100% Arabica.
Não faz muito tempo, esta frase era incansavelmente empregada nos discursos de vendas de café como sinônimo de boa qualidade, atribuindo um perfil sensorial menos exuberante aos grãos de canéforas, como o Conilon e Robusta.
Esse sentimento foi reforçado após a grande geada de 1994, que praticamente dizimou pela segunda vez os cafezais paranaenses, além de afetar plantações paulistas e mineiras. Como resultado da quebra de safra de café no Brasil, houve rápida expansão do plantio de robusta no Vietnã, que em menos de duas décadas ultrapassou a Colômbia como segundo maior produtor mundial de café.
No quase final dos anos 1990, emergiu uma associação de produtores de café arábica (isso mesmo!), que cujo seu líder e voz solitária pretendia criar legislação para que as torrefações apresentassem a composição do blend, informação definida pela atual Norma 570 do MAPA.
As variedades que têm sido as "queridinhas" dos cafeicultores tem em sua genética parte considerável do DNA de Coffea canephora, a partir de híbridos naturais como o Sachimor, e que compõe variedades importantes, entre as quais o Obatã, Catucaí e Araras.
O Conilon experimentou rápida expansão em sua produção, localizada principalmente no meio norte do Espírito Santo, começando pela busca da produtividade e da estabilidade ao longo dos anos, até chegar no quesito qualidade sensorial.
Assim como é um engano considerar que existe "carne de primeira" e "carne de segunda", no caso do Conilon e Robusta brasileiros a maior compreensão de sua composição química, dos cuidados adotados nos processos de pós colheita e, principalmente, durante a torra, chegou-se a resultados surpreendentes, proporcionando bebidas de estrutura sensorial sofisticada e de características absolutamente novas.
Por esta razão, empresas líderes do mercado arregaçaram mangas para encontrar origens e grãos que pudessem estabelecer novas categorias de produtos.
A primeira a lançar microlotes de grãos de robustas cultivados na Amazônia, particularmente em comunidades indígenas, foi a 3 Corações com sua linha Tribos, abrindo caminho para uma categoria específica.
A Nestlé, por meio da divisão Nescafé, lançou no primeiro semestre de 2022 o microlote Pontões Capixabas, edição limitada com grãos de Conilon do Espírito Santo, reforçando a categoria. Em maio de 2024, dando continuidade aos lançamentos de sua linha de microlotes Origens do Brasil, foi a vez do Montanhas Capixabas, um 100% Robusta.
No início de setembro deste ano, a Melitta incorporou à sua linha Regiões Brasileiras o Terras Capixabas, 100% canephora, com distribuição em todo o território nacional. É importante ressaltar que é um café composto de grãos Conilon que passam por processo conhecido como Fully Washed ou Lavado, com várias etapas de fermentação com microorganismos originais de cada propriedade.
Dessa forma, fica claro que novos caminhos estão abertos e, certamente, outras torrefações devem apresentar excelentes canéforas para o consumidor brasileiro.
CASA HARIO ABRE PORTAS EM SÃO PAULO
Nascido de projeto inovador de apresentação dos utensílios mundialmente conhecidos da japonesa Hario Glass Co., está de portas abertas a Casa Hario, localizada no bairro do Itaim, à Rua Manoel Guedes, 426.
Combinar hospitalidade e experiência gastronômica para destacar os usos da ampla linha de utensílios, além dos dedicados ao café, foi a proposta ousada formulada pela Flavors, representante brasileira, abrindo muitas possibilidades de exploração dos elegantes produtos Hario.
O espaço combina ambientes como empório, loja de utensílios, café e restaurante, contando com consultorias do chef Flavio Miyamura e da chef confeiteira Aya Tamaki para a seção de doces.
A Casa Hario tem atendimento desde o café da manhã ao jantar, que pode ser conferido pelo seu site www.casahario.com.br