Documentário de atletas são a versão maturada em barril de carvalho dos filmes de heróis da Marvel. Depois de muito fuçar catálogos atrás de filmes, séries e afins sobre cerveja e não achar nada novo que valesse a indicação, decidi propor uma harmonização diferente aqui: cerveja com documentário de atleta.
Maradona (HBO)
Estreou no fim do ano passado e conta a história do ídolo do futebol argentino e mundial. Da infância paupérrima em Buenos Aires até a amarga saída do futebol. Todo mundo mais ou menos sabe a trajetória de Maradona, mas revisitar a passagem do argentino em Nápoles é de chorar e rir e chorar e rir ao mesmo tempo.
É um encontro único, entre um atleta intenso e uma cidade dramática. Uma ópera! Quase que sugiro uma cerveja amarga, porque parte da história é assim. Mas seria injusto. A cerveja certa para brindar Maradona deve ser dramática e vibrante, viva: Duchesse de Bourgogne (R$ 85, growler de 1 l, no soulhops.onpedido.com.br/app/), a genial red flanders com notas vínicas, acidez atrevida, textura licorosa, para tomar vendo o replay do gol do século em looping.
The Last Dance (Netflix)
A série documental sobre Michael Jordan e o Chicago Bulls é uma fábula sobre a leveza. Os jogos históricos, mostrados em clipes frenéticos, parece que aconteceram num planeta com menos gravidade. Todo mundo voa, especialmente Jordan. Mas como todas as boa histórias (e cervejas) a leveza não vem sem complexidade.
As diferenças entre colegas de time, as disputas com os administradores da franquia, as rusgas com a imprensa e as inquietações de cada personagem criam camadas que fazem a série interessante até quem nunca viu uma partida de basquete.
Se Maradona em Nápoles é uma ópera, Jordan em Chicago é um lançamento de foguete. A série pede uma cerveja elegante, precisa, limpa, como as movimentações em quadra do time. Iria de escola alemã, tentaria a Oceânica Crispy Flow (R$ 15,39, 350ml, no hoppi.com.br), uma altbier de coloração avermelhada e com single hop do lúpulo alemão spalt.