O restaurante peruano Maido foi eleito, pela segunda vez consecutiva, o melhor restaurante da América Latina na premiação anunciada pelo Latin America's 50 Best Restaurants na noite desta terça-feira (30) em Bogotá, Colômbia. Foi seguido por seu conterrâneo Central (pela segunda vez em 2º lugar) e pelo mexicano Pujol.
Entre os brasileiros mais bem posicionados, o restaurante D.O.M., do chef Alex Atala, passou do 3º lugar para o 5º, enquanto A Casa do Porco, de Jefferson Rueda, subiu da 8ª posição para a 7ª. Entre as nove casas brasileiras, A Casa do Porco foi a única que subiu colocações desde 2017 - todas as outras perderam posições, à exceção do Oteque, que estreou em 33º lugar, e do Oro, que estreou em 49º.
É o segundo ano consecutivo que a entrega do prêmio é feita em Bogotá, na Colômbia. Em outros anos, a premiação foi realizada na Cidade do México e em Lima. Desde que a premiação começou, em 2013, os peruanos sempre lideraram o ranking - Astrid y Gastón em 2013, Central nos três anos seguintes, e Maido nos dois últimos anos.
+ Confira a lista completa do 50 Best América Latina de 2018
No topo da lista
Restaurante de comida nikkei, uma mistura da herança japonesa com o sotaque peruano, o Maido é comandado pelo chef Mitsuharu Tsumura, mais conhecido como Micha, também organizador da Feira Mistura.
Graças à criatividade de Micha, a cozinha nikkei, que nasceu caseira, ganhou contornos de alta gastronomia, em receitas como o niguiri à la pobre, uma espécie de sushi de entranhas, ovos de codorna e molho ponzu.
Já o conterrâneo Central explora em sua cozinha, comandada por Virgílio Martínez , a diversidade de ingredientes e terroirs do Peru, um país que tem mais de 2 mil espécies de batatas e produtos tão distintos como os que vêm do fundo do mar e do topo dos Andes.
Os ingredientes são selecionados e coletados pela expedição Máter, iniciativa que reúne profissionais de diferentes partes do país e que terá sua história contada em evento em novembro em São Paulo por Pía León. Em anúncio feito antes da noite da premiação, Pía foi eleita a melhor chef mulher da América Latina desta temporada, tanto por seu trabalho no Central como no novo Kjolle (fala-se koie). Até abrir a nova casa, neste ano, ela dividia a cozinha do Central com o marido.
Os brasileiros
Além do D.O.M. em 5º lugar e d’A Casa do Porco em 7º, outras sete casas brasileiras aparecem na lista: Maní (12º), Lasai (26º), Olympe (27º), Oteque (33º, estreia), Mocotó (45º), Oro (49º, estreia) e Tuju (50º). Ainda ganhou menção no prêmio o Manu, de Curitiba, que não está entre os 50 restaurantes, mas foi eleito o mais promissor da temporada (“one to watch”).
Até agora, 15 restaurantes brasileiros já figuraram na lista regional, incluindo casas extintas como Epice (de Alberto Landgraf, do novo Oteque) e Roberta Sudbrack (cuja chef já recebeu o prêmio de melhor chef mulher da América Latina em 2015). Outros saíram da premiação, mas ainda estão em funcionamento, como o Remanso do Bosque. Neste ano, quem deixou a lista foi o Esquina Mocotó, que encerrou as atividades há cerca de dois meses.
Prêmios especiais
Além da lista com os 50 melhores restaurantes, a premiação concede títulos especiais. O de melhor chef pâtissier foi dado a Jesús Escalera, do La Postrería, em Guadalajara, México, um espaço dedicado à confeitaria com sobremesas empratadas de alto conceito visual.
O chef escolhido por seus pares (“chef’s choice”) foi Carlos García, do restaurante venezuelano Alto, em Caracas. A estreia em mais alta posição (“highest new entry”) foi a do colombiano El Chato, em 21º lugar.
A “arte da hospitalidade” ficou com o Don Julio, em Buenos Aires, que foi votado nesta categoria por 250 especialistas da região latina. Já o título de restaurante "mais sustentável" ficou com o chileno Boragó, também eleito a melhor casa do Chile.
Três dos títulos especiais, como é de praxe, foram divulgados antes da noite de premiação, como o de melhor chef mulher para a peruana Pía León.
O curitibano Manu, da chef Manu Buffara, foi eleito o restaurante mais promissor (“one to watch”) da temporada. No ano passado, foi a vez de o Oro, do chef Felipe Bronze, levar esse prêmio, dois brasileiros consecutivos.
Maria Elena Lugo Zermeño e Gerardo Vázquez Lugo, mãe e filho à frente do mexicano Nicos, foram homenageados pelo conjunto da obra ("lifetime achievement").
A dupla desempenhou importante papel durante o processo de declaração da cozinha mexicana como Patrimônio Cultural Imaterial pela Unesco, em 2010, graças a sua experiência e seu conhecimento. Essa é a primeira vez que a premiação concede a vitória a duas personalidades ao mesmo tempo.
/ Colaboraram Ana Paula Boni, Carla Peralva, Danielle Nagase, Patrícia Ferraz e Renata Mesquita