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Opinião|Agritech social cria microarmazéns movidos a energia solar para apoiar comunidades agrícolas

Zebra CropBank é uma plataforma tecnológica que oferece suporte aos agricultores da Nigéria para converter colheitas em ativos comercializáveis

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Por Maure Pessanha

Deposite a sua colheita no banco. Esse é o convite feito pelo negócio de impacto Zebra Cropbank, uma plataforma bancária de produtos pós-colheita criada para que os agricultores nigerianos armazenem e rentabilizem as suas produções. Fundada por Buffy Okeke-Ojiudu – empreendedor agrícola de terceira geração, graduado em Direito pela Universidade de Sheffield (Reino Unido) e com mestrado em Harvard –, a iniciativa tem a missão de fortalecer os sistemas alimentares africanos, criando acesso a infraestruturas e serviços de última milha em comunidades remotas.

A agritech conta com uma rede de microarmazéns movidos a energia solar (cropbanks); os agricultores podem depositar apenas um saco de produtos, e os compradores aproveitam a oferta para adquiri-los em pequenas quantidades. As colheitas armazenadas servem, ainda, como garantia para empréstimos baseados em recibos emitidos pelo armazém eletrônico ou podem ser convertidas em dinheiro; os agricultores têm a possibilidade, também, de guardar os produtos para tomar melhores decisões com base em um valor de mercado futuro.

Os postos de atendimento do Zebra CropBank estão instalados em dezenas de locais na Nigéria, incluindo os Estados de Enugu, Benue e Cross River. Foto: Divulgação/Acumen

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A solução foi desenvolvida a partir da constatação de que os agricultores da Nigéria não conseguem gerar rendimento suficiente para fazer o negócio prosperar. Habitando regiões remotas e desconectadas, eles não contam com um armazenamento acessível conectado aos consumidores; perdem receitas porque, desesperados, são forçados a vender a produção com preços baixos a intermediários; as perdas na produção também são imensamente significativas: maiores que 50%. E, além disso, eles não têm acesso ao capital – as restrições de crédito, inclusive, limitam a capacidade desses agricultores de utilizarem adequadamente os recursos para um desempenho ideal.

Na prática, o Zebra CropBank – negócio que conta com o suporte do fundo de investimento de impacto Acumen – está disponibilizando uma plataforma de banco e de distribuição de produtos com tecnologia que permite aos agricultores converter as suas colheitas em ativos comercializáveis. Conhecidas como bancos, as instalações de armazenamento e processamento foram criadas em dezenas de locais nos Estados de Enugu, Benue e Cross River; cada uma pode armazenar até 40 toneladas de produtos. Esses postos de atendimento são construídos em, aproximadamente, uma semana, utilizando contentores de carga adaptados e arejados que criam um ambiente propício a prologar a vida útil de grãos e nozes.

O empreendedor aponta a importância de ampliar a oferta nos territórios. Para ilustrar, cita o exemplo da Inglaterra: todas as ruas principais têm um correio e os moradores podem optar pelo mais próximo. Ele diz que o mesmo deve acontecer com a infraestrutura oferecida pelo Zebra CropBank para que o agricultor possa vender suas colheitas facilmente e sem longos deslocamentos.

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Na avaliação de impacto, 56% dos usuários entrevistados afirmaram que o rendimento aumentou muito com a utilização do sistema. “Quando se tem uma colheita muito boa, a necessidade de armazená-la se torna um problema. Isso significa que você pode acabar perdendo metade dela. Mas, com o Zebra CropBank estamos seguros. Eles nos forneceram instalações de armazenamento de qualidade e melhor educação, o que atrai compradores e, por sua vez, me dá um bom dinheiro para cuidar da minha família”, afirma um agricultor de 58 anos, do sudeste da Nigéria, entrevistado pela Acumen.

Para finalizar, mais um dado relevante: 60% dos usuários têm menos de 35 anos. Ou seja, o negócio de impacto que une agricultura e tecnologia está dando suporte a uma nova geração de agricultores que contribui com a prosperidade de pequenas comunidades e com o combate aos problemas sistêmicos da pobreza.

Opinião por Maure Pessanha

Coempreendedora e presidente do Conselho da Artemisia, organização pioneira no Brasil no fomento e na disseminação de negócios de impacto social e ambiental.

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