O prato-símbolo da festa de São Cosme e Damião, celebrada nesta sexta-feira, 27 de setembro, é o caruru.
Na Bahia, onde a data é comemorada com grandes banquetes, o cozido de quiabos costuma ser servido ainda com xinxim de galinha, vatapá, feijão-fradinho, camarões, acarajé, tudo regado a muito azeite de dendê.
A oferta do caruru de sete meninos é a celebração trazida pelo candomblé para o dia dos santos católicos (saiba mais abaixo). Mas você não precisa ir até a Bahia (se estiver em Salvador, veja onde comer) para celebrar a data, tão marcada pelo sincretismo religioso.
Há restaurantes paulistanos que servem o prato em um menu especial, outros que distribuem de graça o caruru acompanhado de rezas, festa, doces e brinquedos para crianças. O Paladar preparou um roteiro com sete endereços em São Paulo que participam da festa.
● Pão de Festa
Serve o prato no almoço, das 13h às 17h, por R$ 45. O caruru também integra o menu fixo do almoço nos finais de semana ao preço de R$ 55 por pessoa. A casa comemora Cosme e Damião com o caruru há 23 anos.Onde: Rua Araguari, 84, Moema, tel. 5531-3823
● Casa de Ieda
Às 12h30 haverá uma oferenda a Cosme e Damião, seguida de almoço para crianças às 13h30. As comemorações estão programadas para a sequência, das 14h às 20h. Esta é a segunda edição da festa. O prato completo sai por R$ 40, mas somente para os adultos, porque a refeição para as crianças é gratuita.Onde: Rua Ferreira de Araújo, 841, Pinheiros, tel. 4323-9158
● Rota do Acarajé
O restaurante promete uma grande festa nesta sexta-feira, com reza e distribuição de brinquedos e doces para crianças a partir das 18h. O caruru vai ser distribuído gratuitamente, mas é de bom tom levar doces e brinquedos que possam ser doados. A casa serve o prato no menu fixo a R$ 48 com porção para duas pessoas. A opção mais reforçada, com mais tempero e oito camarões médios, também para duas pessoas, sai por R$ 128.Onde: Rua Martim Francisco, 529, Santa Cecília, tel. 3668-6222
● Benedita
Em sua terceira edição da celebração de Cosme e Damião, o restaurante do chef Rodrigo Isaías serve o caruru até domingo, 29, no horário do almoço. O prato sai por R$ 58,90.Onde: Rua Havaí, 258, Perdizes, tel. 3875-4764
● Sotero
Aberto no almoço e no jantar, o Sotero serve seu caruru especial de Cosme e Damião por R$ 59,90 até 29 de setembro. Há as opções de caruru com xinxim de galinha ou moqueca de peixe. A receita integra também o menu fixo da casa, acompanhada por vatapá, farofa de dendê e moqueca de galinha, e custa R$ 63,70.Onde: Rua Barão de Tatuí, 282, Santa Cecília, tel. 3666-3066
● Carurivis - Heavy House
Para os mais animados, a opção é a Carurivis, festa que irá da mistura musical de Novos Baianos ao afoxé, passando pelo samba, axé e regionalismos diversos. A festa será no sábado, 28, das 12h ao começo da madrugada de domingo e, claro, terá caruru tradicional no almoço. A entrada custa R$ 20 e o almoço, servido até às 18h, R$ 30.Onde: Rua Benjamim Egas, 297, Pinheiros; mais informações
● Petit Comité Rotisserie
Serve o caruru nessa sexta e no sábado, a R$ 62 por pessoa, sempre no almoço (das 12h às 15h na sexta e das 12h às 16h no sábado). O prato inclui uma bebida e uma mini-sobremesa, além de um kit de doces. O restaurante também aceita encomendas (sai a R$ 80 por pessoa, já inclusa a entrega).Onde: Rua Gaivota, 763 - Moema, tel. 2359-0771
Banquete de Cosme e Damião
Irmãos árabes nascidos no século 4 e filhos de cristãos, Cosme e Damião eram médicos, porém não foram adotados pelo candomblé pelo trabalho com caridade e cura, e sim por serem gêmeos. Numa época em que negros na Bahia não podiam reverenciar publicamente o candomblé, os dois serviram, no sincretismo religioso, como representação dos gêmeos Taiwo e Kehinde (chamados de Ibeji, que representa um único orixá gêmeo), filhos de Xangô e Iansã.
Pois é com os orixás, e não com os santos católicos, que entra a comilança de dendê no dia 27 de setembro. Como conta o livro Cozinhando História (Fundação Pierre Verger, 2015), das autoras Josmara Fregoneze, Marlene Jesus da Costa e Nancy de Souza, Xangô andava irritado porque Exu vivia roubando seu prato de amalá (semelhante ao caruru, mas carregado na pimenta). Taiwo e Kehinde falaram ao pai que iam dar um jeito em Exu.
Depois de uma aposta em que cansaram o orixá de tanto dançar, os dois conseguiram a promessa de Exu de nunca mais roubar o amalá. Em troca, Xangô perguntou o que eles queriam de recompensa. Disseram ao pai que, quando tivesse amalá, que deixasse um pouco para eles sem pimenta – o caruru.