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Opinião | Na Índia, negócio de impacto desbloqueia bilhões em benefícios para vulneráveis

Com foco na inclusão digital e financeira, a Haqdarshak atua para garantir que os cidadãos indianos possam acessar serviços de proteção social ofertados pelo governo

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Por Maure Pessanha

Oito anos de atuação no setor de tecnologia moldaram a percepção de Aniket Doegar de que um dos graves problemas das comunidades vulneráveis da Índia residia na falta de conhecimento sobre as políticas públicas e os mecanismos governamentais de bem-estar social. Na prática, a população em situação de pobreza não acessa os benefícios por o desconhecerem. Essa constatação foi a inspiração, em 2016, para a criação do Haqdarshak – um negócio de impacto social com foco na inclusão digital e financeira de cidadãos indianos.

Com o capital paciente investido pela Acumen Angels, em 2019 e 2023, o empreendedor passou a atender pessoas elegíveis aos mecanismos governamentais de transferência de renda, apoiando-as da triagem até o processo de inscrição. Ao longo da jornada, a empresa – que desbloqueou US$ 2,1 bilhões em benefícios desde a fundação – treinou agentes intermediários para implementar o modelo, oferecendo alfabetização digital e inclusão produtiva.

Aniket Doegar criou um negócio de impacto que já desbloqueou US$ 2,1 bilhões em benefícios para cidadãos vulneráveis da Índia. Foto: Haqdarshak/Divulgação

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Nas aldeias onde opera, o negócio se tornou uma oportunidade de emprego para as mulheres, impactando na vida tanto das profissionais quanto na mobilidade social de beneficiárias das políticas públicas. De 100 cidadãos impactados no início do negócio, a Haqdarshak ultrapassou a marca de 6,3 milhões de pessoas atendidas por mais de 25 mil agentes treinados – especialistas voltados não apenas para suporte ao acesso a benefícios, mas na atuação como líderes comunitários.

Vale destacar que a maioria dos cidadãos que conquistaram os benefícios governamentais se dedica ao setor informal – o que inclui trabalhadores agrícolas, da construção civil, proprietários de microempresas e migrantes. Esse beneficiário pertence a uma casta marginalizada, que vive abaixo da linha da pobreza na Índia rural e urbana. Um estudo conduzido pela empresa para mensurar o impacto apontou que 62% dos beneficiários são mulheres e 66% vivenciavam a extrema pobreza. Muitos, inclusive, não tinham a documentação básica necessária para obter a assistência financeira ou acesso a serviços bancários básicos.

O modelo de negócio, de acordo com o empreendedor, foi mudando. De 2016 a 2018, a Haqdarshak sobreviveu graças aos subsídios ofertados pelas iniciativas Digital India e Startup India (conduzida pelo governo); a partir de 2019, o empreendedor deu início a uma estratégia B2B via parcerias com grandes corporações – Godrej Group, JSW Group e Tata Power, por exemplo – na qual fornecia serviços de previdência social aos funcionários desses conglomerados.

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Hoje, a empresa conta com uma equipe de 600 profissionais que atendem a cerca de 7 milhões de beneficiários e mais de 150 empresas. A visão de futuro é expandir a base para 10 milhões de beneficiários e adicionar mais 30 parceiros corporativos no próximo ano.

Esse é um exemplo emblemático do impacto do capital paciente investido no início de uma jornada empreendedora; esse recurso possibilita ao empreendedor testar o modelo, mensurar o impacto da solução, corrigir rotas, apostar na inovação e migrar para um modelo de sustentabilidade mais adequado ao crescimento. Haqdarshak é, certamente, um case inspirador!

Opinião por Maure Pessanha

Coempreendedora e presidente do Conselho da Artemisia, organização pioneira no Brasil no fomento e na disseminação de negócios de impacto social e ambiental.

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