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Restaurantes e Bares

Conheça o Kureiji, um restaurante japonês muito louco

Novidade nos Jardins marca o retorno do sushiman Adriano Kanashiro ao Brasil

mesa com pratos no Kureiji, novo restaurante japonês nos Jardins. Foto: Neuton Araújo Foto: Neuton Araújo

Ele não é izakaya, nem omakase, tampouco rodízio. Ah, também está longe de ser um japonês tradicional. Como o nome diz, o Kureiji (maneira dos japoneses pronunciarem “crazy”) é o espaço para loucurinhas de Adriano Kanashiro. Depois de oito anos em Gana, o sushiman que popularizou o conceito de rodízio, o uso de maçarico nos sashimis e a combinação de atum e foie gras em sushis volta a São Paulo com fome de inovação.

“Sempre que eu viajava para a Europa, ia a um estrelado que representasse o país em que eu estava. Batata! Eles sempre tinham uma influência muito forte de restaurante japonês. Pensava: será que não estou acompanhando? Não! Botei na cabeça que posso, sim, pegar influências de outros lugares no meu japonês” – mora aí o embrião do mais novo restaurante dos Jardins.

Nele, Kanashiro deu uma pitada de África ao usar pimentas e receitas que fazia por lá (caso do tempurá de camarões), salpicou Coreia com kimchi e missô negro (graças à origem da esposa) e adicionou doses generosas de brasilidade. Sente só: o missoshiro é espessado com mandioquinha e tem acidez graças ao tucupi, lembra até um tacacá vegano; o gari (conserva de gengibre) tem duas versões: garioca (com lâminas de mandioca no meio) e garioquinha (com mandioquinha); o coco verde surge como sashimi bem temperadinho, com textura de lula.

Sushi unagui e mapará no novo Kureiji, restaurante do chef Adriano Kanashiro Foto: Neuton Araújo

Fosse pouco, o chef mexeu “numa coisa sagrada, que é o arroz do sushi”. “Quando você põe na boa, sabe que é shari, mas vê que está diferente. A textura, o sabor, tudo”, diverte-se. Por tudo entenda um blend de grãos (mezzo japoneses, mezzo o mini arroz do Vale do Paraíba) lavados e deixados em repouso por meia hora para serem cozidos em panela de ferro mineira, juntinhos, por 12 minutos. Então, são temperados com um toque de tucupi.

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Esse arroz dá vida a sushis originais, como o de unagui (enguia) com mapará (peixe amazônico de água doce igualmente lambuzado com tarê a ponto de ser confundido com a apreciada moreia) e lasquinhas de queijo artesanal (R$ 35). Detalhe, servido como um mini tirashi passível de ser comido de colher!

Outro exemplo é o “verdadeiro Califórnia” (R$ 62), feito com creme de abacate e sem kani: “O blue crab (caranguejo azul) vem da Argentina porque a gente não tem aqui. Daria para pegar carne de siri, mas acaba vindo com casca e não tem a mesma intensidade de sabor, não é tão docinho”, justifica Kanashiro.

Adriano Kanashiro tem versão de sushi califórnia com caranguejo azul e não kani Foto: Neuton Araújo

Os baterás (sushis prensados) também são imperdíveis. Cortados em quadrados generosos (coisa de uns 4 centímetros) e grelhados com manteiga de garrafa, eles podem ser cobertos com maguro (que não é de atum espanhol) e furikake caseiro (R$ 62) ou por salmão selvagem (R$ 71). Guarde lugar para pelo menos um!

Depois vale dividir o ancho dry aged (R$ 134) com “molho que é uma béarnaise com tudo japonês: a erva não é estragão, é shissô; o vinagre é o de arroz; em vez de usar vinho branco, uso saquê”. Para finalizar, tem um brownie, quer dizer, um mochi. Depois de 22 testes, a sobremesa acabou batizada de Chokoreto (R$ 44). É grudentinha devido à farinha de arroz no lugar da de trigo, e enriquecida com banana e chocolate Ruby. Traz ainda calda de gergelim preto e sorvete caseiro de matcha com pistache.

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Seria injusto não contar que a carta de coquetéis está divertida e gostosa, como comprova o refrescante Nipo Gimlet (gim com wasabi, cambuci e limão-cravo, R$ 46). TIgualemnte seria mancada não reparar nas kokedamas de jabuticabeiras, nas cadeiras de balanço do balcão e nas peças exclusivas da ceramista Hideko Honma, como o belíssimo jogo americano. No entanto, a atração principal é mesmo a comida.

“Estou fazendo uma cozinha que eu acredito muito, quem é purista não vai gostar, mas é um amadurecimento meu. Tudo é feito aqui: pão, sorvete e até a massa do ramen, que é coisa da minha bisavó, que era de Okinawa”, conta Kanashiro. Como o Kureiji é um bebê de uma semana, apesar de uma bota ortopédica, o sushiman não consegue arredar pé de lá: “Estou me divertindo, o restaurante está lindo e acredito estar democratizando a gastronomia japonesa”.

Kureiji

R. Guarará, 190, Jardins. Ter. a qui., das 18h30 às 23h. Sexta, das 18h30 à 0h. Sáb., das 12h às 15h30 e das 18h30 à 0h. Tel.: (11) 92066-1012

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