Tem um certo ar dos anos 80 a Cantina Peppino, nova empreitada do chef Rodolfo De Santis - ele mesmo, o dono do Nino, Da Marino, Salumeria, Giulietta e La Barra que até o fim do ano ainda vai abrir mais uma trattoria, a Osteria Nonna Rosa, nos Jardins.
Mal dá para acreditar que o cozinheiro italiano chegou ao Brasil sete anos atrás, sem nada, e hoje divide com diferentes sócios investidores um pequeno império de casas movimentadas com filas de espera constantes, que não para de expandir.
A nova casa, que ocupa o lugar do extinto bar Peppino, também do chef, tem uma atmosfera alegre e deliciosa. Faz contraponto aos ambientes contemporâneos a base de cimento e paredes brancas que estão por todo lado. Paredes rústicas pintadas de salmão, lâmpadas pendendo do teto cobertas por guardanapos brancos e objetos do espólio da cantina Capuano, uma das mais antigas da cidade, fechada há pouco, de onde Rodolfo De Santis trouxe também o maître, Donato, genro de Angelo Luisi, o antigo dono da cantina.
O cardápio segue na mesma toada de simplicidade. São poucos antepastos e massas. Ponto. A ideia é aumentar a partir de outubro, mas por enquanto, é o que tem. E já dá para ser feliz ali assim mesmo.
Para começar, tem focaccia assada a lenha (R$ 12), pão italiano (R$ 12), burrata com pomodoro (R$ 38) e burrata com verduras (R$ 38).
Aí vem a seleção de pastas frescas e descomplicadas. São seis tipos de massa, cada uma com duas opções de molho para você escolher.
O tagliolini, por exemplo, é cozido al dente, chega firme, servido com um levíssimo molho à bolonhesa - delicado e ao mesmo tempo cheio de sabor -, ou com molho de tomates, também suave. Custa R$ 38. Tem o clássico romano fettuccinne a Alfredo (com creme de leite, manteiga e parmesão; R$ 45), ou a mesma massa com ragu de costela (R$ 45). O cavatelli vem com ragu de linguiça ou com molho alla norma, o clássico do sul da Itália que leva tomate, berinjela e ricota. O fusilli tem ar cantineiro, servido com braciola (R$ 45) ou alla amatriciana in bianco (sem tomate; R$ 40).
O cardápio tem também tortelli de carne, única massa recheada - fresca, feita na casa, com a pasta bem sutil e o recheio leve. Pode vir com funghi trifolati (R$ 44), ou com creme de leite, ervilha e presunto - este é um molho antigo, que os italianos chamam de alla papalina, e por aqui fez fama na extinta cantina do Giovani Bruno, que batizou o molho de alla romanesca e servia com capeletti. Tem também gnocchi, com molho de tomate (R$ 38) ou quatro queijos (R$ 40).
As massas são servidas em frigideiras de alumínio, uma apresentação simpática, mas que nem sempre dá certo (achei meio incômodo ter que segurar o cabo ou a lateral da frigideira para pegar a massa, nada grave, mas... não precisava).
Para beber, além dos vinhos da carta, tem o vinho da casa, um Chianti servido em garrafa bojuda forrada com palha, à moda antiga. Fiquei com vontade de voltar lá - se a fila de espera permitir. Ou, quem sabe, o jeito vai ser comprar as massas e molhos para levar para casa , elas começarão a ser vendidas em breve.
SERVIÇO
Peppino Cantina
Rua João Cachoeira, 175, Itaim Bibi Tel. 3368-6863 Horário de funcionamento: 19h/0h (fecha segunda)