Fique quietinho, só fale se for com tom de voz bem suave, porque esta é uma matéria para lá de secreta. Não conte para ninguém, mas os bares escondidos, clássicos dos anos 1920 e 1930, estão voltando a conquistar espaço em pleno século XXI. Hoje, a bebida é livre, mas o sigilo continua indispensável.
Os speakeasies remontam das décadas iniciais do século passado, quando os Estados Unidos enfrentavam as imposições da Lei Seca, que durou até 1933.
Em um momento influenciado por gângsters, O Grande Gatsby e a proibição de bebidas alcoólicas na terra do Tio Sam, nasceram bares secretos dentro de porões que serviam drinques, destilados e cervejas contrabandeadas de outros países e também as produzidas ilegalmente nos EUA. Para garantir o sigilo, só era possível entrar de posse de uma senha, garantia máxima de que a pessoa era apenas um boêmio em busca de uma boa birita e não um policial disposto a acabar com a festa.
É desse clima de segredo que vem o nome. Unidas, as palavras speak e easy formam o que poderia ser traduzido como “fala mansa”, “fala suave, baixinha”.
Carol Warzee, sócia do Oculto Speakeasy, conta que o cuidado em manter a discrição é essencial quando se cria um bar desse estilo do zero: “tudo que gente fez aqui foi pensando na questão do mistério, desde a comunicação, criação da carta, até a fachada - nós mantivemos todas as características do imóvel, por exemplo. A iluminação, o som, a escolha das músicas - que incluem jazz, blues, funk americano - também foram um ponto de atenção”.
Além de tudo isso, Pablo Moya, proprietário do Frigobar Speakeasy, conta que manter-se atualizado é fundamental para garantir o sucesso a longo prazo. “Entendemos que o público precisa de algumas familiaridades para se sentir mais acolhido. Por isso, tem outros sons além de música da época, deixamos as pessoas tirarem fotos e fazerem vídeos, a carta é mais eclética e utilizamos aplicativo para reserva. Tudo isso para a experiência do cliente ser mais agradável”.
Curtiu a ideia? Veja abaixo três opções de bares secretos para aproveitar em São Paulo:
Frigobar Speakeasy
Com atmosfera de época, a entrada do bar por si só já é um grande mistério: tudo começa numa cozinha aparentemente comum, mas que guarda uma porta de geladeira que te leva a um bar que grita (baixinho) speakeasy.
Para Pablo Moya, esse é um dos muitos diferenciais da casa. “Com a atmosfera, você realmente é transportado para a Nova Iorque de 1920, o ambiente intimista e acolhedor, excelentes coquetéis, música muito agradável, entrada e saída secretas, e outras surpresas que acontecem no decorrer da noite são os diferenciais.”
A carta conta com muitas opções regadas a uísque, coquetéis clássicos e autorais, minipizzas de estilo napoletano, belisquetes e até uma sobremesa de chocolate com bitter.
Onde
Em algum lugar de Perdizes
Quarta a sábado, em dois horários de reserva: 18:30 e 22:00
O Oculto Speakeasy
Parecendo ter saído de um conto de fadas, o Oculto guarda dois espaços: um bar com balcão e mesas espalhadas num salão escuro e repleto de garrafas de bebida, e uma segunda parte que pode ser reservada para eventos e conta até com uma discoteca (com direito a karaokê e tudo). Ambos com arquitetura inspirada nas obras do espanhol Gaudí.
A carta de bebidas criada por Cris Negreiros e Spencer Amereno traz opções com e sem álcool e, na sessão de comidas, sanduíches, porções diversas e sobremesas. Para entrar, é preciso saber o código secreto que muda de 15 em 15 dias.
De acordo com Carol Warzee, o Oculto é uma experiência à parte, que vai para além do bar. “Quando você chega, parece que está fora de São Paulo, é um ambiente muito diferente, as músicas e a carta são muito características. Tudo pensado com muito cuidado para você sentir que não tá num bar comum”.
Onde
Na Vila Madalena
Bar do Vaticano: o bar secreto do Jacquin
Até o chef Erick Jacquin entrou para o mundo dos bares secretos. O Bar do Vaticano fica escondido no restaurante italiano Lvtetia e tem como proposta trazer shows semanais. Sem janelas, com espaço restrito e à luz de velas, as mesas ficam bem próximas e o clima aconchegante toma conta da noite.
“O conceito do bar é oferecer um ambiente quase secreto na capital para as pessoas poderem curtir a noite paulistana ‘no escurinho’, com música boa e artistas incríveis, com os melhores drinks e bebidas. Esse é o verdadeiro tompêro do Vaticano”, comenta o jurado do Masterchef.
No menu, pequenos sanduíches e petiscos são apresentados na área de comidas. Na carta de drinques, um dos destaques é o gin vaticano, que leva gin, xarope de hortelã, limão fresco e água tônica (R$ 62), além do gin do papa, com gin, energético tropical, maracujá e morango (R$ 65), e as gin tônicas clássica (R$ 59), com morangos (R$ 65), pepino (R$ 65) e toranja (R$ 63).
Onde
Rua da Consolação, 3.585 - Jardins
De quinta a sábado, a partir das 19 horas