O empreendedorismo de impacto tem uma especial predileção por pessoas inquietas e inspiradoras, que associam os sonhos à prática da possibilidade – um laboratório de consciência a serviço da transformação social e ambiental. Não estou falando de heróis idealizados, mas de humanos que, norteados pela bússola da superação de obstáculos, constroem um legado consistente passível de ser replicado. Ao longo da minha trajetória pessoal e profissional tive o privilégio de conhecer empreendedores e empreendedoras com esse pendor.
Um deles é Igor Botelho – empreendedor de regeneração e impacto social, que tem liderado projetos estratégicos focados em sustentabilidade, ecoalfabetização e ação climática. Por meio de empreendimentos como Ferttil Ecosystem, Help New Zealand e Kiss The Ground, ele trabalha para capacitar comunidades e impulsionar organizações e modelos de negócios regenerativos, nos quais mistura pensamento sistêmico a estratégias inovadoras.
Uma das iniciativas mais recentes de Botelho é a The Resilient Store, marketplace que combina a venda de produtos sustentáveis, o fomento à economia regenerativa e a educação ambiental. Com marcas, produtos e pessoas alinhadas ao conceito de consumo coerente, o negócio destina 51% do lucro a investimentos em povos da Amazônia, privilegiando a manutenção de culturas ancestrais.
Em seu trabalho criterioso de curadoria, The Resilient Store mostra que os produtos são mais do que bens de consumo: são catalisadores de impacto positivo e ponto de encontro de artistas e empreendedores comprometidos com o meio ambiente – seja na Amazônia, na Caatinga, no Cerrado, na Mata Atlântica, no Pampa ou no Pantanal.
Em conversa com o empreendedor, ele conta que a plataforma o possibilitou tornar tangível uma visão que classifica como consumo coerente: um padrão que, mais do que consciente, está alinhado a valores pessoais, sustentabilidade ambiental e responsabilidade social.
“Consumidores coerentes buscam itens elaborados de forma ética e transparente, utilizando práticas sustentáveis e respeitando os direitos humanos. Esses produtos podem ser orgânicos, renováveis, recicláveis, locais ou de comércio justo, mas sempre vão promover a redução de resíduos e a conservação dos recursos naturais, evitando ainda qualquer tipo de exploração em sua cadeia de produção. É uma abordagem holística para o consumo que considera não apenas as necessidades imediatas, mas também o impacto mais amplo de nossas escolhas no mundo”, explica, acrescentando que dessa lógica emergiu o nome da loja. “O aumento do consumo consciente está diretamente ligado à construção de uma sociedade pronta para enfrentar desafios e se manter em equilíbrio, ou seja, se tornar mais resiliente”, reflete.
Botelho defende que é hora de migrarmos o capital que destrói a natureza para um modelo que gera valor para o meio ambiente e para as comunidades. The Resilient Store quer contribuir ativamente para isso, transformando comércio eletrônico em regeneração ao conectar empreendedores de impacto ao sucesso comercial e reinvestindo o resultado na floresta.
Atualmente, o catálogo do marketplace conta hoje com mais de 430 produtos de 52 vendedores, número que deve crescer nos próximos meses. De acordo com o empreendedor, já foram mapeados mais de dez mil produtos em potencial, e a proposta, no médio prazo, é disponibilizar itens de empreendedores de diversas partes do mundo.
Para além do marketplace, Igor Botelho lançou o primeiro alimento regenerativo da Nova Zelândia; em consultoria estratégica, ele tem trabalhado com organizações, empresas e family offices na intersecção entre regeneração e negócios. E, de quebra, produziu uma obra artística inspiradora, de realidade aumentada, para que pessoas possam, de qualquer lugar do planeta, enxergar a maior Sumaúma da Amazônia. Uma experiência digital inspiradora, que recomendo muito!!
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