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Seleção carioca

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Do Meio-dia ao Meia-noite: uma jornada entre dois fenômenos em Botafogo - Parte 1

Bares do chef Fred Motta combinam ambiente despojado com ótima comida

 

Meio-Dia: nome e horário de abertura Foto: Bruno Agostini / Estadão

Exatamente às 11h59 de sexta-feira passada eu cheguei ao Meio-Dia. A casa abre exatamente nesse horário. Chamar o local de casa é até um exagero. Trata-se de uma portinha com janela, onde fazemos os pedidos, com mesas coletivas, para umas seis pessoas, espalhadas pela calçada. Bom é que logo no início da tarde o sol se esconde detrás dos prédios, e algumas árvores garantem uma boa sombra. Com chuva, melhor pedir em casa.

Se o ambiente é simples, o mesmo não se pode dizer da cozinha, ainda que ela seja miúda (apenas em tamanho, ao contrário da qualidade do que serve).

Isso porque quem está por trás dessa enxuta operação, com foco muito forte nas entregas, é o chef Fred Motta, que provavelmente você não conhece (ainda).

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Resumindo: o goiano chegou ao Rio com 17 anos para estudar design na PUC. Mas, interessado na cozinha, talvez atraído pelo fato de gostar de pescar, ele foi para Nova York estudar gastronomia no Culinary Institute of America. No período, trabalhou em lugares como o Le Bernardin, lendário três-estrelas Michelin que nasceu em Paris em 1972 e migrou para Manhattan em 1986, onde se estabeleceu como um dos grandes restaurantes especializados em peixes e frutos do mar em todo o mundo. Fred acabou voltando para o Brasil, e trabalhou em lugares como o Surreal, em Botafogo, para então abrir seu primeiro negócio, o Meio-dia, no mesmo bairro. Resumindo bem, é isso aí.

Cavala-wahoo frita deliciosa Foto: Bruno Agostini / Estadão

Ninguém passa pelo Bernardin à toa. Parece despretensiosa a sua birosca, mas não é. Quando recebi uma porção de cavala-wahoo (Acanthocybium solandri) empanada com molho tártaro eu logo vi que o negócio ali é sério, apesar da aparência modesta do lugar.

O peixe estava delicioso, com notável massa, crocante e muito bem frita. Mas, o que me chamou ainda mais a atenção foi o molho tártaro, acredite se quiser. Com corte impecável dos elementos visíveis em brunoise (cenoura, cornichons e cebola roxa), a receita leva ainda alici, endro, cebolete, mel e mostarda). É o melhor que lembro de ter comido.

Mc Fred's: melhor tártaro Foto: Bruno Agostini / Estadão

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Depois, pedi um sanduicinho com essa mesma dupla de peixe frito e molho, que achei sensacional, no pãozinho de leite da padaria Nema. É o Mc Fred's. Sensacional. Tenho cada vez mais gostado de coisas simples assim, mas bem-feitas: pão, peixe e molho; e basta. Com louvor.

Chirashi Zushi do dia Foto: Bruno Agostini / Estadão

Além disso, o maior sucesso e chamariz ali é a linhagem nipônica do menu, com sashimis e um Chirashi Zushi, que anda famoso sobretudo entre os jovens da cidade, com Gohan e furikake. Outro dia passei na porta com a minha filha, que disse, cheia de animação juvenil:

- Pai, olha: aqui que é o Meio-dia. Vamos vir almoçar um dia aqui, por favor, quero muito?

- Vamos, também estou de olho - falei para a filha - Inclusive, tenho a ideia de fazer uma matéria de vivência, uma pauta como eu nunca fiz. Sei a primeira frase, e a última. Vou começar assim: "Exatamente às 11h59 eu cheguei ao Meio-dia ". E vou terminar dizendo: "À meia-noite e um, eu saí do Meia-noite". Você sabia que ele tem um outro bar, na rua do Sult, que só abre de noite, e se chama Meia-noite? Quero fazer uma matéria, passando todo o dia em Botafogo, começando o programa em um, e terminando no outro falei pra Maria, assim como ele aluna da PUC, porém, fazendo Comunicação.

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Pois, então, na sexta-feira passada, fomos lá, realizar em conjunto desejos concomitantes, de pai e filha.

E, como planejei, cheguei logo antes do horário de abertura, o mesmo que batiza o lugar.

Continuando... minha filha chegou depois de mim. Além do peixe frito com tártaro em suas duas versões, ainda pedimos uma porção de sashimi, sem o arroz. Tem outra coisa muito interessante ali. O Fred é pescador e muitas vezes os peixes servidos foram pescados por ele mesmo.

Gostei demais do lugar, pela qualidade da comida, e pela sua própria despretensão. Além de ter achado o Fred um cara muito gente boa, que de mansinho vai se inserindo no cenário gastronômico do Rio, e ganhando respeito do público, e de seus colegas cozinheiros (eu o conheci em um evento muito especial de saquês, organizado pelo Governo do Japão, há uns 15 dias).

Saí de lá com a certeza de que vou voltar, e muitas vezes. Já estou programando a próxima para terça que vem.

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Deixo a hashtag: #vaipormim

O programa continuou tarde adentro. Mas, hoje eu paro por aqui, e termino o post amanhã, para que não fique longo demais.

A sexta passada foi sem dúvidas um dia especial pra mim.

 

 

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