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Seleção carioca

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Os três coelhinhos: com mostarda, polenta ou à caçadora?

Raro de se encontrar, coelho é difícil de preparar e entrega sabor delicado

Emile: com mostarda e nhoque de batata Foto: Bruno Agostini / Estadão

Não é das missões mais fáceis encontrar lugares para comer coelho no Rio.

Além de não ter muito apelo junto ao público, o simpático e serelepe bichinho não é muito fácil de preparar, porque tem uma carne que tende a ficar ressecada, e que depende de um tempero bem ajustado para mostrar seu sabor e textura, marcados pela delicadeza. Nãoé um cozimento simples, exige técnica e conhecimento.

Preparar um bom coelho, não é pra qualquer um.

Por apreciar tanto, eu sempre peço coelho quando dou a sorte de encontrar no menu. É raro, mas quando acontece minha lembrança é das melhores, e as receitas geralmente são muito bem executadas. Por coincidência e sorte, num intervalo de apenas uma semana eu encontrei coelho em três restaurantes, e fui nos pratos com ele.

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Primeiro, no brunch servido no Hotel Emiliano, em Copacabana, aos sábados e domingos. Em sistema à la carte, você tem uma lista de pratos, entre os tradicionais desta preguiçosa refeição típica dos fins de semana, e algumas receitas pinçadas do menu regular do restaurante Emile, comandado pelo chef Camilo Vanazzi. Eu havia espiado o site, onde vi coelho ao molho de mostarda entre as opções. Mas, no dia de minha visita, ele não estava na lista de opções. Foi um balde de água fria, como confidenciei à garçonete.

- Vou ver se o chef pode preparar, acredito que continue no menu. A gente tenta variar os pratos do brunch - disse ela.

Enquanto eu comia um biscoito de polvilho entre um gole de espumante nacional e de um Chardonnay argentino, a moça chega trazendo o meu mimo: coelho na mostarda em grãos com nhoque de batata.

Ganhei meu dia.

Nido: com polenta ao ragu Foto: Bruno Agostini / Estadão

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Alguns dias depois, numa linda tarde de quinta-feira no Leblon, cheguei pra almoçar Nido. Trata-se de um respeitável italiano que tem uma cozinha consistente, onde como um couvert com polpettini ao pomodoro, serviço que está entre os meus preferidos na cidade.

Neste dia, nem vi o menu, pedi sugestões ao maître, que convocou o chef Rudy Bovo pra ir até a mesa.

- Você gosta de coelho? - perguntou o cozinheiro, natural de Veneza.

Abri um sorriso, dizendo que não gosto, mas adoro, e que sempre peço quando encontro.

Em pouco tempo chega um prato forrado com polenta mole, bem cremosa, coberta com ragu de coelho.  Prato que, uma vez mais, coloriu minha tarde de alegria e satisfação.

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- Também faço uma massa recheada de coelho - disse o chef, praticamente me obrigando a retornar sem muita demora: vai que sai do menu? Melhor garantir...

Fim de Tarde: à caçadora Foto: Bruno Agostini / Estadão

Por fim, na última segunda fui matar as saudades do restaurante Fim de Tarde, clássico ibérico do Centro. É um desses lugares acolhedores, que servem também pratos brasileiros, e receitas tradicionais do Rio, além de apresentar sempre as sugestões do dia/semana de acordo com o que se encontra no mercado e a estação do ano.

Quando abri o menu de couro pra escolher, logo bati o olho na lista de pratos da semana, onde reluzia um coelho à caçadora e uma cavaca grelhada com arroz malandrinho de tomates.

Pedimos a dupla, e compartilhamos as duas travessas por dois.

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Delícias.

Poderia fazer imenso elogia à cavaquinha grelhada, mas o assunto de hoje é coelho, me foco nele: com molho aveludado, de vinho branco, vinha com ervilhas frescas, pimentões vermelhos e batatas, e eu explorei a boa pimenta da casa para "esquentar" o prato, favorecido pelo bom trabalho de fundo de panela, que dourou a carne e entregou os sabores caramelados do Maillard.

Pensei comigo mesmo: mas que excelente maneira de começar a semana!

 

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