Cafeteria com adoção de gatos faz sucesso no Rio de Janeiro, fatura R$ 2,5 milhões e lança franquias

Negócio promoveu adoção de mais de 550 gatos em 2023 e está negociando abertura de novas unidades, com faturamento anual entre R$ 700 mil e R$ 1,5 milhão

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Foto do author Adele Robichez
Atualização:

Desde uma viagem que fez ao Japão, as cafeterias com a presença de gatos não saíram da cabeça da carioca Giovanna Molinaro, 29. O empurrão para que ela arriscasse lançar algo parecido no Brasil foi quando se solidarizou com um gato abandonado no estacionamento do escritório de arquitetura onde estagiava.

Em 2020, nasceu a Gato Café, uma cafeteria que promove a adoção de gatos no Rio de Janeiro. Funcionando com duas unidades, a empresa faturou R$ 2,5 milhões em 2023 e lançou uma rede de franquias neste ano.

Giovanna Molinaro, fundadora da Gato Café Foto: Divulgação/Gato Café

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Formada em arquitetura, Molinaro foi para o Japão durante as férias do estágio, em 2019. “Lá tem os chamados ‘cat cafés’, cafeterias com vários gatos. Achei muito legal, me fez sentir muito bem”, relembra.

Desde então, o tipo de negócio virou uma fixação para ela. “Eu comecei a pesquisar muito sobre o assunto, acompanhar várias páginas… virou quase um hobby. Foi assim que vi que existiam vários modelos de ‘cat cafés’ em diversos países. Um deles, relacionado à adoção de gatos, me chamou atenção”, conta.

O seu instinto era largar tudo e criar o seu negócio no Brasil, mas o medo a impedia. Sem empreendedores na família e iniciando uma carreira na área onde havia se formado há pouco tempo, a maioria dos conselhos que recebia apontavam que a sua ideia era uma loucura.

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No entanto, uma pessoa a apoiou: a sua mãe, a veterinária Branca Molinaro, 57, que veio a se tornar sócia do Gato Café, inaugurado em julho de 2020, no bairro de Botafogo. Os pais se juntaram em prol do sonho da filha, que teve investimento inicial de cerca de R$ 200 mil. “Compramos todas coisas usadas, eu fiz o projeto e o meu pai, a obra”, revela.

Atendimento é separado por áreas

Hoje com duas unidades, em Botafogo e na Barra da Tijuca (inaugurada em dezembro de 2021), o Gato Café funciona com duas áreas: a da cafeteria e a dos gatos, com 15 felinos. Os clientes pagam uma taxa de R$ 10 a R$ 60, dependendo do tempo de permanência, para visitar e conviver com os felinos, que podem ser adotados.

Em 2023, mais de 30 mil visitas foram realizadas e cerca de 550 gatos foram adotados no local, de acordo com Molinaro. Qualquer pessoa pode frequentá-lo. Crianças menores de 10 anos devem ser acompanhadas dos seus responsáveis. Há “patolitos”, snacks para gatos, à venda por R$ 10 e registros de fotos polaroid instantaneamente reveladas por R$ 15.

Com frases que exaltam os gatos, como “O amor da minha vida é um gato”, nas paredes, o espaço é feito para ser “instagramável”. Por isso, os clientes costumam tirar fotos e registrar vídeos no local, que atrai a maioria dos clientes por meio das redes sociais. A conta da marca no Instagram reúne 240 mil seguidores.

Giovanna Molinaro, fundadora da Gato Café Foto: Divulgação/Gato Café

Na área da cafeteria, não é permitida a presença dos gatos. No entanto, ela é temática, com produtos e decorações que representam os três mascotes da loja: os gatos que Molinaro tem em casa, desenhados com as suas respectivas pelagens: creme, preto e preto e branco.

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No cardápio da Gato Café, estão à venda diversos sabores de waffle com o desenho dos rostos dos mascotes; sanduíches com fatias de pão em formato de gato; cafés decorados com a sombra dos felinos ou com um miado estampado de chocolate: “miau!”.

A empresa comercializou mais de 50 mil bebidas em 2023. No mesmo ano, mais de 15 mil produtos foram vendidos na lojinha que acompanha a cafeteria, onde é possível encontrar canecas, almofadas, bottons e camisetas temáticas. O ticket médio da loja em Botafogo é de R$ 80, e na Barra da Tijuca, R$ 70.

Bebidas quentes na Gato Café Foto: Divulgação/Gato Café

Empresária lidou com críticas no início

Apesar do sucesso, Giovanna Molinaro revela que ainda há dificuldades relacionadas ao entendimento do negócio. Especialmente no início, as pessoas não compreendiam o intuito da cafeteria. Muitos criticavam, por exemplo, a cobrança da taxa para a visitação dos gatos.

“Cobramos porque é a forma que temos de manter a área, é assim que também acontece no Japão”, justifica. Os animais, resgatados por ONGs parceiras, moram provisoriamente naquele ambiente até serem adotados. Eles têm acesso a alimentos, água e espaço de higiene separado dos clientes.

“Muitas pessoas nos questionavam: ‘Pagar para ver gato de rua?!’. Tivemos que trabalhar muito na comunicação das redes sociais e no treinamento dos funcionários para o público entender o nosso objetivo. A área dos gatos não é um parquinho, é um projeto para gatos abandonados, feito para as pessoas conhecerem, interagirem, se apaixonarem e adotarem”, explica.

