a desenvolver essa vocação, claro que não sozinho, mas foi um dos principais catalisadores”, reflete Ferraz sobre o impacto do evento ao longo dos anos e como a gastronomia cresceu ali.

A comida é a protagonista do Festival Cultura e Gastronomia de Tiradentes Foto: Fartura/Divulgação

O festival, um dos pioneiros no Brasil, sempre esteve à frente de tendências. “Em 1999, quando ninguém falava de festins ou jantares especiais, já estávamos realizando esses eventos”, lembra Rodrigo. Ao longo dos anos, o evento se reinventou e, em 2008, abriu suas portas para as ruas e praças, democratizando o acesso à alta gastronomia. Hoje, o festival não apenas destaca a culinária local, mas também promove a troca de experiências entre chefs renomados e o público, criando um ambiente aberto e acessível para todos.

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Além disso, dá para dizer que o festival é uma porta de entrada para a gastronomia mineira: você come bem (e bastante!) em barraquinhas espalhadas pela cidade, que ajudam a dar um vislumbre do que tem não apenas em Tiradentes, mas também em cidades da região.

Para além

O sucesso do festival não se limita às fronteiras de Minas. O projeto Fartura, que organiza o evento, tem expandido sua atuação com festivais em outras cidades do estado, como Nova Lima e Conceição do Mato Dentro, e agora mira mercados internacionais, como Portugal.

“Estamos focados em promover a gastronomia mineira internacionalmente, de forma mais estruturada, com eventos como o projeto Minas em Portugal”, explica Ferraz. Para ele, levar a culinária mineira para o exterior é uma forma de fortalecer a identidade gastronômica do estado e gerar novas oportunidades de negócios -- trazendo mais turismo para todo o País.

Embora alguns especialistas acreditem que o mercado de festivais gastronômicos no Brasil tenha atingido um teto, Ferraz discorda. “A gastronomia não tem teto. É igual música, nunca se esgota. Festivais bem feitos, que oferecem conforto e qualidade, sempre terão seu espaço”, defende ele.

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