No Centro do Rio, de frente para o Largo de Santa Rita, no encontro da Rua Mayrink Veiga com a Marechal Floriano e a Miguel Couto, sentimos um novo perfume no ar. Novo, que remete a tempos antigos. É um cheiro de madeira queimada que nos remete ao mundo rural. Quem frequenta fazendas reconhece na hora o perfume de roça. Bem na esquina, um letreiro chamativo em vermelho parece esclarecedor: Capiau está escrito na fachada do prédio, que fica bem no Beco das Sardinhas, por ter casas especializadas no peixe. Lá dentro vemos um forno e um fogão a lenha, com panelas de ferro borbulhantes.
A casa é a mais nova investida do empresário Raphael Vidal, responsável pela revitalização do Largo de São Francisco da Prainha, não muito longe dali, que é um dos pontos de referência da região chamada de Pequena África, pelos laços históricos com a comunidade afro-carioca.
Para abrir o Capiau ele aproveitou as viagens que faz ao Vale do Paraíba, e recrutou o chef Diego Melão em Monteiro Lobato, na Serra da Mantiqueira Paulista, especialista em cozinha caipira.
- Imagina há quantos anos não tem um restaurante com fogão a lenha no Centro do Rio? - pergunta Vidal. - Essa área era chamada de Vila Verde, uma espécie de zona rural do Rio dos séculos 18 e 19, onde havia chácaras, criações de porco e de galinha. Nossa ideia é ter carne na lata, cozida longamente na própria gordura, como se fazia antigamente, cozidos, torresmos e uma boa carta de cachaças, é claro. E, como estamos no Beco das Sardinhas, vamos ter também - completa.
Neste período de inauguração a casa ainda está funcionando com cardápio reduzido, mas deve aumentar aos poucos. Além de conservas da casa, com picles e batatinha calabresa, a lista de opções tem essas carnes de porco de longo cozimento, como pernil e bochecha de porco, além de miúdos, como língua bovina e moela de pato.
A ideia é ter pratos do dia. Segunda var ser costela de boi, terça é galinha caipira, quarta é cozido da roça, quinta é porco à passarinho, sexta é feijão gordo e sábado algum pescado fresco., além dos especiais da semana.
O restaurante, com espaço interno pequeno, mas muitas mesas na calçada, abriu as portas exatamente há uma semana.
- Adiantamos as obras para abrir, na cara e na coragem, a tempo de participar do festival Botecar - comenta Vidal sobre o evento que vai até o final do mês, reunindo 40 bares cariocas.
Um dos motes é que cada casa apresente um prato, que será avaliado pelo público, e por um júri especializado (do qual faço parte). No Capiau é o "Moiados", um pão de queijo redondo, como um taco, feito no disco de arado, e coroado com carne de lata.
Com direito a porteira para entrar, uma paróquia defronte com sinos que badalam às 18h (hora da missa), fogão a lenha e umas pingas, só fica faltando mesmo uma roda de viola - porque no som quem vem do aparelho que toca vinil, o repertório caipira do Capiau tá garantido, chefia, como Vidal gosta de chamar seus "convidados".
SERVIÇO Capiau: Beco das Sardinhas, Largo da Paróquia de Santa Rita s/nº, Centro. Instagram: @capiaubotequim Festival Botecar: https://www.festivalbotecar.com.br/rj/ Instagram: @festivalbotecar