Uma das principais características dos vinhos de Châteauneuf-du-Pape é a quantidade de uvas usadas em seu corte: hoje, 18 são permitidas na região, um número bem distante da América do Sul, onde ainda reinam varietais e os cortes são modestos em número, com no máximo cinco castas.
Pois há um chileno que encasquetou de seguir os preceitos franceses, o enólogo-chefe da Cono Sur, Adolfo Hurtado. A vinícola, cuja principal bandeira é a Pinot Noir, está cultivando 12 cepas mediterrâneas em uma propriedade de 110 hectares a 1,1 mil metros de altura, aos pés da Cordilheira dos Andes, na região de Aconcágua. Ali, a amplitude térmica chega a 27 graus durante um único dia, com dias quentes e ensolarados e noites frescas. Nos vinhedos, há as francesas célebres do sul do Rhône, onde se faz o Châteauneuf, como Grenache, Mourvèdre e Syrah; e há também espanholas (Tempranillo), portuguesas (Alicante Bouschet) e as que já se tornaram marca do chile, como Cabernet Sauvignon e Carmenère.
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“Nossa ideia lembra a de preparos de cozinha com muitas especiarias, chega-se a um resultado único. Será um Châteauneuf-du-Pape chileno”, afirma. Sua expectativa é que em um ano o vinho esteja repousando nas barricas, mas ainda não há previsão de levá-lo ao mercado. Enquanto esse tinto mediterrâneo não vem, há três indicações de vinhos da Cono Sur que você pode provar de olhos fechados. O primeiro, mais amigo do bolso, o Bicicleta Gewurztraminer 2015 (R$ 53 na La Pastina), tem aroma de flor e lichia, comme il faut, e na boca mistura frescor e untuosidade com final longo.
Subindo um pouco de patamar, chega-se ao Single Vineyard Pinot Noir 2016 (R$ 131, foto), a festa da cereja para o nariz e levemente picante na boca; e 20 Barrels Pinot Noir 2015 (R$ 210), com aroma mais discreto, mas é tão redondo e amigável na boca que no primeiro gole planeja-se a compra de uma caixa.
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