O clima não é mais o mesmo.
Ficou atrevido, instável e cheio de extremismos, beirando a esquizofrenia.
Por consequência, os impactos que os eventos climáticos extremos vêm impondo em todo o mundo tem deixado marcas profundas como chuvas torrenciais de alto poder de destruição como o ocorrido no Rio Grande do Sul e na região Basca, na Espanha.
Longos períodos de estiagem mostram paisagens impensáveis até a pouco, como o inacreditável quase desaparecimento de caudalosos rios amazônicos.
A produção agrícola tem sofrido fortemente sob esse comportamento errático do clima, trazendo inédita escassez de produtos como o azeite de oliva, o cacau e o café.
Estes produtos precisam que as flores sejam fecundadas sob um clima ameno para uma boa safra, razão pela qual as floradas acontecem na primavera, quando as chuvas retornam sob sol de brilho dourado.
Deve ser lembrado que o pólen é muito sensível ao calor, não suportando temperaturas acima de 40ºC, quando sua delicada estrutura começa a se perder. É a esterilização pela luz e calor, que, em livre tradução, significa perda de produção.
As cotações do café voltaram a registrar picos inesperados, alcançando o recorde que aconteceu nos anos 1975, devido à grande geada que mudou a geografia cafeeira do Brasil.
Este gráfico mostra a cotação do café arabica na Bolsa de Nova Iorque, para um padrão de alta qualidade, o Tipo 2, entregue naquela cidade. A cotação de hoje, 10 de dezembro de 2024, fechou a incríveis U$c348,35/libra-peso ou U$460,80 a saca de 60kg, entregue em NYC.
A preocupação do mercado está centrada na quantidade de frutos que vingaram após a florada. A seca e as altas temperaturas formam uma combinação que simplesmente inviabiliza a polinização das flores do cafeeiro ou não permite que os frutos se formem e se desenvolvam.
A alternância das ocorrências extremas entre os hemisférios Norte (entenda-se Vietnã) e Sul (Brasil) tem sustentado cotações que levam a valores que devem afetar o consumo global, mesmo com a avidez de mercados sob forte expansão como o chinês. A verdade é que não haverá reposição grãos de café em quantidade suficiente para manter o mercado saudável num horizonte que compreende os dois próximos anos.
Por outro lado, o mundo está passando por um inédito momento de inflação generalizada, levando ao empobrecimento da população assalariada na maior parte dos países, o que pode restringir a chamada elasticidade do mercado, que é a capacidade de absorver altas constantes.
A questão central é esta: uma pessoa com febre crônica não pode ser considerada saudável.
PS: Na Black Friday 2024, os itens mais pesquisados foram o azeite de oliva e café. Sinal dos tempos!