Na última semana, pedi delivery de vinte sanduíches de diferentes lugares, com variados tipos de pão e recheios, dos clássicos aos autorais (deixei de fora os hambúrgueres). A ideia não era só apresentar os melhores sandubas da cidade, mas, entre eles, aqueles que viajam bem.
Enfim, separar os que chegam vigorosos, convidando à mordida, e os que se arruinam no trajeto. O que garante o sucesso na viagem é o equilíbrio entre pão e recheio, considerando quantidade, temperatura, umidade, texturas.
A menos que você more na rua da lanchonete, evite pão fino com recheio muito suculento: o pão encharca em pouco tempo, amolece, perde a graça e a capacidade de segurar o conteúdo. Pão firme funciona melhor. Muito recheio para pouco pão não vale a pedida, a estrutura desaba e você vai ter que ficar recolhendo pedacinhos. Queijo derretido é um perigo, esfria, perde a delicadeza da textura, mas em alguns casos o sanduíche pode ser ressuscitado – no forno bem quente, por cinco minutos.
Porém não adianta o sanduíche cumprir todos os requisitos se não for absolutamente delicioso, portanto, para fazer esta seleção, parti da minha lista de favoritos em cartaz.
Buns do Mica
Os buns do Mica são excelente pedida. Com sabores surpreendentes, os sanduíches têm sempre um ingrediente crocante combinado com vegetais e algum elemento picante – pimenta, picles, curry – tudo bem acomodado no pãozinho fofo, de sabor neutro, cozido no vapor. Impossível comer um só. Meu favorito é o de barriga de porco crocante, com picles de cebola roxa, ervas frescas e dois condimentos cheios de personalidade, gochujang (uma pasta de pimenta coreana) e hoisin (tempero chinês picante, ácido e adocicado). Custa R$26,40.
Como é impossível comer um só, peça também o tonkatsu, que vem com copa lombo empanada, salada de ovo e maionese japonesa (R$ 26,40). O vegetariano leva tempurá de legumes, curry e maionese japonesa (R$25,30) e o de costela leva pimenta do sudeste asiático e picles de cenoura e nabo (R $28). Delivery próprio no Baixo Pinheiros ou IFood.
Royal Lox, Z Deli
Vou deixar para pedir o hot pastrami quando a quarentena acabar. O sanduíche, um dos meus prediletos na lanchonete do Julio Raw, sofreu na viagem: o pão amoleceu, o que tirou num pouco o brilho da bela combinação de pastrami da casa cortado na faca, com salada de pepino e dill fresco. Mas o royal-lox, brilhou em casa. Frio, montado no bagel de produção própria, combina o delicado salmão defumado a frio, com cream cheese, pepino e broto de agrião e tem um final levemente crocante, graças às ovas de capelin. Custa R$ 37,90. Delivery pelo IFood.
Pernil do Estadão
Um clássico paulistano, o sanduíche de pernil do Bar Estadão dá show de sabor e textura da carne: o pernil é longamente assado, se desfaz em lascas, o recheio bem farto leva sempre o molho da casa, com tomate, cebola e pimentão. Qualquer outro sabor parte dele. O tradicional não viajou bem, encharcou o pão francês que, via-se estava fresquinho. O de pernil com abacaxi, pior ainda.
Só se salvou o de pernil com queijo palmira: a fatia grossa de queijo frio, segurou a umidade e manteve a integridade do pão.Fiquei inconformada por um sanduíche tão bom viajar tão mal e liguei na lanchonete para saber se eles poderiam enviar pão e recheio separadamente. Sim, fazem isso. É só incluir a observação ao pedido, pelo IFood. É dica de ouro. O tradicional custa R$23, com abacaxi R$ 28 e o com queijo palmira R$ 45.
Cervantes, do Pipo
O chef Felipe Bronze fez uma excelente interpretação do clássico carioca do Bar Cervantes, o pernil com abacaxi. No restaurante Pipo, em São Paulo, combinou barriga de porco feita na brasa, levemente apimentada, com picles de abacaxi, alface fatiada e aioli. Vem aos pares, em um delicadíssimo bun, o pãozinho chinês cozido no vapor. Não precisa esquentar, fica ótimo em temperatura ambiente. A dupla custa R$ 17. Entrega pelo Rappi.
Elvis Costelinha, do Fat Cow
Difícil escolher o melhor sanduíche do Fat Cow, onde nomes e sabores passam longe do convencional. Dos três que provei em casa, o campeão foi o Elvis Costelinha. Leva costelinha de porco desfiada, coleslaw e molho apimentado. Recheio intercalado em camadas com pão de forma. Custa R$ 29. Ganhou por pouco do fat doggy, o cachorro-quente feito com salsicha artesanal de carne bovina, mostarda de Dijon, queijo cremoso e picles de pimenta-de-cheiro. R$35. Entrega pelo IFood.
Club Salmão, do Le Jazz
O club sandwich de salmão do Le Jazz é um clássico. Está no cardápio desde a inauguração da casa e não perde a pose nem no trajeto de viagem: as camadas de pão preto firme seguram bem as fatias de salmão defumado, tomate, cebola roxa, cenoura ralada e pepino, tudo envolvido por cream cheese e dill fresco. É caro, custa R$53.
O croque monsieur, saboroso, com a proporção equilibrada de queijo gruyère, bechamel e presunto, precisou ser ressuscitado por cinco minutos em forno bem quente. R$ 43. Entrega pelo IFood.
Katsusando, Tan-tan Noodle bar
A versão de Thiago Bañares para o sanduba criado para a gueixas no século 19 no Japão é imperdível: a barriga de porco assada e empanada em farinha panko, vem com picles doce de pepino japonês, maionese japa e molho chuno, a base de frutas verduras, especiarias e vinagre. Pão de forma fofinho. Difícil achar katsu sando igual na cidade. Custa R$ 36. Delivery pelo Rappi.
Choripán, do Debetti
Esse choripán dá de dez em muitos se seus conterrâneos na Argentina. É espetacular: linguiça parrillera artesanal da Pirineus, bem apimentadinha, grelhada na brasa, queijo cheddar, pão francês, um pouquinho de maionese e um toque discreto de chimichurri. Precisa mais? Custa R$ 28. Entrega pelo Rappi.
Beirute do Frevo
O beirute do Frevinho continua valendo a pedida no balcão da lanchonete de 64 anos, nos Jardins. Mas, para compensar a viagem, você vai precisar dar a ele um novo sopro de vida: forno quente por cinco minutos. Depois disso, ele renasce com a casquinha crocante, rosbife, queijo prato e tomate quentinhos. R$ 37. Entrega pelo IFood.
Roastbeef club, do Ritz
Clássico, impecável, não perde o charme na viagem. Não falta nada, não sobra nada. Custa R$ 49. Delivery próprio.