A culinária japonesa é sinônimo de frescor, delicadeza e precisão. No entanto, traduzir essa experiência para o formato de delivery é um dos maiores desafios enfrentados pelos restaurantes especializados. Desde a escolha das embalagens até o treinamento das equipes de entrega, cada etapa do processo precisa ser planejada com cuidado para que o cliente tenha em casa uma experiência tão satisfatória quanto teria no salão.
“O maior desafio é manter a qualidade e o frescor dos alimentos durante todo o processo, desde a preparação até a entrega”, explica Fernando Andrade, sócio-fundador do Grupo Haro.
Para restaurantes como o Nakka Sushi, o trabalho no delivery começa com inovação e adaptação. Roberto Nakamori, proprietário da casa, conta que a demanda por entregas já era alta antes da pandemia, mas foi nesse período que o Nakka deu um passo além.
“Criamos o NKK, nossa marca dedicada ao delivery”, contextualiza o proprietário do restaurante no Itaim Bibi. “Trabalhamos com o mercado de embalagens para desenvolver modelos que se adaptassem ao nosso produto e ajustamos o formato dos sushis para que chegassem intactos e bem apresentados”. Roberto Nakamori ainda ressalta que, mesmo com todos esses cuidados, o transporte via motoboy continua sendo o principal desafio.
A logística também exige soluções criativas. No Sushimu, comandado por Jun Murakami, cada prato é pensado desde o início para suportar as condições do delivery. “Fazemos testes rigorosos com embalagens, avaliando resistência, vedação e apresentação dos alimentos em diferentes cenários. Nosso objetivo é que o cliente tenha uma experiência o mais próxima possível da vivida no restaurante”, explica. A equipe é treinada para garantir que o preparo e o despacho sejam feitos com eficiência e atenção aos detalhes.
Comportamento do delivery
O crescimento do delivery de comida japonesa também reflete mudanças no comportamento do consumidor. Durante a pandemia, o modelo ganhou força como uma alternativa prática e segura, e muitos restaurantes perceberam que o serviço poderia se tornar uma extensão essencial do negócio como um todo.
Para se ter uma ideia, hoje a comida japonesa entra com folga no ranking das cinco culinárias mais pedidas no iFood em São Paulo: está em quarto lugar, com quase 21 milhões de pedidos em 2024. Fica abaixo apenas de lanches (95 milhões de pedidos), comida brasileira (44,2 milhões) e pizza (33 milhões), mas acima das marmitas (19 milhões).
“Hoje, o delivery não é apenas uma comodidade, mas uma forma de expandir o alcance do restaurante e levar a experiência gastronômica ao conforto das casas dos clientes”, observa Andrade.
Apesar dos avanços, o setor ainda enfrenta dificuldades. Além da logística, há o desafio de adaptar pratos tradicionais sem comprometer sua autenticidade. “O sushi, por exemplo, é delicado e requer cuidados especiais para manter a textura e a temperatura ideais”, comenta Nakamori. Ele acredita que, embora o mercado tenha amadurecido, há muito espaço para inovação, seja no desenvolvimento de embalagens mais eficientes ou na criação de pratos adaptados ao formato de entrega -- e que caiam no gosto do público.
As tendências futuras para o delivery de comida japonesa incluem a personalização da experiência e o uso de tecnologia para otimizar os processos.
“Estamos atentos a inovações que possam aprimorar tanto o atendimento quanto a apresentação dos pratos. O objetivo é sempre surpreender o cliente, oferecendo algo extraordinário”, afirma Andrade. Murakami concorda e acrescenta que o delivery tem o potencial de popularizar ainda mais a culinária japonesa, tornando-a acessível e prática sem perder a qualidade do restaurante.
Afinal, como resume Nakamori, “o futuro do delivery japonês passa por inovar sem perder a essência, levando a experiência do restaurante para dentro da casa dos clientes”.