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Gato residente na Gato Café Foto: Divulgação/Gato Café

De acordo com a empresária, o espaço também tem o objetivo de desmistificar preconceitos relacionados aos gatos. “O que mais me deixa chateada é falarem que gatos não são carinhosos ou não gostam dos donos. Tem gente que fala que são sujos, traiçoeiros. Mas no Gato Café, a gente consegue quebrar alguns estereótipos. As pessoas perdem o medo porque eles são superdóceis, acostumados a interagir com os humanos”, diz.

Nas duas lojas, há 18 funcionários atuando nas diferentes áreas, chamados carinhosamente pelos clientes de “amigatos”.

Empresa lança modelo de franquia

Para a Gato Café, o ano de 2023 foi marcado pela estruturação da rede de franquias. “Passei o ano todo fazendo consultoria e ajustando a marca para poder franquear”, afirma Molinaro. Lançado no fim do ano passado, o projeto está em fase de negociação com os franqueados.

A expectativa é a inauguração de quatro unidades em 2024, todas no Rio de Janeiro, com faturamento total previsto de R$ 4 milhões até o fim do ano. Em 2025, a Gato Café pretende expandir a marca para outros estados brasileiros.

São dois modelos de loja disponíveis para investimento:

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  • A loja Gato Café, no mesmo formato das duas unidades em funcionamento, com faturamento anual estimado de R$ 1,5 milhão;
  • A loja Gato Café To Go, com faturamento anual estimado de R$ 700 mil. Nessa versão pocket do negócio, as bebidas estarão disponíveis apenas para retirada, em embalagens temáticas descartáveis, para lugares com maior fluxo de pessoas.

“Esse novo modelo é inspirado nas cafeterias que estão crescendo nesse mundo mais rápido, para as pessoas pegarem o café e saírem andando. Mas também terá a área dos gatos, sempre há cinco minutinhos para ver gatos”, avalia Molinaro.

Veja os modelos:

Loja Gato Café:

  • Investimento inicial: R$ 405 mil
  • Faturamento médio mensal: R$ 100 mil
  • Taxa de franquia: R$ 40 mil
  • Royalties/mês: 5%
  • Prazo de retorno do investimento: 20 meses
  • Área mínima: 70m²
  • Fundo de propaganda: 2%

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Loja Gato Café To GO (versão pocket do negócio)

  • Investimento inicial: R$ 210 mil
  • Faturamento médio mensal: R$60.000
  • Taxa de franquia: R$ 35.000
  • Royalties/mês: 5%
  • Prazo de retorno do investimento: 16 meses
  • Área mínima: 30m²
  • Fundo de propaganda: 2%

Reputação

No Google, a unidade Café Gato em Botafogo tem nota 4,5 de 5. Mais de 2.239 clientes avaliaram a loja e deixaram comentários na plataforma, dos quais 115 atribuíram a pior nota disponível à experiência tida no local.

A maioria das críticas negativas se refere ao tempo de atendimento no local, ao preço dos produtos e ao sabor dos alimentos e bebidas oferecidos pela cafeteria.

Vale a pena investir?

Para o consultor de negócios do Sebrae-SP Ruy Barros, negócios relacionados a animais domésticos podem ser considerados um “diferencial competitivo” no mercado, uma vez que existe uma tendência de jovens que têm optado por adotar animais antes ou no lugar de ter filhos.

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No entanto, há algumas considerações a serem a feitas antes de decidir investir em uma franquia. Para ajudar os interessados em aderir ao modelo de negócio, Barros montou um check-list com questões que deverão ser feitas a você mesmo para avaliar se o sistema de franquias se adapta às suas necessidades e expectativas profissionais.

Confira:

  1. Você suportará os investimentos necessários para iniciar e fazer deslanchar o negócio?
  2. A sua família vai te apoiar neste empreendimento?
  3. Você terá tempo disponível para pesquisa e treinamento?
  4. Você se sentirá feliz trabalhando neste ramo de negócio?
  5. Você se julga com maturidade suficiente para dar este passo?
  6. Você está disposto a trabalhar bastante, independentemente de horários e dias da semana?
  7. Você está disposto a ter seu próprio negócio, mas seguindo a orientação e padronização estabelecida por outra pessoa?
  8. Você é ambicioso e possui iniciativa?
  9. Você gosta de lidar com pessoas?
  10. Você sente um desejo forte de ter seu próprio negócio e torná-lo um sucesso?
  11. Este investimento está de acordo com seus objetivos financeiros?

Marque um ponto para cada SIM e zero para cada NÃO.

De zero a três pontos: “Você pode estar interessado no assunto. Talvez seja só curiosidade. É melhor pesquisar com mais profundidade. Talvez você não se adapte ao sistema e suas exigências”, aconselha Ruy Barros.

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De quatro a oito pontos: “Você tem boas chances de se dar bem como franqueado. Analise com cuidado suas respostas negativas, pois algumas são vitais para seu sucesso como empreendedor”, ressalta o consultor de negócios do Sebrae-SP

De nove a 12 pontos: “Você tem um bom perfil para ser um franqueado bem sucedido. Lembre-se, no entanto, de que deve pesquisar com afinco antes de se decidir por qualquer negócio, e que seu sucesso dependerá principalmente de sua dedicação e entusiasmo”, indica.

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