Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerindo de forma adequada as florestas, além de combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e a perda de biodiversidade resumem o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável #15.
Do ponto de vista dos negócios de impacto social e ambiental, estamos falando de reais oportunidades de fazer uso da tecnologia e da ciência para criar soluções inovadoras e conectadas com a resolução dos grandes desafios do nosso tempo.
No Brasil, que possui cerca de 20% da biodiversidade do planeta, a pauta do desenvolvimento socioeconômico sustentável e do potencial de o país se tornar uma potência em Bioeconomia tem reunido muitos empreendedores de impacto – que atuam em temáticas como mercado de carbono, turismo sustentável, clima, alimentação sustentável, reflorestamento, produtos de sociobiodiversidade, entre outras.
No exterior, outras pautas ligadas ao ODS #15 têm mobilizado os empreendedores. Um dos exemplos é o tema da desertificação do planeta.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), processos de degradação dos solos – incluindo a desertificação e a seca – afetam 3,2 bilhões de pessoas em todo o mundo. Se antes a ocorrência era concentrada em regiões áridas e semiáridas, a desertificação se ampliou e pode atingir mais de 75% da população global no decorrer das próximas décadas.
Para se ter uma ideia do problema, a cada cinco segundos, o mundo perde uma quantidade de solo equivalente a um campo de futebol – nesse ritmo, mais de 90% de todos os solos da terra podem sofrer um processo de degradação até 2050.
Com esse panorama, a meta da ONU é reverter a degradação dos solos até 2030 e impulsionar a restauração de 40% de todas as terras do planeta. Vale ressaltar que os benefícios econômicos da restauração dos solos excedem nove vezes o investimento feito para tal.
Nesse cenário, a solução proposta pela Desert Control é bastante pertinente. A startup da Noruega — especializada em soluções agroecológicas climaticamente inteligentes para combater a desertificação, a degradação do solo e escassez de água — oferece uma opção que pode revolucionar o combate à desertificação: Argila Natural Líquida, que transforma a areia do deserto em solo fértil em menos de sete horas; os processos antigos levavam de sete a 12 anos para obter resultados.
Na prática, a substância desenvolvida (Liquid Natural Clay, LNC) permite que a areia e o solo degradado retenham água e nutrientes; aumenta o rendimento das colheitas, a produção de biomassa e a absorção de carbono – ao mesmo tempo, reduz o consumo de água e fertilizantes em até 50%.
A LNC reveste as partículas de areia com uma camada de argila de 1,5 nanômetro de espessura; o revestimento permite que a unidade seja aderida e absorvida pela areia. Com isso, a água e os nutrientes permanecem, criando condições para o crescimento das plantas.
É uma espécie de esponja gigante, inserida abaixo do nível do solo. Ao pulverizar o LNC na terra e usar os sistemas de irrigação tradicionais, essa esponja retém a umidade dentro de si. Importante ressaltar que não há produtos químicos envolvidos – apenas argila e água. No vídeo da WWF Climate, é possível ver os resultados do processo.
Em junho de 2023, a Desert Control anunciou uma parceria estratégica com Mawarid Holding Investment – líder na gestão de recursos naturais nos Emirados Árabes – que se torna operadora e fornecedora licenciada do LNC nos Emirados Árabes Unidos, conduzindo um processo de expansão no Oriente Médio.
A ação é uma mudança no modelo de negócio que, segundo Ole Kristian Sivertsen, CEO da empresa, abrirá espaço para que se possa focar em inovação e expansão global da solução.
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