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Opinião|RecycleX: tijolos ecológicos e empregos dignos na Índia

A startup, que usa embalagens plásticas para fabricar tijolos e blocos de pavimentação, desenvolveu também um ecoconcreto a partir de resíduos da indústria siderúrgica e do carvão

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Por Maure Pessanha
Atualização:

Na Índia, os trabalhadores da cadeia informal de abastecimento de resíduos, incluindo quatro milhões de coletores, lutam para ganhar a vida enquanto enfrentam muitos riscos de segurança e saúde. A criação de empregos dignos e o impulsionamento de inovação verde para a melhor gestão de resíduos – no recolhimento, na logística, recuperação e reciclagem – têm sido objeto de soluções tecnológicas que incentivam a eficiência, criam acesso ao crédito, aumentam a formalização de profissionais e melhoram a rastreabilidade na cadeia de valor de resíduos. Na prática, reduzem o trabalho indigno e constroem um novo futuro para a população em situação de vulnerabilidade social.

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O país enfrenta atualmente uma dupla crise: a extrema vulnerabilidade aos riscos climáticos e o crescimento de uma população sem emprego: 90% da força de trabalho não tem emprego estável e formal, de acordo com o estudo “State of India’s Livelihoods” (2020). Entre os setores mais poluentes, são as indústrias têxtil e de vestuário, construção, transportes e gestão de resíduos que apresentam altos níveis de empregos informais.

Ao tratar a reciclagem de resíduos com status de solução social – considerando que mais de 80% dos resíduos do país acabam em aterros –, os negócios de impacto criam produtos ecológicos que aumentam os rendimentos dos trabalhadores e melhoram os resultados de saúde e segurança dos stakeholders dessa cadeia de valor. Uma das empresas apoiadas pelo programa de aceleração do crescimento verde na Índia, conduzido pelo Fundo Acumen, é a RecycleX, que fabrica produtos ecológicos (tijolos e blocos de pavimentação, por exemplo) usando resíduos plásticos como embalagens de leite e de biscoito, entre outros itens.

Abhishek Chhazed (esquerda) e Vedant Gandhi, fundadores da RecycleX, criaram um ecoconcreto que é produzido com resíduos industriais. Foto: Divulgação/Fundo Acumen

Fundado em 2020 com foco em descarbonizar o espaço de construção, o negócio – criado por Abhishek Chhazed e Vedant Gandhi – desenvolveu, também, um ecoconcreto que elimina o uso de cimento na produção, substituindo-o por resíduos industriais provenientes da indústria siderúrgica e do carvão. O produto tem uma pegada de carbono quase 90% menor em comparação com o concreto tradicional. Em paralelo, a solução verde tem apoiado a empregabilidade e educação de catadores, equilibrando a contratação de homens e mulheres nas fábricas. Neste vídeo é possível ver como essa startup está atuando em prol da construção de cidades inteligentes, sustentáveis e com mão de obra com remuneração digna.

Por fim, vale destacar que o Fundo Acumen tem investido em empresas com soluções para aportar melhores condições para os milhões de trabalhadores informais no sistema de gestão de resíduos da Índia – uma forma de fomentar a revolução do emprego verde no país. As empresas apoiadas nessa jornada estão recebendo mais de R$ 2 milhões de investimentos para mudar a forma como o trabalho na circularidade é desenvolvido no país.

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Opinião por Maure Pessanha

Coempreendedora e presidente do Conselho da Artemisia, organização pioneira no Brasil no fomento e na disseminação de negócios de impacto social e ambiental.

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