O restaurante Hospedaria – que abre na próxima terça, 29, na Mooca – traz novos ares ao bairro sem abandonar a sua, digamos assim, raiz fabril e, essencialmente, imigrante.
Primeiro pelo visual, pós-industrial que, neste caso, talvez seja um dos únicos na cidade que de fato podemos chamar assim: o Hospedaria ocupa o espaço onde funcionou um galpão fabril. O pé-direito é superalto, a tubulação é aparente, as paredes cruas foram descascadas até a camada original.
Segundo, e mais importante, pela comida. Mooquense nascido e criado ali, Fellipe Zanuto, chef do restaurante e neto de imigrantes italianos, colocou suas lembranças de infância nos pratos. O couvert (R$ 9), uma tigela de molho de tomate encorpado, é acompanhado de pão quentinho da casa. O clássico frango à passarinho tem releitura: é marinado por 24 horas e empanado em farinha de milho.
Há também risoto paulista (R$ 46), que na realidade é um arroz de forno. Fellipe, também dono d’A Pizza da Mooca, conta que só foi conhecer o verdadeiro risoto italiano, de arroz arbóreo, aos 19 anos. Este é feito com arroz agulhinha, pedaços de barriga de porco e frango, tutano para dar a cremosidade do original, encobertos por queijo meia cura derretido e um ovo, perfeito. O prato é finalizado no forno a lenha, assim como boa parte do cardápio – caso do pappardelle à bolonhesa (R$ 44) com bordas crocantes para serem mergulhadas no molho.
A carta de vinhos tem apenas rótulos brasileiros. Os drinques também estão lá, em quantidade e criatividade. La Merica (R$ 25), como foi batizada a releitura do manhattan feita com cachaça, é uma homenagem ao nome de um dos barcos que veio da Europa com imigrantes.
Quem quiser completar o passeio pelo bairro (e tiver guardado espaço no estômago) pode dar uma passada na matriz da confeitaria Di Cunto, que fica em frente, e pedir um cannolo.
SERVIÇO
HOSPEDARIA
R. Borges de Figueiredo, 82, Mooca Tel.: 2291-5629 Horário de funcionamento:12h/15h (sáb. e dom., até 17h; fecha seg.)