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Opinião | Um olhar do empreendedor para o ESG: por onde começar?

Criar uma força de trabalho diversificada, na qual os funcionários sejam valorizados e tratados de forma justa, atrai os melhores talentos, melhora o moral dos colaboradores e reduz a rotatividade de profissionais

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Por Maure Pessanha

Discorrer sobre as mazelas sociais e ambientais - e o papel das empresas para a solução desses desafios - é falar sobre a importância de ser sustentável à luz dos negócios. Não só é importante que as empresas usem os seus recursos para tornar o mundo um lugar melhor, como é preciso enxergar que o ESG (sigla para definir os princípios ambiental, social e de governança) também é bom para o negócio.

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Por exemplo, economizar energia ao usar uma matriz renovável e reciclar podem reduzir custos e contribuir com a preservação do meio ambiente. Criar uma força de trabalho diversificada, na qual os funcionários sejam valorizados e tratados de forma justa, atrai os melhores talentos, melhora o moral dos colaboradores e reduz a rotatividade de profissionais.

Os headhunters (caçadores de empregos), consumidores e investidores das novas gerações não valorizam e costumam ignorar uma empresa que não está alinhada às práticas de sustentabilidade. Além disso, oito dos dez principais riscos globais para a sobrevivência dos negócios - identificados pelo Fórum Econômico Mundial - estão relacionados à temática do ESG.

 

Por outro lado, de acordo com a McKinsey & Company, o ESG pode melhorar os resultados e abrir mercados e oportunidades. A criação de um programa consistente com princípios ambientais, sociais e de governança pode ajudar o empreendedor e a empreendedora a preparar suas operações para o futuro, antecipando mudanças e oportunidades como créditos de carbono.

Finalmente, os funcionários que são bem tratados e desfrutam de um local de trabalho livre de discriminação e assédio, provavelmente, serão mais produtivos e menos propensos a deixar seus empregos.

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Dito isso, um questionamento recorrente por parte dos empreendedores é por onde começar. Existem várias considerações com as quais as pequenas empresas e os negócios de impacto socioambientais devem lidar à medida que reforçam as iniciativas ESG e aprimoram a reputação de sustentabilidade de sua marca. Entre elas, destaco algumas.

  1. Determine as tendências que impactam diretamente o negócio. Onde você compra sua matéria-prima? Encontre fornecedores de comércio justo que tenham boas práticas e parceiros de negócio que estejam em sintonia com a sustentabilidade. A partir dessas conexões, comunique aos seus clientes e potenciais consumidores;
  2. Determine como tornar suas cadeias de suprimentos mais verdes e mais resilientes a mudanças repentinas, ambientais ou regulatórias. Descubra se há oportunidade para redesenhar produtos, reutilizando materiais ou fontes alternativas;
  3. Garanta que suas práticas de contratação e remuneração promovam uma força de trabalho diversificada e ofereça um salário digno;
  4. Decida como medir o impacto de seus esforços em seus resultados. Aliás, essa mensuração provou ser um dos pontos mais desafiadores para empresas grandes e pequenas, incluindo empreendedores socioambientais. Mas, o fato de o desafio ser universal significa que muitas partes interessadas estão trabalhando em maneiras para melhorar a medição dos seus impactos sociais, ambientais e de sua governança.

Os pequenos e médios empreendedores podem enxergar a busca por integrar princípios ESG pela lente de um diferencial competitivo do negócio e dar à temática o status de um projeto a ser desenvolvido cujo primeiro passo é uma reflexão pessoal sobre quais são os próprios valores dos sócios que são (ou serão) espelhados pela empresa.

Nesse momento, é preciso fazer perguntas difíceis como...

  • Há liderança e funcionários diversos em todos os níveis da empresa? Que esforço a empresa está fazendo para recrutar uma força de trabalho diversificada?
  • O ambiente de trabalho é livre de discriminação e assédio? O que a empresa faz para promover a saúde mental e física dos funcionários? Os funcionários recebem um salário justo e digno?
  • Como a empresa utiliza os recursos naturais? Utiliza fontes de energia renováveis e economiza água? Qual é a pegada de carbono da empresa? A empresa recicla e compra produtos reciclados sempre que possível? Como as operações impactam a terra, a água e a vida vegetal e animal?
  • A liderança e a gestão lidam de forma justa e transparente com as partes interessadas, incluindo funcionários, clientes, fornecedores e investidores?
  • A qual regulamentação governamental o negócio está sujeito? A empresa está em conformidade com os requisitos de igualdade de oportunidades, horas salariais, ambientais e éticos?

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Muitos empreendedores e muitas empreendedoras podem argumentar que tais perguntas só são pertinentes a grandes empresas - e, em certa medida, têm razão no raciocínio. Entretanto, essas perguntas norteadores ajudarão a ter, também, uma visão de futuro.

Então, a proposta é experimentar colocar algumas dessas perguntas na perspectiva do amanhã. Ou seja, quando o meu negócio estiver mais robusto e demandar contratações, o que norteará a minha busca por talentos? Como posso formar, no futuro, uma equipe mais diversa? Quais mecanismos vou criar para cuidar da saúde física e mental dos meus colaboradores quando a equipe crescer?

Essa projeção de futuro ajudará a empresa a ganhar robustez e, ainda, auxiliará o empreendedor e a empreendedora a enxergar, no presente, oportunidades para desenvolver estratégias de melhorias que serão integradas à cultura e à operação.

*Maure Pessanha é empreendedora e presidente do Conselho da Artemisia, organização pioneira no fomento e na disseminação de negócios de impacto social no Brasil.

Opinião por Maure Pessanha
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