Ele é barbeiro e fatura R$ 600 mil com técnica inovadora para disfarçar calvície

Lucas Preto é CEO da Africarioca Conceito e utiliza dreadlocks (fios de cabelo enrolados como um cilindro), também chamados de rastafári, para ajudar clientes calvos

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Foto do author Mirella  Joels
Atualização:

Nascido no Rio de Janeiro em uma família de cabeleireiros, Lucas Preto, 29 anos, desenvolveu uma técnica diferente para disfarçar a calvície: ele usa dreadlocks (fios de cabelo enrolados como um cilindro), também chamados de rastafári.

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Durante quatro anos, o carioca trabalhou em uma barbearia de bairro e foi aperfeiçoando suas técnicas até o momento em que decidiu criar o próprio negócio, em 2018: a Africarioca Conceito. Em 2023, a empresa faturou R$ 600 mil e a expectativa de 2024 é crescer o faturamento em até 80%.

Preto chama a técnica de baldlocks - mistura da palavra inglesa bald (careca) e dreadlocks. Segundo ele, tudo surgiu como um desafio que ele se propôs a resolver.

‘Um cliente que tinha calvície no topo da cabeça perguntou se era possível fazer dreadlocks’. O barbeiro comprou a ideia e comentou que o primeiro projeto levou cerca de 19h, até que ele pudesse aperfeiçoar a técnica para uma média de 4h a 6h.

Lucas Preto nasceu em uma família de cabeleireiros e desenvolveu uma técnica própria para disfarçar a calvície. Foto: Caio César/Divulgação

A técnica baldlocks foi utilizada pela primeira vez em 2020 e levou cerca de um ano para ficar pronta para ser comercializada e escalada. ‘Conseguimos otimizar esse tempo. Hoje eu tenho procedimentos que duram de 2h30min até 6h. Vai de acordo com cada caso’, comenta.

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Para aplicar a técnica, Preto faz um estudo do caso. Ele observa quais são as características do couro cabeludo, mapeia as áreas que possuem fios o suficiente, pede para deixar crescer quando necessário, e costura os dreadlocks com uma agulha até cobrir toda a cabeça.

Para que o processo possa ser feito no cabelo é necessário no mínimo 4 centímetros de comprimento, ou, no caso de fios lisos, pelo menos 7 centímetros. A técnica não utiliza substâncias danosas ao couro cabeludo, o que possibilita que as regiões que ainda possuem fios possam se desenvolver.

A barbearia, localizada em Santa Cruz, no Rio de Janeiro, consegue realizar em média três procedimentos por dia, e eles custam a partir de R$ 3 mil, de acordo com cada caso.

Cliente antes da aplicação da técnica. Foto: Arquivo Pessoal/Lucas Preto
Cliente após aplicação da técnica. Foto: Arquivo Pessoal/Lucas Preto

Da garagem da sogra para o Brasil

Lucas Preto começou a Africarioca de um jeito bem familiar. Ele e o cunhado Hilton Mendes começaram a barbearia em um espaço de 9m², na garagem da sogra, dentro de uma comunidade no Rio, em 2018.

Para expandir o negócio, o empreendedor pegou um empréstimo de R$ 3 mil. De acordo com Preto, o processo de ascensão da barbearia começou entre 2020 e 2021. Foi nessa época que pessoas de outras partes do estado começaram a ver o trabalho da Africarioca e a se interessar.

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A grande virada de chave foi em 2022, quando eles conseguiram se mudar para um espaço maior. Atualmente, a Africarioca Conceito é um ambiente que une barbearia, produtos capilares e música ao vivo.

A equipe conta com profissionais das áreas administrativa, operacional, logística e de marketing.

Preto ainda desenvolve um projeto chamado Africarioca na Estrada, no qual viaja pelo Brasil para capacitar profissionais nas comunidades de cada estado.

Em vez de alugar espaços comerciais temporários, ele se conecta com dreadmakers locais e realiza parcerias.

A turnê deste ano vai passar por oito estados, incluindo Minas Gerais, São Paulo, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, mais o Distrito Federal.

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A novidade do processo desse ano é que, além de certificar os dreadmakers na técnica, o treinamento também vai contar com mentoria de marketing de até seis meses para os profissionais da área.

Mudança de cabelo e de vida

No Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), estima-se que 42 milhões de brasileiros sofram com algum grau de queda de cabelo. A alopecia androgenética, mais conhecida como calvície padrão, afeta principalmente os homens.

Na barbearia, Lucas Preto recebe as mais variadas situações de calvície, mas percebe que na verdade está lidando com vidas e mudanças.

Muitas das pessoas que chegam lá estão com a autoestima baixa ou querem se enxergar de uma forma diferente. Para ele, o momento mais gratificante é o da revelação dos resultados.

No Instagram, Preto mostra a reação dos clientes. “É muito gostoso ver a forma inusitada com que as pessoas reagem. Desde a pessoa que se emociona e chora, até quem tem ataque de riso. É um momento que mexe em camadas muito específicas e tem um significado singular para cada um”, conta.

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Entre os planos, Lucas Preto conta que quer expandir a Africarioca na estrada e se especializar cada vez mais em afrocut voltado para mulheres.

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