O Estadão foi conferir de perto o sucesso da Busca Busca, loja de varejo e atacado apelidada de “Shopee presencial” no Brás, centro de São Paulo. No shopping Plaza Polo, sua nova localização desde o fim de março deste ano, o empreendimento que reúne diversos importadores, principalmente de eletroeletrônicos, ocupa o primeiro andar inteiro do prédio.
Chegar à loja é muito fácil. Em frente ao centro comercial, na rua Barão de Ladário, um enorme letreiro na escadaria indica que você está no lugar certo. Ao entrar, basta seguir os diversos totens dispostos no térreo com a representação em tamanho real do empresário chinês Alex Ye, que apontam qual caminho seguir para chegar no destino.
Mesmo numa quarta-feira pela manhã, dia útil, uma longa fila de espera se forma em frente ao chamativo letreiro interno do espaço. Há funcionários espalhados em pontos estratégicos para gerenciar a entrada das pessoas nas lojas, e carrinhos de compras que, ao mesmo tempo em que ficam disponíveis para uso, tapam alguns locais para evitar acessos desordenados.
Para realizar a entrevista com Ye, conhecido pelos milhões de seguidores que acumula nas redes sociais como “Chefe do Benefício”, foi preciso disputar a sua atenção. O dono do empreendimento tornou-se uma celebridade apresentando os produtos à venda na Busca Busca em vídeos curtos nos aplicativos TikTok, Instagram e Kwai.
A pergunta “Chefe, posso tirar uma foto?” se repetiu incessantes vezes, seguida de uma selfie apressada, que dava lugar a outra logo em seguida. A assistente do empresário, Júlia Crispim, avisa de antemão que não consegue conter a euforia dos clientes, repletos de sacolas de compras. Foi necessário o apoio de um segurança para a gravação no local.
Veja abaixo o vídeo da entrevista:
Por que “Chefe do Benefício”?
Para Ye, o seu sucesso é fruto dos benefícios que oferece na Busca Busca – vem daí o apelido online.
“Se não tem um benefício, para quê as pessoas te seguem? Por isso, eu falei: ‘quero ser o Chefe do Benefício’. Eu realmente consigo levar muito benefício para a galera porque o preço dos importadores são bons”, explica.
Além disso, ele vê a sinceridade como marca essencial do negócio. “Eu acho que o sucesso vem porque eu sou verdadeiro”, afirma. “Eu não faço gravação com cortes: eu mesmo faço uma selfie e mostro a realidade porque todo mundo é inteligente, não adianta. Tem que ser sincero”, avalia.
O empresário explica como funciona o seu negócio: “Juntei várias lojas de importadores para facilitar a vida das pequenas empresas. Eu sou o dono do espaço, os produtos são dos importadores”.
É mais barato do que a Shopee?
O empresário chinês diz que as lojas da Busca Busca são administradas pelos importadores que vendem para os lojistas da Shopee.
“Sem dúvida [é mais barato]. Não tem como ser mais caro. É por isso que eu comparo o valor da Busca Busca e da Shopee, que ainda cobra taxação”, diz.
Ye afirma que sempre tenta negociar valores mais baixos do que o normal “para poder beneficiar as pessoas”.
Como é a vida de uma celebridade?
“Qualquer produto que eu posto, estoura no mercado porque todas as pessoas estão de olho, inclusive os importadores e atacadistas. Quando eu posto um produto, todo mundo vem procurar”, destaca Ye.
Com mais de 8 milhões de seguidores nas redes sociais, entre as contas do Chefe do Benefício e da Busca Busca, o empresário reconhece que se tornou uma pessoa pública.
“Acho que as pessoas estão gostando de mim porque eu estou trazendo benefício para as pessoas, para vários lugares. Isso é bacana”, diz.
Qual é o futuro da Busca Busca?
Ocupar o primeiro andar do shopping onde está instalada a loja no Brás ainda não é suficiente para o empresário chinês. Nos próximos meses, ele pretende preencher adicionalmente os quatro andares acima com novas lojas.
“Ainda quero trazer muito mais importadores, principalmente de produtos de tecnologia. As pessoas dizem que temos muitas opções, mas para mim ainda são poucas”, fala.
O projeto final, ressalta Ye, é a criação de um um marketplace de atacado (para comerciantes). “No mercado, só existem marketplaces de varejo (para o consumidor final), mas o atacadista também precisa de um onde ele possa encontrar no Brasil o produto com o menor preço”, declara.
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