Antonio Mendonça pode passar despercebido pelo leitor de hoje. Mas há 30 anos sua pinta de caubói era inconfundível. O paulista capitalizava na época o sucesso do Rancho da Pamonha, negócio que inaugurou o nicho de restaurantes especializados em milho verde às margens das rodovias paulistas.
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Rebatizado como Toninho da Pamonha, ele ganhou muito dinheiro, projetou sua imagem para a política e passou a ostentar fama de playboy. Mas o tempo passou e, atualmente, ele leva uma vida mais modesta. Procura diversificar seus investimentos e diz que a pamonha, cuja receita permanece inalterada, já não tem para ele o mesmo sabor de antigamente.
“O mercado ainda é bom. Mas não tem o mesmo apelo que tinha no passado”, diz ele, remetendo a memória a 1960. Na época, Toninho era boia-fria em Araras, no interior paulista. “Um dia a fazenda faliu, mandou embora todo mundo e eu tive de me virar”, relembra.
O plano de Mendonça foi, então, a tábua de salvação da família, que até hoje gravita em torno dos empreendimentos de Toninho da Pamonha, cada qual gerenciando um negócio. “Uma vez eu vi uma mulher vendendo milho na beira da Dutra. Bolei um plano de vender a pamonha, não o milho. Comprei um barracão e comecei o que tenho hoje.”
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O ápice da carreira ocorreu entre as décadas de 1970 e 1980. Naquele tempo, em dias de movimento bom, Toninho vendia 20 mil pamonhas trabalhando praticamente sem descanso. Assim, chegou a ter nove unidades, expandido a atuação para outras rodovias. “Todo mundo conhecia o Rancho”, afirma Toninho, que aproveitou o embalo de popularidade e entrou para a política. Saiu candidato em 1981 para prefeito de Arujá e foi eleito.
Mais tarde ainda elegeu-se para outros dois cargos públicos: prefeito de Itaquaquecetuba e deputado estadual. Atualmente, no entanto, ele diz que não quer saber de política. “Hoje o meu negócio é a minha fazenda e meus galpões (ele construiu um condomínio logístico com cinco galpões no interior, de onde tira mensalmente R$ 100 mil de aluguel). Eles me dão o dinheiro que preciso para viver”, diz ele, piscando um olho e batendo na aba de um de seus 30 chapéus – ele sempre os veste acompanhado de um dos 15 coletes da Lacoste que tem em casa.
“Pamonha hoje dá para viver. A gente tira R$ 1 milhão, mais ou menos, de cada loja. Mas vendemos bem menos, umas 2 mil unidades em um dia bom”, destaca Toninho. O empresário ainda tem cinco unidades da marca: três na Presidente Dutra, uma na Raposo Tavares, outra na Fernão Dias. Ele não contabiliza uma sexta unidade, um quiosque recém-lançado no Internacional Shopping Guarulhos. “Parei de plantar milho. É melhor diversificar a lavoura. Os tempos são outros.”
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