Há um quê de rebeldia em ir ao Astor em plena segunda-feira. Embora o almoço executivo (R$ 95) comece comportado, com saladinha, logo provoca com opções como o espaguete à picadinho com ovo pochê e o steak tartare selado com ovo frito e batata rústica. Por fim, deixa a fruta do dia chateada diante da mousse de chocolate servida direta da tigelona.
Até aí não parece uma grande pisada na jaca, mesmo que a semana mal tenha arrancado. Porém, a tentação de pedir uma empadinha (R$ 12) e um baby drink, como o espresso martini (R$ 24), para acompanhar a refeição chega a gritar nos ouvidos. Por que resistir?
Problema é que, se passar das 15h, é natural que se espie o resto de menu... Aí, há diversão para uma tarde toda. E uma noite também. Parte da responsabilidade é da nova chef do Astor, Ligia Karazawa.

Depois de mais de 10 anos na Europa, incluindo expedientes nos espanhóis estrelados Mugaritz e El Celler de Can Roca, ela fez sucesso em São Paulo com os extintos Clos de Tapas, que flertava com a cozinha molecular, e com o Brace, no Eataly, onde incendiou a paixão pelo fogo. Dali, dedicou-se tanto à brasa que ganhou o rótulo de assadora. Agora, no Astor, Ligia revisita clássicos da casa. Devagarinho, insere novidades também.
Dentre elas, pasteizinhos de pastrami com queijo e cebola caramelizada (R$ 59), asinhas de frango levemente apimentadas (R$ 53) e uma seleção de salumeria e queijos artesanais brasileiros (R$ 69). As porções não destoam no menu, ainda assim, não exaltam tanto a vibe boemia da casa quanto a seção de canapés e acepipes.
Nela, a chef resgata uma receita que deixara saudades nos frequentadores da Vila Madalena: a trouxinha de rosbife caseiro recheada com creme de gorgonzola, lambuzada em molho do assado temperado com molho inglês (R$ 58). Cara e sabores de anos 1980, com uma dose elegante e divertida de cafonice.
Em sintonia, ela criou um trio de canapés apelidados de Anos Dourados: tostadas de pão de forma divididas em triângulos fartamente cobertos com salada de ovo, tartare de carne ou de atum (R$ 47 cada).

Para felicidade dos clientes, veteranos ou não, as novidades não se restringem à chegada de Ligia. O chef de bar, Alex Sepulcro, lançou uma carta de coquetéis marcada por notas frutadas. São drinks ao mesmo tempo brega e chique, complexos, mas facinhos (até demais!) de serem tomados.
É o caso do fresquíssimo Guava Spritz, que, além de goiaba, leva pisco, limoncello e espumante; do Framboesa Negroni, com seu toque de jabuticaba; dos martinis cheios de personalidade, com sabores como papaia, manga e maçã (R$ 49 cada um). A saber: kitsch sem dó, o de mamão com iogurte de coco leva uma borrifada de licor de cassis; já o de maçã, deixa a potência do salsão e do coentro se sobressaírem.
Fossem poucas as novidades, no dia 1º de abril – sem pegadinhas! – o Astor abre sua quarta unidade. Agora, na Rua Balthazar da Veiga, número 24, na Vila Nova Conceição. E, sim, o menu inaugural nasce tinindo com todas essas receitas.
Astor
R. Delfina, 163, Vila Madalena. Seg., das 12h às 23h; ter. e qua., das 12h às 00h; qui., das 12h à 1h; sex. e sáb., das 12h à 1h30; dom., das 12h às 20h. Tel.: (11) 5555-2351