A cerimônia de premiação do 50 Best Restaurants 2019, em Cingapura, confirmou as apostas: o restaurante francês Mirazur foi eleito o melhor do mundo. Em Menton, no sul da França, a casa pertence ao chef argentino Mauro Colagreco, filho de pai italiano, casado com abrasileira, Julia, e estava em terceiro lugar na lista do ano passado.
O segundo colocado foi o Noma, em Copenhague, do chef René Redzepi, que estava fechado no ano passado e reabriu com uma proposta totalmente diferente. O terceiro é o Asador Etxebarri, em San Sebastian, de Victor Arguignoz, lugar simples que prima pela excelência da grelha e estava em 10º lugar no ano passado.
O único brasileiro entre os 50 melhores do mundo em 2019 é a Casa do Porco, de Jefferson Rueda, que alcançou a 39ª posição e foi elogiado antes da cerimônia por vários chefs entre eles Mauro Colagreco e Albert Adrià, que declarou que a Casa do Porco é seu restaurante favorito no mundo.
“Nunca seremos número, queremos sempre ser uma representação do nosso País. Só o fato de estar aqui já é uma grande vitória. Vamos sempre comemorar. Cada vez com mais restaurantes na lista. Afinal de contas, o Brasil tem uma variedade enorme de cozinheiros para apresentar”, disse o chef Jefferson Rueda por telefone ao Paladar.
Outros brasileiros estão na lista ampliada de 2019, que tem 120 posições. D.O.M está em 54º lugar, Maní, em 73º, Lasai em 74º e Oteque, em 100º lugar.
O Gaggan, restaurante do chef indiano Gaggan Anand na Tailândia ficou em 4º lugar, o restaurante cuja data de fechamento foi anunciada há dois anos levou também o prêmio de melhor da Ásia. Em 5º o dinamarquês Geranium. O peruano Central, de Virgilio Martinez e Pia León, em Lima, caiu uma posição, para sexto lugar, e manteve o título de melhor da América do Sul celebrando os produtos de seu terroir.
Em 7º lugar, o Mugaritz, de Andoni Luis Aduriz, no País Basco espanhol. O oitavo na lista é o francês Arpége, de Alain Passard, um chef que já teve muita relevância e provocou polêmicas no passado quando chegou a banir as carnes de seu menu (depois de muitos anos, voltou a servi-las).
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O 9º colocado é o catalão Disfrutar, em Barcelona, que pertence a um trio de ex-chefs do El Bulli, Oriol Castro, Mateu Casañas e Eduard Xatruch, restaurante novo, que no ano passado foi o estreante em posição mais alta no ranking. O 10º melhor do mundo é o Maido, em Lima, especializado em cozinha nikkei, classificado como número um no ranking da América Latina de 2018.
In memorian
A cerimônia, que Paladar acompanhou ao vivo pelas redes sociais, teve momentos emocionantes. Para começar, homenagem ao chef Joel Robuchon, que morreu em agosto do ano passado e foi um dos mais célebres da história da gastronomia classificado como o chef do século 20. Teve também homenagem à jornalista argentina Raquel Rosenberg, presidente do júri do 50 Best na Argentina, que morreu este ano.
Mudanças no ranking
Em sua 18ª edição, o 50 Best está mais inclusivo – pela primeira vez o corpo de 1.000 jurados pelo mundo tem 50% de mulheres – e a cerimônia foi mais descontraída, graças à apresentadora australiana Anabelle Le Cramb, que sabia pronunciar os nomes de restaurantes, era divertida, e deu leveza ao evento.
Mas a principal mudança no prêmio desta vez foi a exclusão dos vencedores de edições anteriores. Eles ficaram fora da votação por determinação da organização do prêmio para dar espaço para a consagração de outras casas. Alguns chefs dessa elite foram prestigiar a festa, como Massimo Bottura (Osteria Francescana), Joan Roca (El Celler de Can Roca), Heston Blumenthal (The Fat Duck) e Daniel Humm (Eleven Madison Park).
O editor do 50 Best, William Drew, anunciou, orgulhoso, que todos os restaurantes premiados este ano estavam representados no auditório. Quem não foi, mandou representante. Foi o caso da francesa Jessica Préalpato, do Plaza Athénée, em Paris, eleita a melhor confeiteira do mundo, que acabou de dar à luz. E da americana Dominique Crean, que está em tratamento contra um câncer e recebeu aplausos efusivos e acenos da plateia.
Homenagens
A cerimônia teve três discursos relevantes, começando pela mexicana Daniela Soto-Innes eleita a melhor chef mulher de 2019, que defendeu ambiente mais tranquilo e o respeito e alegria na cozinha, um convite a encerrar os tempos de agressões e assédio moral que marcaram a cozinha profissional por muitos anos.
O espanhol José Andrés, premiado pelo trabalho humanitário, conclamou os cozinheiros a se envolverem em trabalhos sociais. Andrés começou por acaso, quando resolveu levar comida para as vítimas do furacão em Porto Rico e acabou dando origem a uma ONG humanitária, a World Central Kitchen, que tem 60 mil voluntários e se dedica a alimentar pessoas em situação de tragédia.
O grande campeão da festa, Mauro Colagreco também defendeu uma causa importante, fazendo um discurso contra barreiras e fronteiras. No palco, ele e sua equipe, exibiram uma bandeira gigante, com quatro bandeiras costuradas: a da Argentina, onde nasceu, a do Brasil de sua mulher, Júlia, a da Itália, país de onde vem mais da metade da equipe de seu restaurante e a da França, onde fica o restaurante e terra natal de seus dois filhos. Colagreco também falou que essa miscigenação é o retrato da nova França gastronômica, a da inclusão.
No capítulo comemoração mais simpática, o troféu foi dividido entre a bandeira emendada de Colagreco, do Mirazur, e o abraço no estilo jogador de futebol do time do Den, o restaurante de Zaiyu Hasegawa, em Tóquio, que ficou em 11º lugar no ranking e levou o prêmio de melhor hospitalidade.
/com Ana Elisa Faria, Bárbara Stefanelli e Renata Mesquita.