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Empresário chinês com milhões de seguidores no TikTok se inspira na Shopee e lota loja no Brás

Alex Ye, dono da Busca Busca, faz sucesso com vídeos nas redes sociais; loja popular em bairro central de São Paulo tem filas de clientes

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Foto do author Adele Robichez
Atualização:

Apelidada de “Shopee presencial”, a loja de varejo e atacado Busca Busca, que vende principalmente eletroeletrônicos, tem atraído milhares de clientes diariamente para o Brás, no centro de São Paulo. Dono do empreendimento, o empresário chinês Alex Ye, 39, se tornou uma espécie de influenciador da sua própria loja, acumulando milhões de seguidores nas redes sociais.

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Inspirado nos modelos de venda online da China e Estados Unidos, Ye começou vendendo por meio do aplicativo de vídeos Kwai no início de 2023, anunciando os produtos em transmissões ao vivo com até dez horas de duração. O sucesso foi tanto que ele decidiu abrir uma loja física para que os clientes – algumas vezes desconfiados da procedência do comércio – pudessem ter contato com os produtos.

Inaugurada em 18 de dezembro do ano passado, a primeira unidade da loja presenciou um sucesso repentino: filas quilométricas começaram a se formar em frente ao estabelecimento, tomando até três quarteirões da rua Rodrigues dos Santo. Diariamente, mais de 5 mil pessoas passam pelo espaço, de acordo com a marca.

Uma nova unidade da Busca Busca no Brás foi inaugurada no último dia 30 de março, no Shopping Plaza Polo, localizado na rua Barão de Ladário. O empresário não quis informar o valor investido nas lojas, nem o faturamento da marca até então.

O empresário chinês Alex Ye, dono da loja Busca Busca. Foto: Júlia Crispim/Busca Busca

Empresário é influenciador da própria marca

Nas redes sociais, Alex Ye pode ser considerado uma celebridade. O “Chefe do Benefício” acumula 3,3 milhões de seguidores no Instagram, 1,8 milhão no TikTok e 1 milhão no Kwai, e é a cara da Busca Busca. Sempre sorridente, inicia todos os vídeos com a mesma apresentação: “Olá, galera. Tudo bem? Sou o Chefe do Benefício!”.

Em vídeos curtos, com cerca de 1 minuto de duração, Ye tira dúvidas de clientes e mostra produtos comercializados na sua loja, orientando e sugerindo formas de utilizá-los, destacando os preços – frequentemente comparando as suas ofertas às da Shopee.

As gravações são publicadas praticamente sem edição, como se o empresário estivesse em uma chamada de vídeo com quem as assiste.

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A simpatia e o sotaque de Ye conquistam os clientes, que fazem questão de enaltecer o seu jeito nos comentários das publicações. Relatos de quem frequentou o local pontuam a cordialidade e educação com que ele trata os frequentadores da loja.

“Ele faz a fidelização dos seguidores com uma forma prática, com vídeos simples, fazendo apresentação. É o jeito, o carisma que foi cativando as pessoas para conhecer o grande Chefe do Benefício. E aí vem a curiosidade de conhecer os produtos, a curiosidade de conhecê-lo, por ele ser asiático e ter uma forma de tratamento e de fala diferente”, diz Júlia Crispim, assistente do empresário.

Loja quer ser uma “Shopee presencial”

A associação feita pelos clientes entre a Busca Busca e a Shopee, plataforma de comércio eletrônico conhecida pela ampla variedade de produtos e preços baixos, é considerada uma “realização” para Alex Ye. Desde o início, a ideia da loja era justamente essa.

Pelo cultivo longo de uma boa relação com fornecedores internacionais, Ye consegue vantagens para vendê-los no Brasil por preços mais baixos ao consumidor final – e ainda menores por atacado, com pagamento exclusivo por Pix.

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As mercadorias preferidas dos clientes da Busca Busca geralmente coincidem com as vendidas na Shopee. No momento, são um mini ar-condicionado, máquina de barbear, fone de ouvido, babyliss, secador de cabelo e garrafas para água.

Além de permitir a possibilidade de o cliente experimentar o produto pessoalmente antes de comprar, a aquisição de produtos na Busca Busca pode ser mais vantajosa aos brasileiros por dois fatores: não são cobrados fretes nem possíveis taxações extras de importação internacional.

“São produtos que geralmente você não encontra tão facilmente em uma loja física aqui e, quando encontra, é com um preço muito alto. Então, sem sombra de dúvida, o diferencial da Busca Busca são produtos diferentes, tecnológicos, com os melhores preços do mercado”, diz Crispim.

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Alex Ye é figura conhecida do Brás

O empresário Alex Ye já era uma figura conhecida no Brás. Há mais de três décadas no Brasil, ele começou a trabalhar como comerciante na região aos 20 anos, com uma fábrica de tecidos.

Antes de inaugurar a loja presencial da Busca Busca, o chinês já mantinha um espaço no Brás que funcionava como estoque dos produtos vendidos pela internet. Com o sucesso, ele foi expandindo para receber os clientes.

A transformação do local na rua Rodrigues dos Santos em loja foi desafiadora, especialmente por causa da dificuldade de organização do espaço. Inicialmente, aperto, calor e bagunça eram as principais reclamações de quem passava por lá.

Então, as prateleiras e a disposição dos produtos foram reorganizadas; a luz do ambiente, trocada para ficar mais claro; e os funcionários, treinados para orientar gentilmente os clientes para que não deixassem os produtos desmontados ou largados no meio da loja.

Com a inauguração da nova unidade no Shopping Plaza Polo, a Busca Busca espera conseguir atender melhor os clientes, com menos filas e um espaço maior para a exposição dos produtos.

A Busca Busca quer virar marketplace

Hoje, a Busca Busca conta com cerca de 200 funcionários, que vão desde repositores e atendentes de caixa a gestores e vendedores. No futuro, Alex Ye pretende inaugurar ao menos uma unidade da marca em cada estado do Brasil.

A empresa estuda a criação de um marketplace com os produtos vendidos na Busca Busca, tanto no varejo quanto no atacado, com os melhores preços do Brasil. A ideia é que a plataforma online funcione sem custos de frete e taxações, com envios nacionais. Não há data de lançamento prevista.

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Reputação é boa entre os clientes

No Google, a Busca Busca é bem avaliada, com nota 4,6 de 5. Dos 1.758 comentários registrados, 87 avaliaram a loja com apenas uma estrela (a menor nota disponível). As avaliações são referentes à primeira unidade da marca, na rua Rodrigues dos Santos.

Entre as críticas negativas, as principais menções dizem respeito à organização e ao atendimento dos funcionários da loja, além da extensão das filas – algumas pessoas chegam a relatar espera de até 5 horas para entrar na loja.

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