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Restaurantes e Bares

Giovanni Bruno, fundador do Il Sogno di Anarello, morre aos 78 anos

Giovanni Bruno, fundador do Il Sogno di Anarello, morre aos 78 anosFoto:
 
 
 
 
Alguma vez na vida você deve ter tomado um drinque com cerveja. Se esqueceu é porque talvez ele tenha sido bebido naquele momento da empolgação, quando alguém sugeriu fazer um submarino, famoso “embriagador” preparado com a cerveja que está à mão e o Jägermeister da prateleira. Essa história mudou. Coquetéis com cerveja estão na moda e evoluíram da empolgação sem juízo para receitas criadas por barmen mundo afora. 

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Giovanni Bruno em sua cantina, Il Sogno di Anarello, decorada com fotos de anônimos e famosos na Vila Mariana. FOTO: Leonardo Soares/Estadão

Nascido em Casalbuono, no sul da Itália, Bruno chegou a São Paulo aos 14 anos, em 1950. Seu primeiro emprego foi como ajudante no restaurante Gigetto, um dos tradicionais italianos da cidade. “Era empilhador de garrafas, descascador de batatas e lavador de pratos”, conta a filha,Solange Bruno Paiva. Posteriormente, virou garçom e se tornou querido dos clientes fiéis.

Na cozinha do Gigetto, era um dos que se gabava da autoria do capelete à romanesca, feito com creme de leite, presunto cozido, manteiga e champignon. Ficou lá por 17 anos. Saiu para fundar, com três companheiros do Gigetto, a Cantina do Júlio, no Bixiga. Então criou a Cantina do Giovanni Bruno na Rua Martinho Prado, Consolação. Depois de vender o estabelecimento e ficar impedido de usar seu próprio nome, sonhava em ter outro restaurante. Assim surgiu, em 1980, o Il Sogno di Anarello.

Sua fama ia além dos restaurantes italianos em São Paulo. Em 1988, inspirou o personagem Bruno na novela Vida Nova, de Benedito Rui Barbosa: um jovem imigrante que começa um negócio de cantinas na cidade. Prestou consultoria ao autor em novelas protagonizadas por imigrantes, como Terra Nostra, de 1999.

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Giovanni Bruno era apaixonado por futebol. Chegou a comentar os jogos do campeonato italiano na TV Bandeirantes. Mas seu xodó era a Sociedade Esportiva Palmeiras, que por acaso completa o primeiro centenário hoje. Como chegou ao porto de Santos durante a noite, o imigrante não tinha visto muita coisa de São Paulo quando chegou, cansado, à casa de parentes na Pompeia. “Quando acordou, a primeira coisa que viu foi o Palestra Itália”, conta Solange. A paixão pelo clube era uma das características marcantes do ex-garçom.

Nas paredes de seu restaurante, mandou pintar a frase “O que vale na vida são os momentos” – e seguia o ensinamento à risca. “Quando decidiu ir para a Itália, ele disse que esta vez poderia ser a última, queria aproveitar”, diz Solange. Como ostentava os títulos de Cidadão Honorário de São Paulo e “cavalieri” da Itália, pode-se dizer que Giovanni carregava duas nacionalidades. Mas quem era da terra natal já o considerava paulistano. Antes de vir para o Incor, ficou 20 dias internado em um hospital italiano. Lá, contava tantos causos de sua vida por aqui que ficou conhecido pelos enfermeiros e colegas de quarto como “o brasileiro”.

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