A largada da corrida pelo novo Pêra Manca 2014 foi dada: a nova edição do ícone português chega ao Brasil em abril. E, neste ano, a Fundação Eugénio de Almeida comemora a sintonia entre clima e interesse de mercado que acabou por gerar um vinho fresco – nos idos de 2019, na era pós-Parker, frescor (quer dizer, uma acidez vivaz, bem marcada, com alto potencial de salivação) é tudo o que se quer da vida – e em uma garrafa, claro. Uma primavera suave, com chuvas precoces e temperaturas amenas, permitiu a maturação equilibrada das castas Trincadeira (de onde vem tal frescor), que aparece em uma parcela maior neste ano, de 55%; e Aragonês, responsável pelos aromas de fruta e a estrutura do vinho.
Provei nesta semana o novo Pêra Manca com outras maravilhas produzidas pela Fundação Eugénio de Almeida. O novo vinho, a 14ª edição desde que a fundação comprou a marca histórica (há documentos que falam do vinho nas naus de Pedro Álvares Cabral), tem um processo de produção que envolve balseiros de carvalho para a fermentação e a maceração em um período de 60 dias e barricas francesas maiores que o habitual para o estágio de 18 meses. O resultado é uma bebida com notas de frutas negras, flores, chocolate e especiarias. A cada nova girada da taça, uma surpresa. (Fiquei com a minha por duas horas, mas aposto que encontraria ainda mais elementos se ficasse mais tempo.)
O frescor desta edição do Pêra Manca torna-o mais sutil do que é esperado para a região; o vinho é de uma elegância quase incompatível com o sol do Alentejo. Mas é isso mesmo: como disse o enólogo Pedro Baptista durante a prova, o vinho é produzido todos os anos a partir ds mesmas vinhas, logo “é um reflexo da safra, do tempo” e também da exposição das vinhas, que recebem o frescor do norte e estão protegidas do sol do meio-dia.
E juntar o frescor que o mercado quer a um ícone (que o mercado quer)? Mera sorte ou plano maligno? “Claro que não podemos estar afastados do gosto do mercado, mas é importante manter as características das marcas, que têm uma vida para além das tendências. Nossa identidade é inimitável e, se não estamos de acordo com o vinho que temos naquele ano, não o editamos. Nos anos mais quentes, por exemplo, a exposição das vinhas não é suficiente para protegê-las”, completa.
Importado pela Adega Alentejana (como os outros da fundação), o Pêra Manca 2014 custa R$ 3,2 mil e está em pré-venda.
Novos domínios. Além dos vinhos feitos na Adega Cartuxa, a Fundação Eugénio de Almeida, agora é responsável pela Tapada dos Chaves, que tem as vinhas mais velhas do Alentejo (1901) e que ajudou a região a alcançar o selo de denominação de origem controlada.
Liquidação de vinhos
Começou nesta semana a promoção de ponta de estoque da Vinci. Há uma seleção de mais de 650 rótulos com dólar cotado a R$ 1,69, R$ 1,99 ou R$ 2,29 e parcelamento em até cinco vezes a depender de quanto se gasta. Entre os rótulos estão o australiano Tatty Road Shiraz 2010 (de R$ 123 por R$ 55) e o piemontês Barbera d’Asti Ca di Pian 2013 (de R$287,57 por R$176,08).