Bolo gigante com 6 camadas de brigadeiro lembra filme Matilda, atrai clientes de fora e cria negócio

O ‘bolo da misericórdia’ tem em média 24 kg, é um sucesso nas redes sociais, já atraiu clientes de fora do país e inspirou o confeiteiro David Sousa, de Teresina (PI), a abrir um negócio

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Foto do author Geovanna  Hora

Seis camadas de brigadeiro e uma quantidade generosa de calda de chocolate são os segredos por trás de uma sobremesa famosa de Teresina (PI). O ‘bolo da misericórdia’ é um sucesso nas redes sociais, já atraiu clientes internacionais e inspirou o confeiteiro David Sousa, de 29 anos, a investir no seu próprio negócio. O doce é até comparado nas redes a um bolo de uma cena do filme “Matilda”, de 1996

De desafio de curso a fenômeno viral: a jornada do bolo da misericórdia

Ele criou o doce quando participou de um curso sobre bolo de rolo, há sete anos, em Pernambuco. A professora desafiou os alunos a criarem uma versão diferenciada da iguaria mais tradicional de Recife e Sousa decidiu apostar em um modelo feito todo de chocolate. “A primeira reação dela depois de experimentar foi dizer: ‘Misericórdia’. Eu já tive a certeza de que esse seria o nome: o bolo da misericórdia”, explica.

David Sousa e o bolo gigante de 28 kg que viralizou. Foto: Divulgação/João Guimarães e Claudean Araújo

A história ganhou um novo capítulo há um mês, após a influenciadora Grazi Dallagnelo sair de Santa Catarina e experimentar a guloseima durante uma visita ao Piauí.

Empreendedorismo na confeitaria: o caso de sucesso de David Sousa

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O vídeo onde ela prova a sobremesa já tem mais de 5,7 milhões de visualizações e 800 mil curtidas. O confeiteiro conta que esse momento foi uma virada de chave na sua carreira e deu uma projeção nacional para a sua criação.

Antes, eles vendia dois bolos por semana. Agora, chega a três unidades por dia no total. Em geral, o bolo é vendido em fatias. Cada fornada rende em média 44 pedaços, vendidos por R$ 30 cada um.

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“Às vezes acho que não vou dar conta, porque ainda trabalho sozinho, só tenho uma pessoa para ajudar na limpeza. Além de cozinhar, preciso lidar com as encomendas e pagamentos, então é uma correria”, afirma.

O tamanho diferenciado chama a atenção, mas exige uma lista de ingredientes com medidas robustas. Para ficar no ponto ideal, a massa precisa de 3,5 kg de farinha de trigo, 3 kg de açúcar, 1,5 kg cacau em pó, 1,5 kg de manteiga, 300 gramas de fermento, 2,5 litros de leite e 60 ovos. O resultado é uma sobremesa com peso médio de 24 quilos, mas algumas unidades já chegaram aos 28 quilos.

Confeiteiro registrou a sua marca e decidiu investir no próprio negócio

Nas redes sociais, a guloseima é comparada com o bolo do filme “Matilda”, em que um personagem tem de comer um bolo inteiro. Sousa afirma que, apesar da semelhança no tamanho e na quantidade de chocolate, o doce do clássico infantil não foi uma referência.

Ele considera que a sua criação é única e registrou o bolo da misericórdia no sistema do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

“Com a popularização do prato, quase perdi o direito de usar a marca que criei. Algumas confeitarias em Fortaleza e Manaus já tinham adotado o nome, mas consegui registrar a tempo. Todos têm direito a fazer sua receita, mas só eu posso vender o bolo da misericórdia”, diz o piauiense.

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Ele trabalhava em uma padaria quando o prato ficou famoso, mas pediu demissão há um mês para abrir o próprio negócio.

No momento, a produção é toda feita na cozinha da casa dele e a confeitaria funciona apenas no sistema de retirada, mas Sousa tem planos de inaugurar o primeiro ponto físico neste mês para que os clientes consumam no local, com novos sabores, como bolo de cenoura e red velvet.

Essa não é a primeira vez que o cozinheiro tenta empreender. Ele era dono de um estabelecimento até 2020, mas sofreu sete assaltos em um ano.

Com um prejuízo em torno de R$ 20 mil, o jovem preferiu fechar a confeitaria e voltar a ser funcionário. A motivação para investir mais uma vez em um negócio, segundo Sousa, é o apoio que recebe dos clientes na cidade.

O confeiteiro conta que recebe diariamente mensagens de pessoas que moram fora do Brasil e têm vontade de ir a Teresina para experimentar o Bolo da Misericórdia, depois de conhecerem o doce no TikTok. “A internet pode transformar vidas, mas é importante ter responsabilidade, objetivo, qualidade na prestação de serviço e carisma no atendimento”, completa.

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Inovação e diferenciação: chaves para o sucesso no mundo da confeitaria

A Associação Brasileira de Panificação e Confeitaria (Abip) estima que o setor tenha 2,5 milhões de trabalhadores diretos e indiretos, além de mais de 233 mil empresas abertas.

A analista do Sebrae-MG Simone Lopes aponta que o principal desafio para quem quer empreender em um ramo com concorrência acirrada é se diferenciar do que já está disponível no mercado.

Ela afirma que a inovação pode estar relacionada a todas as etapas da produção, o que envolve desde os ingredientes que serão utilizados no preparo até a embalagem escolhida para venda.

“É uma construção de marca. Algumas empresas vão optar por dar comodidade ao consumidor, outras podem apostar em doces que funcionem como um presente ou em sobremesas gigantes. O importante é ter um diferencial”, explica.

A especialista destaca que é importante desenvolver um plano de negócios para evitar fechamentos precoces e aponta três passos principais.

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O primeiro é estabelecer o público-alvo para entender o que as pessoas procuram e qual a melhor forma de chegar até elas.

Depois é importante definir se as vendas serão feitas para empresas, como restaurantes e buffets, ou direto para o cliente final, seja para o consumo imediato ou para festas.

O próximo ponto a ser considerado são os equipamentos necessários para começar a produção e o valor que será investido, além da quantia que será reservada para o capital de giro.

“As análises são importantes para evitar desperdício de dinheiro com ferramentas e materiais que não são essenciais para o modelo de negócio escolhido”, afirma.

O impacto das redes sociais na popularidade e vendas de sobremesas

Simone ressalta que as redes sociais se tornaram a principal vitrine de uma confeitaria e a melhor estratégia é apostar em conteúdos visuais que despertem o desejo dos usuários, especialmente no Instagram e TikTok.

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As informações sobre entregas, localização e horário de funcionamento também precisam estar a fácil acesso, já que os clientes costumam buscar por simplicidade.

“O perfil nas plataformas digitais é parte da construção de marca de uma empresa. É o seu cartão de visitas”, conclui.

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